ASTRON (ESTRELAS)
Hino Órfico 6 às Estrelas [Astron], com incenso de ervas aromáticas.
O sacro esplendor das Estrelas celestes eu convoco,
evocando numes puros com sacratíssima voz.
Estrelas celestes, prole amável da Noite [Nyx] negra,
que em cíclicos turbilhões revolvem em volta dos astros,
Brilhantes, flâmeas, sempre as genetrizes de tudo, (5)
fatídicas, revelam os signos de toda a sina
e regem as sendas divinas dos homens mortais.
Perscrutando sete lúcidos planetas, errantes aéreas,
celestes e terrestres, correndo como fogo, eternas e indestrutíveis,
irradiando sempre o véu tenebral da noite, (10)
cintilam coruscantes e são benévolas na noite!
Vinde aos eruditos lavores deste sacratíssimo rito,
concluindo vosso nobre percurso em obras célebres.
(Tradução: Rafael Brunhara)
CRONOS
Hino Órfico a Cronos, com incenso de estoraque
Viçoso sempre, pai dos venturosos deuses e dos homens,
astuciador límpido de magna força, bravo Titã,
tu mesmo, que a tudo consomes e novamente fazes crescer,
inquebráveis os grilhões que deténs no cosmo sem fim,
eterno Cronos pai de todos, Cronos de variado falar, (5)
rebento da Terra [Gaia] e do Céu[Urano]constelado,
és a geração, o crescimento e o fim, marido de Reia, insigne Prometeu,
que habitas em todas as partes do cosmo, rei ancestral,
de curvo pensar, o melhor! Atendendo a minha súplice voz,
envias um fim de vida bem afortunado, para sempre impecável. (10)
(Tradução: Rafael Brunhara)
EOS
Hino Órfico 78 - Para Eos (Aurora) - com incenso de maná:
Ouça, deusa, trazendo aos mortais o dia portador-da-luz,
Brilhante Aurora, enrubescendo pelo cosmo,
Mensageira do grande e nobre deus Titã,
Tu que envias a escuridão e o trânsito cintilante da noite
Sob as partes mais baixas da terra ao te ergueres;
Das obras és a guia, do sustento és ministra aos mortais,
Tu em quem a raça dos falantes mortais se delicia; não há ninguém
Que fuja da sua visão quando ela se eleva;
Quando o doce sono das pálpebras tu sacodes fora,
Cada mortal se rejubila, cada coisa rastejante e as outras tribos
De quadrúpedes e de alados dos mares de muitas espécies;
Pois todo o sustento que pode ser conseguido tu provéns aos mortais.
Portanto, abençoada, pura, que aos iniciados tu possas aumentar tua luz sagrada.
(tradução da Alexandra)
ÉTER
Hino Órfico 4 ao Éter, com incenso de açafrão
Ó alto teto de Zeus,com eterna força indestrutível,
parte das estrelas, do sol e da lua,
a tudo subjuga, ignívomo, uma centelha em todos os seres,
altivisível Éter, melhor elemento do cosmo;
ó rebento esplêndido, luzidio, fulgente d'estrelas, (5)
invoco-te e suplico que sejas temperado e sereno.
(Tradução: Rafael Brunhara)
FANES
Hino Órfico 5 a Protógono [Fanes], com incenso de mirra.
O Primogênito [Protógono] eu chamo, biforme, ingente, errante etéreo,
ovogênito, que se ufana de suas asas de ouro,
de táureo clamor, gênese de venturosos e mortais homens,
sêmen inolvidável, de muitos rituais, Deus Vernal [Ericepeu],
inefável, silvante oculto, rebento radiante,
que desturva dos olhos a névoa sombria
e ao bater as asas por toda a parte com ímpeto através do cosmo
trazes a brilhante pura luz. Por isso invoco-te como Luminar [Fanes],
Priapo soberano e Brilhante [Antauges] de olhos vivos.
Eia, venturoso de muitos planos, de muitas sementes, vem jubiloso
para os iniciados em consagrado rito muito iriado.
(Tradução: Rafael Brunhara)
HIGEIA
Peã a Higiéia - de Arífron de Sícion, séc IV a.e.c
Higiéia, para os mortais a mais venerável entre os deuses, contigo eu possa conviver o resto da minha vida, e possas tu benigna acompanhar-me. Pois se reluz algum deleite propiciado pela riqueza ou pelos filhos, ou pelo poder régio que iguala os homens às divindades, ou pelos desejos de que saímos à caça com as armadilhas secretas de Afrodite, ou se (reluz) algum outro prazer concedido aos homens pelos deuses ou algum alívio dos pesares, contigo, abençoada Higéia, eles vicejam e brilham nas falas das Graças.Ora, sem ti ninguém é feliz na vida.
(tradução de José M. M. Macedo, enviada por Antonio)
MNEMOSINE
Hino Órfico 76 - A Mnemosine, com fumigação de olíbano
Chamo a consorte de Zeus divino, fonte das sagradas Nove [Musas] de doce voz;
liberta-nos do vazio da mente em queda; tu, por quem a alma se junta ao intelecto -
o aumento da razão e o pensamento a ti pertencem; toda-poderosa, agradável, vigilante e forte!
A ti devemos o despertar do letárgico repouso no qual os pensamentos se depositam dentro do peito,
e vigorosamente excitas o olho da mente a sair da escuridão do esquecimento.
Venha, abençoado poder, a memória de teus místicos desperta aos ritos sagrados,
e detém os grilhões do Lethe [Esquecimento].
(por Alexandra Nikaios, a partir do inglês de Thomas Taylor)
Hino Órfico 77: Memória [Mnemosine] - Fumigação: Olíbano
Memória eu chamo, a consorte de Zeus, soberana
que engendrou as Musas, divinas sagradas claras cantoras,
longe sempre do terrível Oblívio demente [Lete]
conservas a inteligência que em almas mortais convive,
bem poderosa forte elevas a razão humana,
dulcíssima vigilante recordando os pensamentos
que cada um sempre deposita no peito,
sem descaminhos despertando a mente em todos.
Vem, venturosa deusa, nos iniciados a memória dos mistérios
despertas, sacratíssimo rito: o oblívio expedes para longe!
(Tradução de Rafael Brunhara a partir do grego)
MORFEU
Hino Órfico a Morfeu
A Morfeu - Deus do Sono - com fumigação de papoula:
Morfeu, Rei dos Deuses e mortais, soberano de tudo o que é sustentado pela Mãe Terra,
Teu domínio é supremo, se estendendo sobre tudo, e por todas as coisas conhecidas.
Por tua benevolência,
todos os corpos são retidos em laços inquebráveis que não são de latão,
Tu concedes repouso da desgastante labuta, e domas todas as preocupações.
Doce consolo na aflição flui de ti,
Suas cadeias agradáveis e gentis preservam a alma, e libertam dos terríveis cuidados da morte.
O Rio Lethe que flui esquecimento e a Morte são teus verdadeiros Irmãos.
Inclina-te à minha prece com teu aspecto favorecedor,
E salve teus místicos em seus divinos trabalhos.
(tradução da Alexandra)
MUSEU
Hino Órfico a Museu [Musaious]
Aprende, Museu, um rito místico mui insigne;
uma prece ,sim, que é superior a todas!
Zeus Rei, e Terra [Gaia] e puras chamas celestes
do Sol [Hélio], sacro esplendor da Lua [Mene] e estrelas todas,
E tu, Poseidon, abraça-terra, de escuros cabelos, (5)
Perséfone e pura Deméter de frutos esplêndidos,
Ártemis sagitária, a donzela, e Febo flechador,
tu, que habitas a sacra planície de Delfos. E tu que maiores
honras possuis entre os venturosos, Dioniso dançador;
Ares de violento ânimo, sagrado estrênuo Hefesto, (10)
Deusa nascida da espuma, que obteve dons ilustríssimos.
E tu, rei das profundezas, proeminente grande nume;
Juventude [Hebe] e Ilítia e nobre estrênuo Héracles;
Grandes bens de Retidão [Dikaiosyne] e Piedade [Eusebie]
invoco; e as Ninfas ínclitas, e Pan majestoso, (15)
e Hera, de Zeus Egífero a esposa em flor:
Memória [Mnemosyne]amável e Musas evoco, puras,
as nove, e as Graças [Cárites], as Horas, o Ano;
Leto de belas tranças, divina insigne Dione,
Curetes em armas, Coribantes e Cabiros, (20)
grandes salvadores, imperecível prole de Zeus;
os Deuses do Ida e o mensageiro dos Celestiais,
Hermes arauto; Têmis, arúspice de homens,
Noite [Nyx] reverenda eu chamo, e o lucífero Dia [Emar];
Lealdade[Pístis], Justiça [Dike] e Legisladora [Tesmodótira]íntegra; (25)
Reia e Cronos e Tétis de escuro véu;
O grande Oceano, com suas filhas Oceânides;
proeminente grande força de Atlas, e Éon;
Tempo [Khronos] semprefluente e água esplêndida de Estige [Styx];
propícios Deuses, e em meio a eles, a boa Presciência [Pronoia]. (30)
O Nume sagrado e o Nume hostil aos mortais;
os Numes celestes, os aéreos e os aquáticos;
os da terra, os subterrâneos e os que habitam o fogo;
Ino Leucótea, Palaimon dador de fortuna;
Vitória [Nike] de doce voz,soberana Adrasteia; (35)
grande rei Asclépio dador de curas;
Palas que os prélios incita,e todos os Ventos sem exceção,
ao Trovão [Brontes] e parte do quádruplo Cosmo dirijo-me,
E à mãe dos imortais,à Áttis e Men eu invoco;
Deusa Celeste [Urânia], com o puro Adonis imortal; (40)
Princípio [Arkhé] e Fim [Péras] -- o que é mais importante para todos --
para virem benfazejos, com um grato coração
a este sagrado rito místico e libação insigne.
(Tradução de Rafael Brunhara)
NEFELE
Hino Órfico 21, Para as "Nephelai" (Nuvens), com fumigação de mirra:
Aéreas Nephelai, através das planícies resplandecentes dos céus que vagueiam, mães de chuvas prolíficas; quem nutre os frutos, cujos sistemas aquosos são arremessados pelos ventos impetuosos ao redor do poderoso mundo. Com som alto, rugido de leão, fogo intermitente, no amplo seio do ar suportando terríveis trovões: estimuladas por toda sonora ventania tempestuosa, com rápido curso pelos céus vocês navegam. Com ventanias gentis, seus sistemas aquosos eu chamo, na mãe Gaia com frutíferas chuvas a cair.
(tradução de Leonni Moura)
NINFAS
Hino Órfico 51, às Ninfas, com fumigação de Ervas Aromáticas
Ninfas, filhas do magnânimo Oceano,
com lares nos úmidos recessos da terra,
nutrizes de Baco, de ocultos percursos, terrestres e muito alegres:
Deusas dos prados, nutrizes de frutos, puras de oblíquos percursos,
que se alegram nos antros, nas grutas, errantes dos ares!
Vestidas de orvalho, deixam rastros sutis nas fontes, nos rios;
Visíveis e invisíveis as ninfas multiflóreas dos promontórios,
bradando evoés no alto das montanhas com o lépido Pan,
e das rochas defluem com silvos sonoros, errantes das montanhas!
Rústicas donzelas das fontes e dos bosques;
virgens vistosas, de alvas vestes e suaves ventos,
com pastos, cabras - amigas das bestas! - e esplêndidos frutos,
tenras amigas do frio, fruticosas multinutrientes,
as divertidas e umentes donzelas hamadríades.
Nísias loucas, Peãs felizes na primavera,
com Baco e Deméter trazendo graça aos mortais!
Vinde aos auspiciosos ritos, com o coração grato,
vertendo fontes de fruticosas chuvas nas estações.
(Tradução de Rafael Brunhara)
NYX
Hino Órfico 3 à Nyx - fumigação com tochas:
Nyx, deusa mãe ancestral, fonte de doce repouso de quem no princípio tanto Deuses quanto homens surgiram. Ouça, abençoada Cípris [Afrodite], coberta de luz estrelar, no profundo silêncio do sono habitando a noite de ébano! Os Sonhos (Oneiroi) e a suave tranquilidade atendem a teu comboio crepuscular, satisfeitos com a extensa escuridão e o deleitoso deslocamento, dissolvendo o cuidado ansioso; a amiga da alegria, de escuros corcéis cavalgando em torno da terra. Deusa dos vultos e dos jogos sombrios, cujo poder letárgico divide o dia natural; pelo decreto do destino tu constantemente envias a luz ao mais profundo [reindo de] Hades, distante da vista mortal; pois a terrível necessidade (anankê), a qual nada resiste, investe o mundo com tiras inquebráveis. Esteja presente, Deusa, à prece do teu suplicante, desejada por todos, a quem tudo semelhante reverencia; abençoada, benevolente, com amistoso auxílio dissipas os medos da penumbra aterrorizante do crepúsculo.
(tradução de Alexandra a partir do inglês de Taylor)
ONEIROI
Hino Órfico 85, aos Sonhos [ONEIROI], com fumigação de aromáticos:
A ti eu invoco, bendito poder dos sonhos [Oniroi], divino, mensageiro de futuros destinos, asas ligeiras são as tuas. Grande fonte de oráculos à espécie humana, quando suave furtando e sussurrando à mente, através do doce silêncio dos sonhos e da escuridão da noite, teu poder desperta a luta intelectual; às almas silenciosas o desejo dos céus relatas, e silenciosamente revelas seus destinos futuros. Para sempre amigável à mente correta, sagrada e pura, aos ritos inclinada; a esses com agradável esperança teus sonhos inspiras, a alegria antecipas, a qual todos desejam. Tuas visões manifestam o desfecho do destino, quais métodos podem melhor mitigar nossas aflições; revela quais ritos os deuses imortais agradam, e quais meios a ira deles aplaca - para sempre tranquilo é o fim do homem bom, cuja vida os teus sonhos exortam e defendem. Porém, dos cruéis voltas tua forma invisível, avesso à bênção, ó mensageiro da angústia; nenhum meio de falar sobre a doença que se aproxima eles encontram, pensativos, com medo, e cegos ao futuro. Vem, poder bendito, revela as assinaturas as quais os decretos dos céus misteriosamente ocultam, sinais somente presentes para a mente digna, e não doentes presságios de monstruosa espécie.
(Tradução da Alexandra a partir do inglês de Thomas Taylor)
SELENE
Hino Homérico 32 - para Selene
E, em seguida, as Musas de vozes doces, filhas de Zeus, bem habilidosas em canção, contam da Mene (Lua) de longas asas. De sua cabeça imortal um resplendor se mostra dos céus e abraça a terra; e grande é a beleza que se ergue de sua luz brilhante. O ar, antes apagado, incandesce com a luz de sua coroa dourada, e seus raios irradiam claramente, sempre que a brilhante Selene banha seu amável corpo nas águas do Oceano, e veste seus trajes de belas centelhas, e une sua brilhante equipe de pescoços fortes e dirige seus cavalos de longas crinas a velocidade máxima, ao anoitecer no meio do mês: então sua grande órbita é cheia e então seus raios brilham mais forte enquanto ela cresce. Então ela é um verdadeiro símbolo e um sinal aos homens mortais. Uma vez o Cronida [Zeus] se juntou a ela no amor; e ela concebeu e carregou uma filha, Pandéia, de excedente amabilidade entre os deuses imortais. Salve, deusa dos braços brancos, brilhante Selene, terna, rainha de longos cabelos brilhantes! E agora eu lhe deixo e canto a glória dos homens semi-divinos, cujas ações os menestreis, os servos das Musas, celebram com lábios amáveis.
(tradução da Alexandra)
Hino Órfico 8 para a Lua (Selene) - com fumigação de aromáticos.
Ouça, deusa rainha, difundindo luz prateada,
A do chifre de touro que vaga pela escuridão da Noite.
Cercada de estrelas, e com largo circuito
Tocha da noite estendida, pelos céus tu passeias:
Fêmea e Macho, com raios emprestados brilhas,
E agora de orbe cheia, tendendo a minguar,
Mãe das eras, lua que produz frutos,
Cuja orbe de âmbar faz o refletido meio-dia noturno:
Amante de cavalos, esplêndida, rainha da Noite,
Poder que tudo vê, enfeitada da luz estelar.
Amante da vigilância, inimiga da discórdia,
Em paz rejubilante, e de vida prudente:
Bela lâmpada da Noite, seu ornamento e amiga,
Que dá aos trabalhos da Natureza seu destino final.
Rainha das estrelas, toda-sábia Diana, salve!
Ornada de um gracioso robe e brilhante véu;
Venha, Deusa abençoada, pudente, estrelada, brilhante,
Venha lâmpada lunar de luz esplêndida e singela,
Brilhe nesses ritos sagrados com raios prósperos,
E por favor aceite esta suplicante prece mística.
(tradução da Alexandra)
SÊMELE
Hino Órfico 44 a Semele/Thyone - com fumigação de estoraque (benjoim).
Deusa filha de Cadmo, rainha universal, a ti, Sêmele, eu chamo, de bela aparência;
de seios profundos, de amáveis cachinhos ondeantes,
a quem o brilho do trovão de Zeus forçou prematuramente e amedrontou de luz.
Nascida dos desígnios imortais, secretos e altivos do Zeus Cronida, regente do céu;
a quem Perséfone permite ver a luz, e visitar mortais dos reinos da noite.
Encarregada constante dos ritos sagrados, e do banquete trienal, no qual tua alma se delicia;
quando o maravilhoso nascimento de teu filho a humanidade reconta, e segredos puros e sagrados celebram.
Agora eu invoco a ti, grande rainha filha de Cadmo, para abençoar teu místico, suave e sereno.
Hino Órfico 44 a Semele (outra versão)
Eu chamo a filha de Cadmo, rainha de tudo,
Bela Sêmele das amáveis madeixas e de colo cheio,
Mãe do jubilante portador do tirso, Dionísio.
Ela foi levada a uma grande dor pelo raio flamejante,
O qual, através dos desígnios de Zeus Cronida imortal, a queimou,
Ela, a quem a nobre Perséfone concedeu honras entre os homens mortais,
Honras dadas a cada três anos.
Então eles reencenam a dor lancinante por seu filho Baco,
O sagrado ritual da mesa, e os mistérios sagrados.
Agora a ti, deusa, eu suplico, filha de Cadmo, rainha,
Para que sejas sempre gentil com os iniciados.
(traduções do inglês por Alexandra)
TÉTIS
Hino Órfico a Tétis:
Eu lhe chamo Tethys dos olhos de azulado brilho, que se escondem dos humanos por trás de um véu de obscuridade;
Grande imperatriz do Oceano, que vaga pelas profundezas e que molha a terra com sua brisa suave;
Aquela para a qual as ondas abençoadas seguem em sucessão, batendo nos rochedos em um fluxo sem fim:
Deliciando-se no mar sereno a brincar, nos navios que exultam pelo caminho molhado.
Mãe da Cípria e das nuvens obscuras, grande cuidadora das bestas e doadora das fontes de água pura.
Ó venerável Deusa, ouça minha prece e traga a benevolência à minha vida;
Envie, rainha abençoada, aos navios a próspera brisa, e os traga seguros pelos mares tormentosos.
(traduzido do inglês pelo blog MaterMagna)
THANATOS
Hino Órfico 86, à Morte (Thanatos), com fumigação de maná:
Ouça-me, ó Morte (Thanatos), cujo império sem fim se estende a todos os tipos de tribos mortais.
De ti depende a porção do nosso tempo, cuja ausência prolonga a vida, cuja presença a termina.
Teu sono perpétuo irrompe os vívidos envoltórios nos quais a alma, atraindo corpos, detém:
És comum a todos, de cada sexo e idade, pois nada escapa a tua ira que tudo destrói;
Nem a própria juventude tua clemência pode ganhar, vigorosa e forte, pois tu prematuramente a extermina.
Em ti, o fim dos trabalhos da natureza é conhecido, em ti, todo o julgamento é absolvido sozinho:
Nenhum suplicante controla tua terrível ira, nenhum voto revoga o propósito de tua alma;
Ó abençoado poder, considera minha prece ardente, e a vida humana a uma idade abundante alivie.
(tradução da Alexandra)
URANO
Hino Órfico 3 a Urano, com incenso de olíbano
Céu [Urano] Pai de todos, eterna parte indestrutível do cosmo,
primevo, princípio de tudo, fim de tudo,
Pai cósmico, envolvente sobre a terra como um globo,
ó lar dos venturosos deuses, movendo-se em rugentes turbilhões*,
celeste e terrestre guardião, que a tudo cerca,
e tem no peito a insofrível constrição da natureza,
de pele escura, indomável,todo mutável, mutante forma,
onividente, pai de Cronos, venturoso, supremo nume,
ouve-me, trazendo a consagrada vida ao neófito nos mistérios.
[ Nota do Tradutor: *Literamente, "Nos turbilhões do rombo". O rombo (ῥόμβος, lat.rhombus) era um instrumento musical antigo, utilizado durante os Mistérios. Consiste de um disco que ressoava (daí "rugente") ao girar em volta de uma corda. ]
(Tradução de Rafael Brunhara)
(VÁRIOS DEUSES)
Hino Comum aos Deuses, de Proclus
Ouça-me, oh, Deuses, vós que governais o leme
Da sagrada sabedoria, e que, acendendo nas
Almas dos homens a chama do desejo do retorno,
Os atraís até os Imortais, dando-lhes,
Pelas indizíveis iniciações dos hinos,
O poder de escapar da escura caverna
E de purificar-se. Ouça-me, poderosos liberadores!
Concede-me, pela compreensão dos livros divinos
E dissipando a névoa que me rodeia, uma luz
Pura e santa afim que possa compreender com claridade
Ao Deus incorruptível e também ao homem que sou.
Que um Daimon perverso jamais,
Assediando-me dos males, me retenha,
Eternamente cativo nas ondas do esquecimento,
Afaste-me dos Deuses!
Que jamais, uma expiação aterradora,
Me acorrente na prisão da vida (do corpo)
Caindo minha alma nas geladas ondas da geração
E nas que não quiseram falhar demasiado tempo!
Ouça-me, vos, oh Deuses, soberanos de deslumbrante sabedoria,
Revelai aos que se apressam no caminho ascendente
Do retorno, aos santos êxtases e as iniciações
Que residem no coração das sagradas palavras!
(Tradução de Andre Nogueira)
Hino de Proclus à Mãe dos Deuses, à Hécate e a Jano
Saudações, mãe dos Deuses, Deusa de nomes diversos,
De esplêndida prole.
Saudações, Hécate, que vigias as portas,
Deusa de temível poder!
Saudações também a ti, oh Jano,
Antepassado dos antepassados,
Zeus imortal; saudações, oh soberano Zeus!
Abre-se para mina vida, preenchendo-a de bens,
Uma resplandecente via.
Preservais meus membros de funestas enfermidades.
E, purificando minha alma
Por iniciações que despertam a inteligência,
Arrancai-a da demência em que permanece
Desde que vim para a terra.
Sim, o suplico, tende-me as mãos
E mostrai-me – pois tenho este desejo -,
Os caminhos que os Deuses nos indicam.
Assim poderei contemplar a luz santíssima
Quando por vós me será concedido
O poder sair do sombrio tempo (acontecer).
Sim, os suplico, tenha-me nas mãos;
E, para poder abordar, depois de tantas fatigas,
O porto da piedade,
Envia-me brisas favoráveis.
Saudações, mãe dos Deuses, Deusa de nomes diversos,
De esplêndida prole.
Saudações, Hécate, que vigias as portas,
Deusa de temível poder!
Saudações também a ti, oh Jano,
Antepassado dos antepassados,
Zeus imortal; saudações, oh soberano Zeus!
(Tradução de Andre Nogueira)