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Funeral

Histórico:

Os gregos acreditavam que no momento da morte a alma ou espírito do morto deixava o corpo como um alento ou sopro de vento. O morto era então preparado para o funeral de acordo com os rituais honrados na época. As antigas fontes literárias enfatizam a necessidade de um funeral apropriado e se referem à omissão deles como um insulto à dignidade humana (Ilíada 23, 71). Parentes do morto, principalmente mulheres, conduziam os elaborados rituais funerários, que costumavam ser em três partes: a prothesis (deitar o corpo), a ekphora (procissão funeral) e o sepultamento do corpo ou dos restos cremados do falecido. Depois de ser lavado e untado com óleo, o corpo era vestido e colocado em uma cama alta dentro da casa. Durante a prothesis, parentes e amigos vinham lamentar e prestar seus respeitos. Os lamentos de luto pelos mortos são representados na arte grega antiga a pelo menos desde o período geométrico, quando vasos eram decorados com cenas mostrando os falecidos cercados por carpideiras. Seguindo a prothesis, os mortos eram trazidos para o cemitério em uma procissão, a ekphora, que normalmente acontecia logo antes do amanhecer. Muito poucos objetos eram realmente colocados no túmulo, mas um montinho monumental de terra e construções tumulares retangulares com estelas de mármore e estátuas eram frequentemente erigidas para marcar o túmulo e para garantir que o morto não seria esquecido. A imortalidade residia na contínua memória do morto pelos vivos. De representações em lekythoi (o lekythos era um vaso de cerâmica grego usado para armazenar óleo) de fundo branco, ficamos sabendo que as mulheres da Atenas Clássica faziam visitas regulares ao túmulo com ofertas que incluíam pequenos bolos e libações.

 

 

Estrutura de um discurso funeral:

Um discurso funeral (seja pronunciado ou apenas mentalizado) se estrutura em 4 partes: 1. Você percebe que qualquer coisa que diga é inadequada comparada ao seu ente querido falecido. As palavras às vezes são uma ferramenta muito limitada. 2. Você fala/lembra dos ancestrais de seu falecido ente querido e do começo da família. 3. Você fala/lembra do caráter de seu falecido ente querido e de seus feitos, do exemplo que ele/ela deixou. 4. Seguem palavras de consolo para a família e amigos deixados para trás. Então você chama o nome dele/dela três vezes. Era assim que os atenienses faziam quando enterravam seus mortos. Eles os chamavam três vezes e esperavam por uma resposta. Quando nenhuma resposta vinha, eles sabiam que o ente querido já havia cruzado o rio.

 

 

Patria Kideuseos (Funeral em Família):

₪ Abertura – «Deuses de nossos pais, / Deuses da Nação dos Helenos, / Sede favoráveis à decisão que tomamos / De colocar esta alma diante das divindades / do Fogo, da Terra da Água, do Ar / e do Olimpo.»

₪ Hino ao Deus Hermes Psicopompo – Colocar no peito do defunto uma coroa de louros e dizer: «Hermes, Deus amigo, o saudamos. / Tu que as almas mortais carregas ao Hades, /que dás o sono e conduzes as almas / ao irracional, ao desejo, ao daimon. / Comunicador gracioso e veloz, / mensageiro das primeiras notícias, / grande Deus dos caminhos, epicuro, / tu que és favorável aos teus iniciados, / especialmente a este dileto falecido, / ensina-o a se apressar para além do Letes.»

₪ Bênção ou Saudação – Dar ao defunto uma moeda para a travessia e dizer: «O Mundo surge por si mesmo, / se auto-organiza / e habilmente se configura até o infinito, / faz nascer em sua essência os Deuses / e dá forma à vida dos mortais, / privilegiando o ser humano, / privilegiando-o pela palavra a qual os eleva / até o nível dos deuses, / até o lugar brilhante onde habitam / os velozes observadores imortais, / até o mundo interno e o mundo / que circunda o Olimpo. // Todo o mundo é luz e clareza, / todo compartimentado em organismos e substâncias / aos deuses e ao mundo há uma família especial, / pelo mérito da vida que nos traz belos dias, / filosofamos e de amor nos preenchemos / porque é o destino do ser humano: / se agarrar à luz e espalhá-la, / através da palavra e das sensações, / de Deus e da vida além, da sagrada essência, / das divinas obras e de dentro da carne. // Quisera que pudéssemos compreender / o quão trágica e efêmera é a vida humana, / o ciclo infinito dos anos, / como as idades dos mortais desvanecem / como as florestas são desvastadas. / Quisera que o Segundo Sol nos conduzisse /até o aprendizado dos Helenos, / e isso nos tornasse gentis e com beleza interior. / Quisera que tivéssemos clareza e paz / e pudéssemos alcançarmos a visão / e uma percepção de cosmos que se afastasse / de todas as obscuras opiniões sobre o mundo e os deuses, / para chegarmos a uma concepção justa e estável / sobre a vida e a eternidade, / e pudéssemos nós mesmos fazer uma agradável refeição / com os Deuses e com nossos amados ancestrais. // Te saúdo ..........., pai/mãe exemplar. / helênico(a) de helênicos, / reverente de reverentes; / pelo caminho sereno do doce auxiliador Hermes Psicopompos / e entre as planícies abençoadas esperamos que estejas, / entre os brilhantes e calmos lugares, / onde os habitantes gloficam os deuses e ancestrais, / entronados no mundo infinito; / justo(a) entre os justos, / amigo(a) dos deuses, consciente do paraíso, / liberto(a) das amarras do corpo físico, / liberto(a) da magnitude do tempo, / bendito(a), completo(a) e virtuoso(a). // Te saúdo, ...........! / Nós te depositamos e te protegemos / até nos reencontrarmos novamente. / Nós, que durante nossa vida / iremos te honrar / e nos lembrar de ti.»

₪ Libação – Verta a libação e quebre a tigela de barro, enquanto diz: «Eterna é a lembrança deste ser amado. /  Eterna é a lembrança deste ser amado. / Eterna é a lembrança deste ser amado.»

₪ Encerramento – "Saúdo os Eternos Deuses de Nossos Pais, / prestando minha devoção e fé ao Sagrado Panteão, / para que os pensamentos que compartilhamos hoje / sejam enviados e reconhecidos através da terra. / Assim seja."

 

 

Rito de Liberação para Animal de Estimação:

₪ Equipamentos e suprimentos: ramo de sempre-viva, presentes para a cova (comida, brinquedos etc que o animal gostava), libações (bebidas que ele gostava, especialmente água), bastão de fala (opcional, para depositar na cova), incenso, velas, flores etc, como desejar.

₪ Procedimentos: “Viemos nos despedir de _________. / Pela lei sagrada da Natureza, cada vida deve terminar, / para que outras sobre a terra possam nascer. / Cada alma é feita única e por um tempo deve viver, / antes de -ao ventre do qual toda vida nasce- retornar. / Embora todos nós morrer um dia devamos, / sempre tristes de dizer adeus a um amigo ficamos“. Faça a Mão Cornuta (primeiro e quarto dedos estendidos do punho) com a mão direita. Diga: “Fazemos os chifres da natureza, ferozes e selvagens, / da lua crescente, para chamar a Rainha das Feras. / Desça a nós do céu, pedimos a ti, a estas paragens; / permita a esta alma correr em seu caminho, donzela. / Respire fundo três vezes; inale da natureza o respiro / da alma cósmica, para onde retornamos ao último suspiro”. [Todos respiram fundo três vezes.] “Em seu olho da mente olhe agora para o oeste, ao lado, / e veja a terra onde habitam os espíritos abençoados.” [Aponte o polegar e o dedo do meio da mão direita (juntos) para o corpo do animal e diga o seguinte:] “Por cada nome sagrado, meu pequeno amigo, / Eu lhe convido a aceitar o fim de sua curta vida em paz, / e deixar para trás a concha terrena do seu espírito, / que, apesar de ter-lhe servido bem, não lhe é útil mais. / Possa Ártemis lhe proteger em seu caminho a trilhar, / por nós, seus amigos, e pela luz do dia solar”. [Pegue alguns ou todos os presentes para a cova.] “Abençoamos estes presentes, que lhe deram alegria em vida, / para apressar seu caminho até o fim de sua jornada de ida, / para que você possa se aventurar adiante com pouco pesar. / Você não será esquecido, pequeno amigo querido, / Vamos nos despedir e cada um irá se lembrar, / em silêncio ou em voz alta, como achar certo e digno.” [Cada pessoa deve dizer o que ele ou ela se lembra com relação ao animal, ou apenas dizer adeus, ou lembrar-se dele em silêncio. Isto pode ser feito informalmente, enquanto depositam-se os presentes, ou passando o bastão de fala, o qual é depositado depois de todos terem segurado-o. Este é um bom momento para dizer preces e ler poemas, como os epitáfios da Antologia Grega (VII.207) ou Catulo (3). O sacerdote fala por último; depois de reminiscências/lembranças pessoais, ele ou ela continuam conforme segue:] “Não nos esqueceremos da alegria que trouxeste a nossas vidas de cá; / embora partindo da terra, em nós tua alma sobreviverá”. [Pegue o ramo de sempre-viva.] “Através das estações quentes e frias, a sempre-viva cresce; / através da vida e morte da Natureza, ela é vista e floresce.” [Pouse a sempre-viva no túmulo.] “Talvez você também novamente para nós voltará, / para nossas vidas em amor e amizade compartilhar. / Por ora sua alma está livre, vá. / Fique bem, e abençoado seja e será”. [Jogue beijos. Flores e outras coisas podem ser colocadas no túmulo nesse momento.] O Rito está completo.

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