União/Casamento
Histórico Geral:
O casamento no mundo helênico antigo não era bem a noção inerentemente romântica e sentimental que temos na moderna sociedade ocidental. A única referência a uma união de corações e mentes (homophrosine) dentro de um relacionamento marital nos escritos antigos é a descrita por Homero na Odisséia, quando ele fala do conselho dado por Odisseu a Nausicaa: “E, por eles, possam os deuses conceder a ti todos aqueles desejos de teu coração: Um marido e um lar possam eles te conceder, e a unidade de coração e um dom bondoso. Pois nada é maior ou melhor do que isso, quando um homem e uma mulher habitam em um lar em comum acordo, para o pesar de seus inimigos e alegria de seus amigos; mas eles sabem disso melhor do que ninguém.” O mesmo termo 'homophrosune' é também usado para descrever uma grande amizade e isso é talvez a melhor maneira de entender o conceito helênico antigo de um modelo perfeito de vida matrimonial como uma união de acordo entre coração e mente. Ainda assim, o papel da mulher dentro das diferentes sociedades tribais era um fator importante nos relatos históricos de casamento na civilização antiga. Essas atitudes diferentes com relação às mulheres na sociedade se deviam principalmente ao produto de várias tribos de civilização antiga, suas migrações e sua subestrutura cultural. Por isso, o relato histórico que segue será dado sobre a cerimônia de casamento de referência a costumes de antes e depois do casamento que abrangem a opinião mais geral e mais popular com relação ao casamento na Grécia antiga. Nenhuma razão ou explanação foi oferecida para explicar esses costumes e para as práticas dos iônicos, dóricos, eólios e outras tribos serem pesquisadas em uma perspectiva pessoal. A origem da idéia de Casamento e a evolução dos costumes maritais entre os antigos helenos era uma mistura de fatores míticos, sociológicos e legais. A noiva prototípica era uma Pandora mítica que simbolizava não apenas as origens míticas do papel da mulher como noiva e esposa, mas também representava a base histórica dos dotes (‘dora’ significa ‘dom’). Agora ela estava pronta e Zeus ordenou o mensageiro de pés ligeiros levar Pandora a Epimeteu como presente. Epimeteu estava tão animado de ver seu presente (dom) dos deuses que se esqueceu do conselho dado a ele por seu irmão Prometeu de não aceitar nenhum presente dos deuses; então ele tomou Pandora como sua esposa. Ele deu a ela o reinado sobre sua casa e servos para fazer o que ela desejasse. A noiva como um presente (dom) representava um papel simbólico muito importante no casamento entre os antigos helenos, e representava a própria noiva como um ‘presente’ assim como um sinal visual da aliança entre as famílias da noiva e do noivo que em breve se uniriam em uma única família. A promessa do dote e dos presentes legitimava o casamento e qualquer prole que poderia ser procriada pela união assim como marcava o cumprimento da primeira fase dos costumes matrimoniais da Grécia antiga. Essencialmente o casamento helênico consistia de três fases comuns e, ocasionalmente, uma quarta. 1. Desafio: Na Grécia antiga, havia um costume tanto mítico quanto histórico de o pai ou guardião da noiva desafiar os pretendentes da filha a encontrar um candidato promissor para ser seu futuro genro. Na Odisséia de Homero, é a própria Penélope quem estabeleceu o desafio a seus pretendentes quando se acreditou que seu marido, o rei Odisseu, estava morto. Esse desafio normalmente tomava a forma de uma competição e é talvez alegórico da responsabilidade de um pai ou guardião de garantir que um marido adequado seja encontrado para sua filha. O desafio dos pretendentes não era um costume geral, no entanto, embora sua prática seja atestada em certos relatos míticos e históricos. 2. Transferência: A transferência é a primeira fase comum dos antigos costumes matrimoniais da Grécia Antiga e marca a legitimação da união entre o noivado, o contrato de casamento e a estipulação dos presentes matrimoniais e do dote. 3. Transformação: A fase da transformação é o segundo aspecto comum dos costumes de casamento helênicos antigos e se refere a cerimônias e rituais que marcam a passagem transformadora de ser solteiro(a) a ser casado(a). 4. Incorporação: O ritual de incorporação da noiva dentro do seu novo lar e nova família marca o estágio final dos costumes matrimoniais.
₪ A Engue - A Engue se refere à fase da transferência legal da noiva a sua nova família e à promessa do contrato e à aliança entre o pai da noiva e seu future genro. A Engue tomava a forma de um acordo verbal privado e um contrato de casamento que estipulava as condições do dote e qualquer divórcio que poderia acontecer se o casamento falhasse em ter sucesso. O dom/dote de noivado também representava um papel importante nas motivações sociais, políticas e econômicas para o casamento. A tradição que diz respeito aos presentes de casamento indicava uma forma de ‘dote’ de casamento com a família da noiva, providenciando um dote para ela na forma de gado ou terras que poderiam retornar em caso de divórcio. O casamento por dote provinha o pai da noiva com um controle maior sobre o bem-estar da sua filha dentro da nova casa dela, incorporando assim a responsabilidade de escolher um noivo adequado para sua filha ou sua encarregada. Embora a Engue fosse uma promessa de intenções e acordo legal, não era irrevogável e, se as dificuldades acontecessem entre as duas famílias durante essa fase de transação marital, o casamento poderia ser cancelado.
₪ A Ekdosis - A Ekdosis se refere à série de rituais transformativos necessários para a noiva atravessar enquanto deixa sua condição de solteira e se torna uma mulher casada. A Ekdosis começa com a Engue (noivado e contrato de casamento) e termina com a cerimônia de casamento (Gamos) que marca a passagem dela para seu novo lar e sua incorporação em sua nova família. Foi notado a este ponto que as antigas cerimônias relacionadas a casamento e morte são costumes complementares e que o processo transformativo de casamento era inexoravelmente ligado aos conceitos de Destino e Morte. Antes de uma mulher se casar, ela é Parthenos (donzela); durante o casamento, ela é Nymphe (a noiva sem criança) e apenas depois do nascimento do primeiro bebê é que ela é considerada Gyne (adulta). Como o casamento na Grécia antiga não era normalmente uma prática sentimental e era mais uma consideração prática relativa a alianças familiares e políticas, a razão central para tornar legal uma união era o propósito de produzir prole legítima. Esse costume é indicativo da mudança nos valores sociais que ocorreu durante o período que vai de 800 a 600 A.E.C., que marcava a importância crescente de padrões familiares devido à crescente divisão de classes sociais e pressões econômicas quando os clãs tribais não poderiam mais ser os únicos provedores de seus dependentes. A cerimônia da Ekdosis provinha a noiva com a preparação necessária para enfrentar a vida como uma mulher casada e uma adulta com filhos próprios. Cada um desses ritos se dirigia a um aspecto da transformação da Parthenos em Nymphe e depois em Gyne. Essas cerimônias eram a morte da garota e o nascimento da mulher de várias maneiras diferentes e elas são a origem do moderno chá de panela.
₪ A Separação da Família e do Lar: A própria cerimônia de casamento durava três dias e uma cerimônia chamada de Proaulia era feita no dia anterior ao casamento. Para preparar-se para a Proaulia, a noiva deveria passer seus últimos poucos dias com sua família. Esse tempo significa os últimos dias da sua infância e ajudava a noiva a começar a separação de sua família e da oikos (casa) familiar para sua nova família e oikos do marido.
₪ A Separação da Mulher da Infância: No dia da Proaulia, uma cerimônia e banquete era feito na casa do pai ou guardião da noiva. Como parte dessa cerimônia, a noiva faria as proteleia (ofertas) das suas roupas de infância e quaisquer outros itens significando sua infância a vários deuses, incluindo Zeus, Ártemis e as Moiras (Destinos). Essa proteleia servia para liberar a mulher do passado e capacitá-la a abraçar livremente seu novo papel na vida. Este rito também ajudava a noiva a estabelecer laços adultos com os deuses que a protegeriam em seu novo papel e dentro de seu novo lar e família.
₪ A Separação da Esposa da Virgem: Como garotas não-casadas ficavam sob os cuidados da deusa Ártemis, um dos ritos da Proaulia era a dedicação de um cacho do cabelo da noiva para Ártemis e o pagamento de uma zemia (multa ou penalidade) para auxiliar na passagem da virgindade para a atividade sexual. Como a deusa das jovens garotas e do nascimento, Ártemis era chamada a este rito para ajudar na a facilitar a transição de uma Parthenos a Nymphe. No nascimento das crianças, Ártemis iria novamente ser chamada para assistir a transição da Nymphe para Gyne. Uma vez que os ritos que separavam a mulher da garota tinham sido completados, em certas regiões era costume a noiva e sua mãe fazerem uma oferta a Hera como Deusa dos Casamentos e ideal da Noiva Divina. A Proteleia também era feita por tanto a noiva quanto o noivo a Afrodite, para garantir fertilidade e uma vida frutífera.
₪ O Gamos: Casamentos normalmente eram celebrados no inverno, durante o mês de Gamelion, que era consagrado aos Deuses do Casamento: Zeus e Hera. Isso era feito para refletir o casamento dos dois deuses e o significado simbólico de seu Hieros Gamos (casamento sagrado) que estabelece o matrimônio entre os mortais como os meios pelos quais a soberania pode ser alcançada sobre a riqueza material através de uma dinastia da prole. O dia do casamento propriamente dito era a consumação da transação inteira de casamento e significava a conclusão da união através do ato sexual efetivo: O dia do casamento começava com a noiva e o noivo tomando banhos rituais separados, com água retirada de um rio sagrado ou fonte sagrada, a qual era carregada até o casal de noivos em um loutrophoros por uma criança do sexo masculino, que fosse especificamente o parente mais próximo. Esse banho ritual servia para purificar a noiva e o noivo e garantir a fertilidade deles para a consumação sexual do casamento. A noiva então se vestiria com a ajuda de sua nympheutria (ajudante nupcial). As vestes da noiva incluiriam um manto (normalmente de cor púrpura, para Afrodite), uma coroa chamada de stephane que era feito de lã, metal ou plantas, e um véu nupcial. O véu era o ornamento simbólico mais importante da noiva e a noiva velada das cerimônias modernas vem diretamente da antiga prática helênica. Acreditava-se que o véu protegeria a noiva de espíritos que causassem doença e também simbolizava a pureza dela. A noiva continuaria de véu até que o casamento fosse solenizado. O noivo era vestido em um himation de fina lã e usava uma coroa tecida de plantas que intensificassem o amor. O pai da noiva faria sacrifícios a Zeus e Hera, os deuses do casamento, junto com Hymenaios, Ártemis e Afrodite. O noivo, junto com seu séquito, chegaria de carruagem para buscar a noiva da casa da família dela. Todos os que estivessem reunidos celebrariam juntos em um banquete com a carne do animal sacrificado e comeriam bolos feitos de sementes de gergelim e mel, para garantir a fertilidade. Era feito ofertas em libações e eram cantadas canções, acompanhadas de música ao vivo e de dança, para desejar o bem ao casal em sua nova vida. A dança tradicional de casamento era chamada de imeneos e era dedicada ao deus Hymenaios. Depois do banquete, o pai ou guardião (Kyrios) da noiva entregaria ela e o dote ao noivo com as palavras rituais: "Entrego esta mulher em suas mãos para a produção de crianças legítimas". Isto marcava a conclusão da transferência da noiva de sua família a seu marido e então começava a procissão de casamento, que era o estágio final da transferência da nova esposa de seu antigo lar ao seu novo lar. Também era considerado como regra de etiqueta o noivo oferecer presentes simbólicos ou de valor (edna) ao pai da noiva pela finalização da transação de casamento. Então a mão da noiva era colocada na mão do noivo e eles eram considerados legalmente casados. Quando a noiva era entregue a seu novo marido, ela era tratada simbolicamente como capturada para a procissão de casamento. Essa ação representava a jornada final de sua condição de donzela e os participantes da procissão tocariam liras e flautas para acompanhar a cantoria da Canção Matrimonial a Hymenaios, para celebrar esse rito de passagem e para repelir do casal qualquer mal. Eis: “Zeus, deus sublime, os Destinos antigamente o parearam com a Rainha do Céu em um dado banquete solene, com tal celebração sendo realizada acima, e o charmoso Deus do Amor estando presente no comando, quando o recém-casado ergueu-se com as rédeas douradas na mão, Hymen, Hymen, Ho!” (Aristófanes, ‘Canção Matrimonial a Hymenaios’, cerca de 400 AEC.) O novo marido e esposa montariam então em uma carruagem e juntos com os convidados do casamento começariam a procissão de casamento até a casa do noivo e novo lar da noiva, onde o thalamos (câmara nupcial) já tinha sido preparado. A noiva carregava uma peneira de cevada como presente a seu novo lar. Acompanhando o casal de noivos estava o Amphithales, uma criança cujos ambos os pais ainda viviam, a qual simbolizava a futura criança daquele casamento e trazia sorte e prosperidade ao casal. O Amphithales entregaria em mãos o pão aos convidados, retirando-o de uma cesta que ele carregava e a qual representava um berço de bebê. O Amphithales que usava uma coroa de espinhos, bolotas de carvalho e nozes, representava a existência do homem na pré-civilização da qual o pão que ele carregava simbolizava o progresso da civilização humana através da agricultura. O pão dentro da cesta semelhante a um berço, assim como o próprio Amphithales, significava a criança como a safra de um casamento. Quando ele entregava o pão, ele deveria pronunciar a frase ritual: “Eu escapei do pior e encontrei algo melhor”. A mãe da noiva caminharia na procissão carregando duas tochas (daidouxein) que junto com a música repeliriam todo o mal e protegeriam sua filha em sua última jornada da infância. O resto da procissão incluía o paranymphos, a nympheutria e quem mais quisesse se juntar a ela. Cestos eram carregados, cheios de marmelos, rosas, violetas e outros frutos que eram jogados no casal para garantir boa fortuna e fertilidade. Quando a procissão de casamento acabava, no lar do noivo, um grito (paian) de júbilo ressoava e anunciava o vitorioso final da jornada. A mãe do noivo, também carregando duas tochas (daidouxein) os saudava para dar as boas-vindas ao lar à sua nova nora. A noiva era desvelada (Anakalypteria) e, ao ver seu rosto, o noivo e seus amigos do sexo masculino ofereceriam presentes a ela. O ato de erguer o véu significava que a transição de Parthenos para Nymphe estava completa. O casal de noivos então participaria do Katachysmata, uma série de rituais para incorporar a nova noiva em seu novo lar e para desejar ao casal um casamento fértil e de sucesso. A noiva comeria um marmelo para promover sua fertilidade e às vezes queimaria o eixo de rodas de uma carruagem para representar que esta era uma jornada da qual ela não retornaria. De pé em frente à lareira, era oferecido ao casal o tragmata, uma mistura de frutas secas, tâmaras, figos, nozes e moedas para simbolizar a prosperidade de seu novo lar. O casal retiraria-se então até seu Thalamos (câmara nupcial) e passaria para a proteção de Afrodite e Peitho (Persuasão). Safo, nas suas Epithalamia (canções matrimoniais), escreve sobre um porteiro, sendo que em outros escritos esse porteiro era o mesmo Paranymphos (atendente do noivo e origem do “padrinho” moderno). Vide o fragmento 110: "Os pés do porteiro são de doze metros de cumprimento, suas sandálias são feitas de cinco couros de boi, dez sapateiros trabalharam duro confeccionando-as. No telhado bem alto, cantam o hymnaios, erguem-se os artesões e cantam o hymnaios. O noivo vem e chega assim como Ares, um homem muito maior do que um homem grande." As amigas da noiva cantam do lado de for a da câmara a noite toda para confortar a noiva e encorajar o casal. Elas também bateriam na porta da câmara para afastar os espíritos do Submundo. "À noite... donzelas... a noite toda... poderiam cantar da coisa mais doce a você e à noiva de manto púrpura. Mas acorde e venha, vá buscar os rapazes não-casados, para que possamos ver o pássaro de voz clara chegar mais do que o sono." Pela manhã, os recém-casados seriam acordados pelo som de hinos e cânticos cantados pelas donzelas que estiveram acordadas a noite toda. “Afrodite, rainha das deusas; Amor, poderoso conquistador; Hymen, fonte da vida: é sobre vocês que canto em meus versos. É de vocês que eu canto, Amor, Hymen e Afrodite. Veja, jovem homem, observe sua esposa! Erga-se, ó Straticlus, favorecido de Afrodite, Esposo de Myrilla, admire sua noiva! Seu frescor, sua graça, seus charmes, Faça ela brilhar entre todas as mulheres. A rosa é rainha das flores; Myrilla é uma rosa entre suas companheiras. Possa você ver crescer em sua casa um filho vosso!” (Anacreonte, ‘Canto Nupcial Matutino’, cerca de 400 AEC.) O dia após o Gamos era chamado de Epaulia e marcava a passagem da primeira noite da noiva (epaulistai) em seu novo lar. O pai da noiva enviava uma procissão que levava presentes da Epaulia aos recém-casados que tinham consumado seu casamento. A procissão era liderada por um jovem garoto vestido em túnica branca, que carregava uma tocha e era seguido por outra jovem criança que carregava o cesto sagrado. Jovens garotas caminhavam atrás deles carregando sabonetes, perfumes, peças de roupa, sandálias, caixas, óleos, pratos e tigelas. Se o dote não tivesse sido entregue na procissão de casamento da noite anterior, a procissão da Epaulia poderia também carregar o dote. Quando a procissão atingia o novo lar da noiva, canções eram entoadas, as quais reforçavam seu novo status como mulher casada.
₪ O Cortejo de Casamento:
₪ O Kyrios: O pai ou guardião da noiva cuja função era de selecionar ou aprovar o noivo. Na Engue, o Kyrios (senhor) deveria trazer o contrato de casamento e estipular a quantia do dote e as condições do mesmo, incluindo provisões para um possível insucesso do casamento. Ele era responsável por criar a aliança entre as famílias da noiva e do noivo, assim como prover a jurisdição e fazer os sacrifícios para a Proaulia e o banquete do dia do Gamos. O Kyrios também era responsável por organizar a procissão que carregava os presentes do casal na Epaulia; o dia após a primeira noite que a noiva tinha passado com seu noivo.
₪ O Paranymphos: O paraninfo era o atendente do noivo, que acompanhava o noivo quando este ia buscar a noiva no dia do Gamos, participava na procissão de casamento de volta à casa do noivo e – de acordo com certas fontes – agia como o porteiro da câmara nupcial para garantir que o casal não fosse perturbado em sua primeira noite juntos.
₪ A Nympheutria: A ajudante da noiva cuja função é a de auxiliá-la a se vestir e, junto com a mãe da noiva e outras mulheres da família, ajudar com a preparação das refeições e sacrifícios. Era também função da nympheutria acompanhar a noiva ao banquete onde a cerimônia de casamento se realizaria. A nympheutria é a origem da “dama de honra” ou da “madrinha” modernas.
₪ O parente jovem mais próximo (do sexo masculino) da noiva carregaria a água para seu banho ritual no dia do Gamos. Em algumas regiões, o banho ritual se aplicava também ao noivo, e também o parente jovem mais próximo (do sexo masculino) na família do noivo era escolhido para pegar a água do banho ritual do noivo.
₪ O Amphithales: O amphithales era a criança com dois pais vivos que acompanharia o casal de noivos na procissão de casamento até seu novo lar e que entregaria os pães aos convidados.
Histórico - O Eros Entre o Mesmo Sexo na Grécia Antiga:
Os antigos helenos não identificavam ou categorizavam as pessoas de acordo com suas preferências sexuais como acontece no conceito comum da sociedade contemporânea. Não havia termos de auto-identificação para denotar as diferenças entre pessoas heterossexuais ou homossexuais. A moralidade e as leis relativas às práticas sexuais dos antigos helenos variavam de região a região e de tribo a tribo. Em geral, entre as classes mais ricas, o costume de homens que amavam outros homens ou jovens era bem firmemente estabelecido, assim como a afeição de uma mulher por outra era também considerada como uma prática aceitável. Embora certas figuras históricas masculinas tenham sido notadas como tendo uma devotada preferência sexual por outros homens, isso era mais a exceção do que a regra geral. Para a maioria, a preferência por um gênero não tinha reais conseqüências e não era um fator importante no amor romântico (Eros) ou na prática sexual. “O nobre amante da beleza se engaja no amor onde quer que ele veja excelência e dotes naturais esplêndidos, sem considerar qualquer diferença em detalhes fisiológicos.” (Plutarco, ‘Erotikos – Um Diálogo de Amor’.)
₪ Eros entre Homens - Na antiga Atenas, os relacionamentos entre homens eram bastante comuns, embora mais casuais do que os arranjos formais de Esparta, Creta e Tebas. O mais velho dos dois homens era chamado de erastes (amante) enquanto o mais jovem era referido como sendo o eromenes (amado). Como o julgamento politicamente crucial de Timarchos em 346/5 A.E.C ilustra, havia leis específicas para proteger os jovens homens (em tais relacionamentos) da violência e exploração, e qualquer um que fosse culpado na acusação de tratar seus eromenes impropriamente seria processado por hybris (desonra, insulto) e seria proibido de manter ofício público. Os helenos foram os primeiros a estabelecer a pederastia como uma instituição e as leis relativas à pederastia na antiga Atenas parecem ter sido introduzidas por Sólon. Nas polis principais de Tebas, Beócia, os legisladores instituíram a pederastia como um artifício educacional para jovens, e Xenofonte declara que os homens poderiam viver juntos na Beócia como um casal casado. O mito pederasta beócio de Narciso de Thespeia, em sua forma arcaica, era um conto preventivo que advertia os jovens homens a não tratar seus amantes com crueldade. Na ilha de Creta, a pederastia parece ter tido origens míticas datando da época do Rei Minos, que, de acordo com Aristóteles, usava a pederastia como meio de controlar a população da ilha. A prática cretense de um homem tomando um jovem amante era bastante elaborada e ritualizada. O ritual que começava o relacionamento deles foi registrado por Strabo e creditado a Ephorus. Os cretenses tinham um costume único relativo a convenções eróticas. Eles não ganhavam os objetos de seu amor por persuasão, mas sim por abdução. O amante avisava os amigos e família do jovem três ou mais dias antes do dia em que ele planejava abduzi-lo. Para eles, esconder o garoto ou não permitir que ele prossiga pelo caminho ordenado era extremamente vergonhoso, uma vez que eles estariam na verdade publicamente admitindo que o garoto não era digno de obter tal amante. Quando as festas começavam, desde que o abdutor fosse de igual ou superior ao jovem, em distinção/classe ou em outras circunstâncias, os amigos e família do garoto faziam uma demonstração meramente simbólica de resistência e perseguiam o abdutor, para cumprir assim o que a convenção requeria antes de eles alegremente permitirem que ele levasse o jovem embora. Mas, no caso oposto, se o abdutor não fosse uma pessoa de posição social adequada, eles tirariam o jovem dele. O limite da perseguição é o ponto em que o garoto é conduzido até o Andreium ("casa dos homens") do abdutor. Os jovens mais desejados, de acordo com as convenções de Creta, não são os excepcionalmente lindos, mas sim aqueles que se distinguem por sua coragem viril e comportamento ordeiro. O amante dá presentes ao jovem e o leva embora para algum lugar nos campos ao redor da polis, que ele escolhe. As pessoas presentes na abdução os acompanham e passam dois meses banqueteando e caçando junto a eles (pois não é permitido deter o garoto por mais tempo do que isso), depois eles descem novamente para a cidade. O jovem é enviado para casa com presentes os quais consistem de um traje militar, um boi e uma taça (esses são presentes prescritos por convenção), e além desses muitos outros presentes caros – tão caros que os amigos contribuem cada um com sua parte a fim de diminuir a despesa. O jovem sacrifica o boi a Zeus e dá um banquete a aqueles que foram com ele para as montanhas. Ele então declara, com relação a seu relacionamento com seu amante, se ele aconteceu com seu consentimento ou não; a convenção encoraja isso a fim de que, se qualquer violência for usada contra ele na abdução, ele pode restituir sua honra e terminar com o relacionamento. Para aqueles que são lindos e têm ilustres ancestrais, não ter amantes é desonroso/vergonhoso, uma vez que sua rejeição seria atribuída ao seu mau caráter. Os parastathentes ('que ficam de guarda', significando 'camaradas em batalha e em vida') — pois é esse o termo que usam para aqueles que são abduzidos — desfrutam de certas honras: nas danças corais e nas corridas eles têm os lugares mais honrados; a eles é permitido usar as vestes presenteadas a eles por seus amantes, as quais os distinguem das outras pessoas; e não apenas na tal época, mas na idade madura, eles aparecem em um traje distinto, pelo qual cada indivíduo é conhecido como sendo kleinos ("famoso"); kleinos é o termo equivalente deles para eromenos ("amado") e philetor ("que faz amigos") é o termo para erastes ("amante"). Descobertas arqueológicas em Kato Syme, em um rústico santuário a Hermes e Afrodite no Monte Dikte (local de nascimento do Zeus cretense), aparecem para confirmar o relatório de Strabo de sacrifícios rituais e ofertas feitas pelo kleinos. Escavações descobriram os restos de sacrifícios animais junto com ofertas votivas de bronze retratando dois homens juntos. A prática espartana de pederastia parece ter sido derivada dos dóricos de Creta e era uma parte integral da agoge, a estrutura educacional da cultura espartana. O mais velho dos dois homens era chamado de eispnelos (inspirador) e o mais jovem que receberia a educação era chamado de aïtas (ouvinte). Era função do inspirador a de instilar a coragem como uma arête (virtude) em seu ouvinte. Deve ser notado que relatos de relacionamentos entre homens na forma da instituição educacional da pederastia e em outras formas de amizade homoerótica eram muito difundidos. As regiões mencionadas acima não são de forma alguma casos isolados e só foram selecionadas para inclusão específica devido às referências diretas antigas relativas aos costumes e práticas desses homens e seus estilos de vida. Com as referências registradas nos principais centros de pederastia também em outras regiões, a falta de diferenciação entre heterossexualidade e homossexualidade torna tais distinções difíceis de discernir.
₪ Eros entre Mulheres - "E embora esse tipo de amor [a pederastia] fosse tão aprovado entre eles que as mais virtuosas matronas fariam confissões/declarações desse amor às jovens garotas, e ainda a rivalidade não existisse…" (Plutarco) Há algumas poucas referências a relacionamentos eróticos entre mulheres na Grécia antiga e isso é certamente devido ao fato de que mal havia vozes femininas antigas que foram registradas e preservadas para a posteridade. Uma extensão de estudiosos modernos esboçou paralelos entre o estabelecimento da tradição da pederastia entre os homens e a tutela de Safo com jovens mulheres, baseando-se em certas referências antigas assim como interpretações de fragmentos selecionados de sua poesia. “O que mais era o amor da mulher de Lesbos senão a arte do amor de Sócrates? Pois eles parecem ter praticado o amor cada um da sua própria forma, ela o das mulheres e ele o dos homens. Ambos amaram muito e ficaram cativados por todas as coisas lindas. O que Alcibíades e Charmides e Fedro eram para ele, Gyrinna e Atthis e Anactoria eram para Safo.” (Maximus de Tyre, filósofo do século III.) Dessas associações comuns modernas da paixão de Safo por mulheres, o termo ‘lésbica’ se tornou um nome para descrever um homo-erotismo feminino junto com o seu sinônimo de ‘amor sáfico’. Safo se tornou um ícone moderno para a paixão feminina e, no mundo contemporâneo, as mulheres viajam por todo o mundo em uma peregrinação anual para visitar o lugar de nascimento dela em Erresos, na ilha de Lesbos, para celebrar a liberdade de seu fervor expressivo por outras mulheres. Outra fonte antiga que se acredita registrar a prática de pederastia feminina é Alcman, um poeta coral lírico helênico de Esparta. Aristóteles observa que Alcman foi trazido para Esparta como escravo, mas ganhou sua liberdade devido a seu talento como poeta lírico. Embora a maioria dos poemas de Alcman não tenha sobrevivido à passage do tempo, a descoberta de 1855 de um papiro de seu Partheneion, uma canção coral de mulheres não-casadas, foi considerada como sendo a prova da prática simultânea da pederastia feminina em Esparta. Certos estudiosos acreditam que o Partheneion ilustra os relacionamentos homo-sociais e homo-eróticos que existiam entre as garotas de um coral e a regente delas. “Pois a abundância de púrpura não é o suficiente para a proteção, nem serpentes intrincadas de sólido ouro, não, nem fita de cabelo da Lídia, orgulho das garotas de olhos escuros, nem o cabelo de Nanno, nem mesmo os divines Areta ou Thylacis e Cleësithera; nem irão vocês até a casa de Aenesimbrota dizer 'se apenas Astaphis fosse minha, se apenas Philylla olhasse na minha direção e Damareta e a amável Ianthemis'; não, Hagesichora [a regente do coro] me guarda.” “Eu estava para ver se, por alguma chance, ela iria me amar. Se apenas ela chegasse mais perto e tomasse minha mão macia, imediatamente eu me tornaria sua suplicante.” É importante notar que, das poucas referências diretas com relação à pederastia feminina que pratica o ‘amor sáfico’ no mundo antigo, parece que ela foi muito mais casual do que os arranjos formais dos homens. Talvez seja essa a razão para a falta de material fonte derivando da antiga Grécia assim como a falta de evidência indicando qualquer vestígio de um ritual de compromisso entre duas mulheres. Os únicos comentários sobre relacionamentos de mulheres foram feitos por autores masculinos, que estão muito longe e retirados da experiência feminina. Suas referências são mais acuradamente definidas como representações de mulheres nos meios íntimos e sociais do que verdadeiros relatos da vida feminina. Os relacionamentos entre mulheres são apenas associadas com a forma de pederastia dentro do contexto de Safo e dos fragmentos de Alcman. Por causa da aceitação geral do amor entre membros do mesmo sexo, representações de relacionamentos entre mulheres não eram distinguidas dentro de seus próprios termos por definições tais como homo-sociais ou homo-eróticas. Aplicar essas distinções modernas entre relacionamentos homo-sociais e homo-eróticos às mulheres helênicas antigas é extremamente difícil, devido à ausência de autoras reais detalhando um relato de vida feminina no mundo antigo.
Práticas Contemporâneas de Casamento dos Helênicos:
As reconstruções modernas de cerimônias, considerando as restrições de tempo do estilo de vida moderna, não acontecem normalmente em um período de três dias e os elementos simbólicos de todas as práticas são normalmente incorporados em uma única cerimônia. É importante, porém, que os elementos diferentes sejam incorporados e não negligenciados, para que o significado simbólico possa assim ser preservado. Cuidado especial deveria ser tomado com quaisquer acordos pré-nupciais ou legais entre o casal que desejar se casar para manter os costumes contemporâneos alinhados ao antigo contrato de casamento. Este acordo de casamento moderno deveria incluir estipulações referentes à divisão de quaisquer posses (pré-existentes e futures) que possam ser necessárias no caso de um divórcio devido ao insucesso do casamento. As estipulações para qualquer divórcio futuro eram uma parte integral das práticas pré-nupciais helênicas antigas e se considerava que a possibilidade de dissolução pudesse acontecer com qualquer parceiro. Como resultado da falta de fragmentos verdadeiros relativos às especificidades das cerimônias de compromisso entre parceiros do mesmo sexo; o simbolismo das cerimônias de União Civil entre casais de gays e lésbicas poderiam incorporar os diferentes costumes regionais para homens ou a poesia de Safo ou de Alcman para as mulheres. Também é importante notar que a estrutura ritual das cerimônias helênicas diferem vastamente daquelas das práticas pagãs e neo-pagãs. Como a religião helênica reconstrói seus rituais modernos para continuarem tão fiel às antigas práticas quanto possível dentro de um contexto contemporâneo, todas as formas de subestrutura mágica que são usadas nos rituais neo-pagãos (e wiccanos) não são aplicáveis dentro da base da cerimônia helênica e, portanto, não há implicações significativas de ‘união mágica’ a ser considerada. Nenhum círculo é lançado e não há elementos quaternários. Por implicação isso liberta a cerimônia de qualquer restrição topográfica, social e oculta. As requisições rituais para a cerimônia de casamento são incluídas na cerimônia citada mais abaixo.
Ética e Responsabilidade de um Oficiante de Casamento em uma União Civil dentro da Religião Helênica:
Como as cerimônias da religião helênica não caem sob a definição moderna de neo-paganismo, não é comumente aceito entre helênicos incorporar elementos de outras tradições culturais dentro de qualquer cerimônia ou ritual sob os auspícios da religião helênica. Cerimônias e filosofias contemporâneas relativas à prática ritual da religião devem continuar tão verdadeiras quanto possível aos antigos costumes e práticas. Esse respeito e aderência às antigas práticas é a primeira ética de qualquer oficiante de casamento em uma união civil que deseje realizar uma cerimônia dentro da religião helênica. Há deuses específicos que preside sobre os casamentos e esses deuses não são intercambiáveis com outros. É importante lembrar que um sacerdote ou sacerdotisa não representa o deus ou deusa nem fala pelos deuses dentro das cerimônias helênicas, mas apenas age como peticionário (requerente, signatário) das pessoas aos deuses. Como tantos costumes antigos incluíam a família do casal que deseja se casar, é importante encorajar a participação da família do casal na cerimônia. Se tal participação é impossível, o casal pode designar amigos ou parentes para preencher a função dos vários membros do cortejo de casamento. É extremamente importante que o oficiante de casamento da união civil explique todas as facetas e ritos históricos do casamento helênico ao casal que deseja se casar. Cópias da história do casamento helênico deveriam ser dadas ao casal e o auxílio deveria ser oferecido para ajudar o casal a planejar quaisquer rituais pré-nupciais que possam querer executar. Como o contrato de casamento e as estipulações para um possível divórcio são aspectos históricos importantes, a entrevista pré-nupcial irá precisar se endereçar a essas provisões. Essa entrevista com o casal deveria também estabelecer a severidade da decisão de se casarem e enfatizar os efeitos de mudança na vida os quais advêm dessa decisão. A preparação é um aspecto importante do casamento helênico e, como oficiante de casamento da união civil, será necessário garantir que as várias fases do casamento sejam explicadas ao casal. As cerimônias da Ekdosis objetivam separar uma pessoa do passado e capacitá-la a ser livre para perseguir sua nova vida como pessoa casada. O rompimento apropriado com o passado é um fator vital no sucesso de qualquer novo casamento e, conseqüentemente, a importância do significado por trás desses rituais pré-nupciais deveriam ser salientados na entrevista. Uma assistência pode ser necessária ao casal quando da adaptação da Ekdosis (se o casal desejar executar algo) para adequar suas necessidades e circunstâncias particulares. Na cerimônia que é incluída, o ritual do rompimento da noiva com seu passado está inserido na cerimônia de casamento moderna na forma da dedicação de um cacho de cabelo a Ártemis. A cerimônia de casamento inclusa neste manual foi designada especificamente para aqueles casais que não irão executar cerimônias pré-nupciais. Porém, é importante que o simbolismo das ações cerimoniais seja compreendido dentro do contexto das práticas antigas. É responsabilidade do oficiante de casamento da união civil explanar essas correlações ao casal que desejar se casar para que todas as ações ou palavras dentro da cerimônia sejam compreendidas e contenham significado. Na entrevista, as especificidades da cerimônia de casamento irão precisar ser discutidas assim como uma lista do que o casal irá precisar comprar ou providenciar para a cerimônia.
Exemplo de Cerimônia Contemporânea de Casamento do Supremo Conselho dos Gentis Helenos (YSEE):
₪ Solicitações:
• Apenas um único sacerdote ou sacerdotisa deverá presidir a cerimônia;
• Um altar;
• Coroas de flores para o altar;
• Dois pares de tochas (um par para cada procissão nupcial ao altar);
• Uma cesta de pétalas de flores e grãos para as damas de honra (kanyphoros);
• Mel e nozes (para serem oferecidos à mãe do noivo ou outra mulher designada para atuar nessa função);
• Dois pequenos rolos de pão de todos-os-grãos (carregados pelo Paranymphos);
• Um tripode de sacrifício para o fogo do altar;
• Um galho fino e inflamável;
• Uma vasilha com água;
• Um cacho do cabelo da noiva;
• Libação e vasilha para libação (e pequenos jarros para despejar as libações);
• Uma fita dourada.
₪ Cerimônia:
≥ Entrada – O sacerdote/sacerdotisa fica de pé em frente do altar decorado de flores. A noiva e o noivo juntos, com seus cortejos separados, prosseguem na direção do altar de direções opostas. A procissão da noiva é conduzida por um tocador de flauta seguido por um par de carregadores de tocha depois dos quais caminha uma jovem garota carregando um cesto de pétalas de flores e grãos. A noiva caminha atrás da jovem garota, escoltada por seu pai ou outro amigo do sexo masculino ou membro da família que for escolhido para escoltar a noiva. A procissão do noivo é conduzida por dois carregadores de tocha seguidos pelo noivo e o Paranymphos (padrinho). Quando a procissão alcançava o altar, todos estavam organizados de forma a ficarem de frente para o altar, com o sacerdote/sacerdotisa e o paraninfo no centro. À direita do paraninfo está a noiva com seu par de carregadores de tocha, o flautista e a jovem garota com o cesto, afastados em um canto discreto.
≥ Abertura – O sacerdote ou sacerdotisa acende o fogo do altar e chama os deuses: "Venham, deuses ancestrais, deuses dos helênicos; Nós chamamos Hymeas; Aproxime-se de nós com um propósito em comum; Ilustres imortais, entrem em comunhão conosco; Através do fogo e do Submundo; Da água e do ar e do Olimpo." O sacerdote/sacerdotisa acende o ramo inflamável do fogo do altar e extingue as flamas do galho na tigela de água, criando assim a água sagrada.
≥ 'Progamia' ou 'Protelia' – A noiva pega um cacho de seu cabelo e coloca no altar. A noiva e o noivo simbolicamente lavam seus rostos com a água sagrada. A noiva agora faz uma prece à deusa Ártemis e às Moiras (Destinos): "Ouça-me, famosa filha de Zeus; A que vaga pela noite, a nutridora; Deusa modesta e ilustre; Virgem acessível, venerável rainha de tudo, espírito que cuida das crianças; Amiga das jovens e das virgens; Tu, a que porta a luz; Tu, que és a pura; Ouçam-me também as renomadas Moiras do ar; Celestiais filhas da Noite fecunda; Veneráveis provedoras da Prudência e Esperança; Invisíveis e inalteráveis deusas; Ouçam-me e venham até mim com benevolência e de bom humor; Mantenham a tristeza e o pesar bem longe." A mãe do noivo oferece mel e nozes à noiva. Os convidados reunidos gritam “Abençoada, abençoada, abençoada!” ou, em grego antigo (Makaria,Makaria, Makaria). O paraninfo oferece os dois pães de todos-os-grãos à noiva e noivo. O sacerdote/sacerdotisa faz uma prece a Hera e Zeus: "Imortal e muito honrado Zeus, rei portador do cetro; Começo de tudo; Tu que trazes o crescimento e a ordem; Guardião multi-formado da vida mortal; e Hera, rainha de tudo, deusa abençoada, a mais alta, a nutridora de almas; Senhora das noivas, entre em comunhão conosco e aceite estas ofertas; Conceda o conforto, a felicidade e uma vida próspera a teus adoradores, assim como a esta noiva e noivo conceda a completa paz, saúde e fidelidade." A noiva e noivo oferecem os pães no altar. O sacerdote ou sacerdotisa amarra os pulsos da noiva e do noivo juntos com a fita dourada e diz a bênção: "Possam os deuses ser os protetores fixos da sua vida de casados; Possa a vida de vocês ser feliz, com bondade e paz; E possa cada um de vocês ter aquilo que possam desejar." Flores e grãos do cesto são passados entre os convidados. O casal, junto com o paraninfo, circula na frente dos convidados que arremessam neles as pétalas e grãos. Enquanto circula com a noiva e o noivo, o Paranymphos grita: "Sejam prósperos, sejam prósperos, sejam prósperos!" (Ou, em grego antigo, 'evthemones' x 3 – que se pronuncia ‘ev-the-mon-es’.) Esse grito é repetido pelos convidados. Quando retornam ao altar, o casal recita o Hino às deusas Afrodite e Peitho (Persuasão). A recitação deste hino pode ser acompanhada pela flauta:
Noiva: Mãe celeste, nascida do mar;
Noivo: Decoradora de noivas, espírito de muitas aparências;
Noiva: Noturna, astuta rainha;
Noivo: Muito desejada, a que subordina, mãe do destino (Moiragetis);
Noiva: Sagrada mãe da Necessidade (Anankê) e do Amor (Eros);
Noivo: Adoradora de homens, deusa, eterna de Chipre;
Noiva: Grande deusa Peitho, amiga e guia dos mortais;
Noivo: Modesta e doce, de ti se erguem todos os costumes e tradições;
Noiva: Mutável, criativa, fortaleza de sabedoria;
Noivo: Portadora de saúde, benevolente padroeira de todos;
Noiva: Venham para nossas vidas, Abençoadas;
Noivo: Campeãs invisíveis de nossos lares;
Noiva: Gentil e serena graça;
Noivo: Que traz bênçãos e presentes;
Noiva: A vida é suportada por vós;
Noivo: Vós sois benevolentes aos mortais.
Uma libação é vertida (de óleos perfumados). A noiva agora recita o Hino à Deusa Héstia. "Héstia, rainha, filha do todo-poderoso Cronos; Tu, a magnífica detentora do fogo eterno do lar central; Eleve os sagrados iniciados em suas cerimônias; Torne-os sempre vicejantes; Feliz, contente e pura; Ó habitação dos deuses abençoados, suporte estável dos mortais; Perpétua, de muitas formas, muito desejada, radiante, sorridente, abençoada; Aceite estes sacrifícios de boa vontade; Inspire-nos com felicidade e saúde gentil." Insira questões legais que forem solicitadas aqui. A noiva e o noivo ficam de pé juntos e fazem a seguinte declaração, também juntos.
≥ Declaração – “Na presença dos deuses e de nossos ancestrais, eu …………………………… e eu …………………………… fazemos uma declaração de honra; de viver uma vida de concordância, amizade, respeito mútuo e devoção um ao outro; Como companheiros e amantes em um corpo, uma alma, um lar; Até que Thanatos (a morte) venha nos separar.” O sacerdote ou sacerdotisa declara o casal legalmente casado e os papéis necessários são assinados e testemunhados. Depois que os papéis forem assinados, o sacerdote/sacerdotisa fica de pé diante do altar para o fechamento: "Saudações aos Abençoados; Saudações aos Eternos Deuses Ancestrais; Estendam vossa Luz Sagrada sobre seus devotos adoradores; A fim de dispersar todo o sofrimento, doença e desastres; Até o fim da terra." O sacerdote/sacerdotisa então declara a cerimônia encerrada.
( Fotos de um casamento moderno - https://youtu.be/njXMLWzAHmA )