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Festivais antigos

Temas Básicos:

â‚Ș Festivais de renovação do altar ou estátua dos deuses:

Panathenaia, Kallynteria, Plynteria - Limpar o altar, substituir/consertar peças avariadas e fazer as outras coisas físicas que o altar ou imagem de culto estiver precisando.

â‚Ș Festivais para honrar os mortos e suas deidades:

Genesia, Diasia - Ocasião solene (embora não seja negativa nem deprimente) para se lembrar dos que morreram, fazer ofertas e pedidos e agradecer aos deuses associados a eles, incluindo aspectos de deuses (como Zeus Melikhios).

â‚Ș Festivais da colheita para celebrar a fartura:

Pyanepsia - Se você não é fazendeiro, pode celebrar a entrada de dinheiro na sua conta ou um bom negócio que foi fechado. É uma boa forma de honrar a deidade mesmo estando em uma cidade, cultura e clima diferentes dos da época.

â‚Ș Festivais de criatividade e habilidades artesanais:

Khalkeia - Atena e Hefesto são os patronos das artes, inovações, trabalhos manuais e expressões criativas.

â‚Ș Festivais familiares:

Apatouria - Reuna-se com sua família e honre os deuses que foram gentis com ela e com todas as famílias em geral. Ofereça libações a Zeus Phratria.

â‚Ș Festivais de purificação e renovação de si e da vida:

Thargelia - Deixar para trás as coisas que fazem mal (fisicamente, psicologicamente etc) e abraçar o novo e saudável. Pode ser um período de reeducação alimentar, terminando com um banquete saudável e gostoso. Pode também ser uma postura de evitar ofender as pessoas, parar com as indiretas, ser mais gentil. Agradeça o auxílio divino e renove-se.

Festivais por meses:

â‚Ș Poseideon (Perition): Plerosia, Poseidea, Dionísia Rural, Haloá

â‚Ș Gamelion (Dystros): Lenaia, Gamelia/Theogamia

â‚Ș Anthesterion (Xanthikos): Anthesteria, Mistérios Menores de Eleusis, Diasia, Soteria, Delia

â‚Ș Elaphebolion: Asklepieia, Dionísia Urbana, Pandia, Galaxia, Elaphebolia

â‚Ș Mounykhion (Daisios): Delphinia/Iketiria, Mounykhia, Olympeia, Demetreia, Braboneia, Eroteia

â‚Ș Thargelion (Panemos): Thargelia, Bendídeia, Kallynteria, Plynteria

â‚Ș Skirophorion (Loios): Arrephoria, Skirophoria, Dipolieia, Bouphonia, Diisoteria

â‚Ș Hekatombaion: Ano Novo Ateniense, Kronia, Synoikia, Panathenaia Maior, Aphrodisia, Adonia, Eiseteria, Hekatombaia, Artemisia, Ponnykhis

â‚Ș Metageitnion (Hyerbetaios): Eleusínia, Metageinia, Herakleia Kynosargous, Brauronia

â‚Ș Boedromion (Dios): Ano Novo Espartano, Niketeria, Genesia, Artemis Agrotera (Kharisteria), Boedromia, Demokratia, Grandes Mistérios de Eleusis, Ninfas e Akhelous e Hermes e Géia

â‚Ș Pyanepsion (Apellaios): Proerosia, Pyanepsia, Theseia, Stenia, Thesmophoria, Khalkeia, Oskhophoria, Apatyria

â‚Ș Maimakterion (Andynaios): Pompaia, Maimakteria

Explicações:

PLERÓSIA (Πληρώσια) Festival em honra de Zeus, no demos ático de Myrrhinous.

POSEIDEA nome Poseidon parece significar "Senhor da Terra" ou "Esposo da Terra" (do dórico: Poteidon = Potei-Dan = Senhor da Terra, como a sua às vezes esposa: Démeter = De-Meter = Ge-Meter = Mãe-da-Terra). Neste dia se homenageiam Poseidon e Anfitrite (deusa pré-helênica) e as divindades do mar. Poseidon era o deus dos mares, lagos e rios, o regente das criaturas aquáticas e senhor dos terremotos e tempestades. Embora nos mitos gregos mais recentes Anfitrite seja descrita como uma simples Nereide, ela era a manifestação feminina dos oceanos, morando nas grutas submarinas repletas com suas jóias, de onde emergia para provocar ou acalmar as tempestades, direcionar as ondas ou cuidar dos peixes e mamíferos marinhos. Uma das manifestações de Anfitrite era a deusa grega da água Halsodine.

TERRA DIONÍSIA / DIONÍSIA RURAL (Διονύσια τα τατ'αγρούς)  Este festival a Dionísio, que é chamado de Terra Dionísia (ta Kat’Agrous Dionysia) ou Pequena Dionísia (ta Mikra Dionysia), não é celebrado em uma data fixa, mas a um tempo determinado por cada vila. Todos participam (incluindo, em tempos antigos, os escravos). De acordo com Plutarco, há uma procissão que inclui os carregadores de um jarro de vinho e uma videira, alguém conduzindo um bode, depois os Kanephoros (Portadores-de-Cesta) carregando uma cesta de passas (uvas secas), depois os carregadores de um mastro-falo ereto de madeira, decorado com hera e fitas, e finalmente o cantor da Phallikon (Canção Fálica), que é dirigida a "Phales", embora a procissão possa ser mais elaborada. No Askolia, o segundo dia do festival, há o Askoliasmos, uma competição para ver quem pode balançar por mais tempo em cima de uma banha, um odre inflado. Askoliazo pode se referir a ficar de pé com uma perna só, porque há muitas outras competições de um-pé-só no festival (por exemplo, corridas de um pé só, ou girar sobre um pé só, etc). Também podem ser competições dramáticas; mas, realmente, Aristóteles alegou que a comédia nasceu no Terra Dionísia.

HALOÁ (ΆλωÎŹ) Festival em honra a Deméter e Dionísio. Tem esse nome por causa do "halos", o chão debulhado. O festival incluía bolos em forma de falos ou pudendas, mas sem as comidas proibidas nos Mistérios Eleusinos (romãs, maçãs, ovos, aves e alguns peixes). Mulheres dançavam em torno de um falo gigante, deixando-lhe ofertas. Mais tarde na noite, os homens eram admitidos e havia uma grande orgia pelo resto da madrugada. Um sacerdote e uma sacerdotisa presidiam sobre a celebração de fertilidade. [É também possível que os homens tivessem um festival à parte para Poseidon nesse dia.]

LÉNAIA (ΛÎźναια) Festival que celebra Dionísio, deus do vinho e da fertilidade. Embora o festival não seja bem compreendido, ele provavelmente é realizado para trazer a fertilidade e a primavera. Há uma procissão, durante a qual o Daidykhos (carregador da tocha) diz: "Invoque-se o Deus" e os celebrantes respondem: "Filho de Sêmele, Iaco, Fornecedor de Prosperidade!". Há também competições de drama (teatro), canção (música) e poesia. O Lenaia mais provavelmente tem esse nome por causa das Lenai, que eram Mênades (mulheres participantes nos ritos orgiásticos dionisíacos). À meia-noite, vestidas e portando os thyrsos (cajado), castanholas, tamborins, flautas e tochas, elas começavam uma dança extasiante que durava a noite inteira, em frente a uma imagem de Dionísio com uma coroa de flores. Esse ídolo é um poste simples, vestido em túnica de homem, com ramos de flores como se fossem braços levantados, e com uma máscara barbada de Dionísio. Diante dele ficava uma mesa com dois stamnoi (jarros, moringas) de vinho e um kantharos (cálice) entre eles; dos stamnoi as dançarinas bebiam o inebriante vinho.

THEOGAMÍA (θεογαμÎŻα) / GAMELIA Gamelion era chamado o "Mês do Matrimônio", e era um tempo popular para casamentos. O Gamelia (banquete de casamento) ou Theogamia (casamento dos deuses), no fim do mês, é uma celebração do Hieros Gamos (Sagrado Matrimônio) de Zeus e Hera, e é considerado um presságio de primavera e novos começos. Os gregos ofereciam a Hera figos cobertos de mel e guirlandas de ouro, invocando suas bênçãos durante os casamentos feitos neste dia.

ANTHESTÉRIA - PITHOIGÍA ('ΑνθεστÎźρια ΠιθιογÎŻα) [Abertura do Jarro]  O primeiro dia celebra a abertura dos pithoi (jarros) nos quais o vinho era fermentado. Uma pompe (procissão) simboliza a vinda de Dionísio do mar numa carruagem-navio para o Seu santuário. O Deus deveria ser representado por uma imagem ou um homem mascarado. A procissão inclui músicos e portadores dos instrumentos rituais, e outros homens, dirigindo carretas e talvez mascarados como os Sátiros, divertidamente lançando insultos aos espectadores curiosos. Os pithoi também são trazidos, e depois eles se quebram (abrem) e o vinho é misturado pelos sacerdotes (ou seja, diluído em água, como Dionísio ensinou aos gregos a bebê-lo), uma oferta das primeiras frutas é feita a Ele com uma prece pedindo que o vinho seja benéfico. Então o vinho é provado e há canções e danças, nas quais Ele é celebrado como o Amável-Florescer, o Festeiro, o Tempestuoso, etc.

ANTHESTÉRIA - KHOÉS ('ΑνθεστÎźρια ΧοÎźς) [Festa do Cântaro] Neste dia todos os templos dos deuses são fechados, exceto o Limnaion, o templo de "Dionísio nos Pântanos" (limnais, embora não haja pântanos/brejos presentes), que só é aberto durante o festival. Então os espíritos do submundo são libertados para perambular e curtir as festas dos vivos. Para se protegerem, as pessoas passam piche nas suas portas e mastigam ramos de arbusto de manhã. Os negócios são suspensos e nenhum juramento é feito. Também neste dia é comum que todas as pessoas com mais de 3 anos de idade bebam vinho. (Espera-se que as crianças participem por causa da sua conexão com a fertilidade). Todo mundo, incluindo crianças, tem seus próprios khoes (jarros, sendo de 2 litros para os adultos) e bebem em canecas de vinho, normalmente adquiridas no festival. O khous tem um corpo arredondado, pescoço curto e boca trifoliada. Este é um festival muito orientado para as crianças, e o primeiro Khoes de uma criança é um dos maiores pontos de desenvolvimento da vida: Nascimento, Khoes, Puberdade e Casamento. Ele ou ela é coroado com flores e deve receber um khous, assim como outros presentes, como brinquedos e animais de estimação; os professores geralmente convidam seus pupilos para uma recepção. Este é um dia de bebedeiras, tanto em público quanto em particular. Pessoas diferentes são convidadas pelo mais alto sacerdote de Dionísio para uma competição pública de bebidas. Um sinal de trompete anuncia o começo da disputa, durante a qual ninguém pode falar (nessa hora as pessoas são separadas umas das outras assim como dos outros deuses que não Dionísio). A vitória vai para o primeiro a esvaziar seu khous, que é agraciado com um odre cheio. Competições particulares são similares, mas o prêmio é uma torta. Participantes trazem sua própria comida, cálices e khoes, já cheios de vinho misturado (da Pithoigia); o celebrante provém as coroas de flores, os perfumes e as sobremesas. Depois da disputa, eles colocam suas coroas de flores em volta de seus khoes e vão até o Limnaion, onde eles dão suas coroas para os sacerdotes. Lá eles todos agradecem a Dionísio despejando uma libação ao Deus do último vinho de seus khoes.

ANTHESTÉRIA - KHÝTROI ('ΑνθεστÎźρια Χύτροι) [Festa do Pote] Uma vez que os Helenos contavam o dia a partir do pôr-do-sol, o último dia do festival começa na noite do Dia dos Jarros. Esta é a noite do Hieros Gamos (Sagrado Matrimônio) de Dionísio com a Basilenna (Rainha), a esposa do Arkhon Basileus (Sacerdote Rei); ele deve entregar sua esposa a Dionísio assim como Teseu, seu distante predecessor, entregou Ariadne a Ele. No recinto sagrado a Basilenna ministra um juramento de pureza para as quatorze mulheres, as Gerarai (As Veneráveis) do Limnaion, que são nomeadas por ela: "Eu santifico a mim mesma, pura e consagrada, de todas as coisas que não são purificantes e especialmente de todo intercurso com homens, e eu devo agir como Gerara ... nos moldes ancestrais e em todos os tempos apropriados." Elas então conduzem ritos sagrados, o que inclui fazer ofertas para os quatorze altares e dançar diante de máscaras de Dionísio como no Lenaia. Outra pompe (procissão) traz a Noiva Sagrada, que é identificada com Ariadne, para sua câmara nupcial no Boukoleon (talvez a antiga casa do Arkhon Basileus). Ela é precedida por um guia portando duas tochas, que personifica Hermes Psychopompos (Guia Espiritual); ele usa a ependytes, uma túnica decorativa. Um Sátiro (talvez mascarado) carrega a alta cesta do dote na cabeça ou faz sombra sobre a Basilenna; uma das Gerarai carrega uma tocha. Os ritos atuais de Hieros Gamos são secretos, mas isto pode ser dito. A Noiva Sagrada espera na sua cama nupcial, enquanto um Sátiro age como Thyroros (Porteiro) na câmara nupcial. Então, em segredo mas com um Sátiro acompanhando-o carregando Seu khous, Dionísio vem bêbado para Sua noiva para a consumação do casamento deles, durante o qual os festeiros com suas tochas celebram fora da câmara nupcial. (Tem-se hipotetizado que a Basilenna durma com um representante de Dionísio ou com uma pessoa mascarada, talvez o Arkhon Basileus ou o mais alto sacerdote de Dionísio). Depois do fim do dia o Aiora (balanço, "swing") comemora a Erigone (Prematura), que enforcou a si mesma de tristeza quando seu pai, que trouxe a vinicultura para Atenas, foi morto por um homem bêbado. As garotas se balançam numa dança e os garotos pulam em sacos cheios de vinho. Por essas ações e por enforcar máscaras agitadas e marionetes em árvores, as crianças transformam a memória de uma morte triste em um símbolo de jubilosa vida nova, purificam a vindima dessa tragédia (balançando num significado tradicional de purificação do Ar) e banem os espíritos do submundo (veja mais abaixo). Também neste dia o Hydrophoria (Portador-da-Água) é celebrado: uma procissão de garotas carregando hydriai (moringa d’água) nas suas cabeças vão para um lugar onde a água pode ser despejada numa fenda cúbica da terra; então elas comemoram seus ancestrais que morreram no dilúvio de Pirra e Deucalião, e celebram o desaparecimento dos dilúvios na terra. Finalmente, uma refeição é preparada para o morto (e para Hermes Psychopompos, seu guia), cozinhando-se vários grãos com mel em khytrai (potes de barro, a partir dos quais este dia é nomeado). De acordo com a tradição, era essa refeição, que é o mais primitivo prato de cereais, que era comido depois do dilúvio. Todo mundo divide essa comida, exceto os sacerdotes (pois os templos estavam fechados). No final do festival, os espíritos do submundo são banidos dizendo-se: Thyraze Keres, ouk eni Anthesteria! "Vão embora, Keres (Espíritos Mortos), o Anthesteria terminou!" A celebração ritual do dilúvio, o balanço, e o banimento da morte marcam a ressurreição, como se fosse a própria ressurreição de Dionísio.

OBS.: O Anthesteria é o "Festival das Flores," quando os primeiros botões de flor aparecem, e é um dos mais antigos festivais gregos, datando de antes do segundo milênio Antes da Era Comum; também era chamado de Mais Velha Dionísia. Nessa época, as videiras se enchem de novo e a segunda fermentação do vinho é completada; ficando agora pronto para beber, e então este festival complementa a Oskhophoria, que celebra a vindima. No primeiro dia, degustava-se o vinho da safra nova; no segundo, levavam-se guirlandas de flores aos templos. No terceiro, festejava-se o casamento sagrado entre o deus e a deusa, representados pelo rei e pela sacerdotisa, reverenciando-se ao final os ancestrais.

MISTÉRIOS MENORES DE ELEUSIS  A iniciação nos Mistérios Inferiores é um pré-requisito para a iniciação nos Grandes Mistérios Eleusinianos. Os Mistérios Inferiores realizam a purificação preliminar do Mystos (Iniciado). Esses ritos sagrados pertencem à Réia - a Mãe dos Deuses, embora também se diga que se celebrava o retorno de Perséfone do mundo subterrâneo, com rituais de fertilidade da terra, destinados a ativar o poder de germinação e o despertar/desabrochar da natureza, mas nada mais pode ser dito sobre eles.

DIÁSIA (ΔÏŠÎŹσια) A 'Diasia' (de Deus = Zeus) é o principal festival para Zeus Meilikhios (O Gentil), que é Zeus no seu aspecto submundano, manifestando-se como uma cobra gigante. Burkert sugere que essa imagem paternal significa reconciliação com os mortos, assim como seu epíteto se relaciona ao efeito apaziguador das ofertas aos mortos. Apesar desse efeito, o clima do festival era de alegria, como uma feira rústica, conforme Aristófanes dá a entender em várias referências. As famílias ricas queimavam ofertas inteiras a Zeus, mas as pessoas comuns ofereciam bolos no formato de animais. São as "ofertas sem sangue" ('thymata epikhoria'), como as descrevia Tucídides. Hoje fazemos apenas as ofertas de bolos/tortos/biscoitos no formato de animais, como ovelhas e porcos, mas também oferecemos grãos e frutos porque Ele é responsável pela fertilidade do solo e é normalmente mostrado com uma cornucópia (corno de bode). Segundo Kerényi, Zeus Meilikios também recebia ofertas de mel. Uma vez que este é um festival de propiciação, todas as ofertas são queimadas para o Deus. Depois disso, há uma festa geral e presentes são dados às crianças (que são especialmente queridas pelas deidades submundanas). A Diasia é um festival que acontecia não no centro de Atenas, mas na beira do rio Ilissos.

SOTERIA Dia 5 de Anthesterion. Festival em honra a Zeus Soteros (o Salvador). A maior parte das fontes sobre o festival é datada do século III AEC e da região de Delfos. Em Delfos o festival celebrava a vitória dos helenos sobre os celtas gauleses, no século III AEC; na ocasião os gauleses, liderados por Breno (Brennus) tentavam conquistar e saquear a cidade. O festival seguia os parâmetros gerais para as celebrações, com libações e sacrifícios aos heróis da batalha e principalmente a Zeus Soter, o salvador dos helenos.

DELIA Dia 29 de Anthesterion. Celebrações realizadas no santuário de Délio na Maratona, de onde a Theoria (grupo de representantes) ateniense começa a sua jornada para a ilha de Delos.

ASKLEPÍEIA ('ΑσκληπÎŻεια) Festival em honra de Asclépio, Apolo e Higéia. “Em honra de Asclépio, cobras eram usadas em rituais de cura. Serpentes não-venenosas eram deixadas para arrastar no chão de dormitórios onde enfermos e feridos dormiam. (...) Os centros de cura eram chamados de asclepieion; os peregrinos iam em bandos para lá para serem curados. Eles passavam a noite e contavam seus sonhos a um sacerdote no dia seguinte. Ele prescrevia a cura, que normalmente era uma visita aos banhos ou ao ginásio.” (Michael Lahanas)

CIDADE DIONÍSIA / DIONÍSIA URBANA / DIONUSIA TA ASTIKA (Διονύσια τα ÎŹστιχÎŹ)  Festival de vários dias em honra de Dionísio. A celebração começava com ofertas de touro e porco, com o deus Falo (Phallus) sendo coroado e a estátua de Dionísio sendo carregada pela noite. Também há procissão, teatro e danças ditirâmbicas.

PÁNDIA (ΠÎŹνδια) Festival em honra de Zeus Pandios e de Pandias (filha de Zeus e Selene), estabelecido por Pandion, rei de Atenas e líder do clã dos Pandionídos. Sabe-se apenas de um Demos (Plotheia) que celebrava esse festival.

GALAXIA Festival em honra de Réia, libação e banquete acontecem com a Galáxia, um mingau de farinha de cevada fervida com leite. Os jovens oferecem potes dourados e trocam entre si doces feitos de leite e mel. O festival de primavera chamado Galaxia tem a ver com Réia, o nascimento de Zeus e a dança dos Curetes.

ELAPHEBOLIA Festival arcaico em honra de Artemis Elaphebolos (caçadora de cervo) com ofertas de pão em forma de cervo, feito com farinha, mel e sementes de gergelim. Provavelmente acontecia no sexto dia do mês, que é o dia dela. No século IV AEC, este festival foi perdendo importância, com o festival da Dionisia Urbana crescendo em seu lugar.

DELPHÍNIA (ΔελφÎŻνια) ou IKETIRIA Festival para honrar Apollon Delphinio (ou seja, "Apolo de Delfos"; Delfos era a cidade onde havia um oráculo no templo de Apolo), com uma procissão na qual garotas virgens ofereciam Iketiria (ramo de oliveira amarrado com lã) e Popana (bolos assados no forno) para Seu santuário. Este festival acontece em memória do retorno de Teseu de Creta e para suplicar a Apolo que tenhamos viagens marítimas seguras (o inverno teria acabado e as jornadas no mar começariam nesta época do ano).

MOUNYKHÍA (ΜουνυχÎŻα) Festival em honra de Ártemis Mounykhia e o herói Mounykhos. Este festival honra Ártemis como Deusa da Lua e a Senhora das Feras. Há uma procissão na qual as pessoas carregam Amphiphontes (brilhante dos dois lados), tortas arredondadas nas quais 'dadia' (pequenas tochas) são fixadas, simbolizando o nascente e o poente da lua; bem parecido com as tortas oferecidas a Hécate. As tortas são oferecidas a Ártemis com uma prece semelhante a esta: "Ártemis, Querida Mestra, para Quem eu carrego, Senhora, este Amphiphon, e que deverá servir como oferta bebível". Alguns dizem que a razão da torta ser chamada Amphiphon, que também pode significar "Brilho de Dupla Luz", é que ela é oferecida quando o sol e a lua estão ambos visíveis. Nos tempos antigos, uma cabra era sacrificada à Senhora; agora nós podemos usar tortas em forma de cabra, ou oferecer folhas de palma, porque as palmas são sagradas a Ela. Este é também um tempo apropriado para o Arkteia (Encenação da Ursa) em agradecimento pelos animais dos jogos juvenis (o mais importante, para as tribos do Neolítico, era o urso). As Arktoi (Ursas) são jovens garotas (com cerca de 10 anos de idade) que dançavam vestidas em khitones (túnicas) de cor açafrão. Elas usam coroas de folhas no cabelo e carregam tochas ou galhos.

OLÝMPEIA ('Ολύμπεια) Festival em honra a Zeus Olímpio. O festival incluía uma procissão de cavalaria, e às vezes também competições e exibições de cavalaria. Além disso, vários touros eram sacrificados a Zeus.

DEMETREIA Festival arcaico em honra de Demetra, os celebrantes açoitavam uns aos outros simbolicamente com ramos de uma árvore chamada Morotos. No dia 13 de Mounykhion. A lua cheia marcava o final do festival.

BRABONEIA Festival em honra de Ártemis, nos ritos participam as 'Arktoi', garotas de 5 a 10 anos de idade usando túnicas amarelo-açafrão. Antigamente, uma cabra branca era sacrificada e os itens sagrados de Ártemis eram carregados em procissão dentro de um cesto chamado 'Heleni' e a celebração terminava com a dança das jovens sacerdotisas. Dia 17 de Mounykhion.

EROTEIA Festival em honra de Eros, que acontecia a cada cinco anos em Thespies, na Boiotea/Beócia. No dia 4 de Moynykhion (2006 - 2011 - 2016 - 2021...).

THARGÉLIA (ΘαργÎźλια)  o Thargelia, que é provavelmente idêntico ao antigo Thalysia (Oferta dos Primeiros Frutos), é um festival da colheita, celebrado quando o milho é debulhado. Embora em muitos casos o tempo varie de fazenda a fazenda e coincida com a real conclusão da colheita (maio ou junho), uma vez que este é um festival para Apolo (como um guardião de safras), ele nominalmente ocorre no sétimo dia, Seu aniversário. O festival tem duas partes: purificação e oferenda. O sexto dia (o aniversário de Sua irmã, Ártemis) é um dia de purificação, e dois homens (preferivelmente sem atrativos), os Pharmakoi (Bodes-Expiatórios), que foram alimentados pelas pessoas, são conduzidos pela cidade, e depois afugentados por ramos de figo e bulbos de cebola (venenosos/tóxicos e usados para a purificação). Um dos Pharmakos usa um colar de figos negros, o qual representa os homens da cidade, e o outro usa um colar de figos brancos, representando as mulheres. O dia seguinte é para a oferta dos primeiros frutos ao Deus; o Thargelos é feito com milho fervido e outros vegetais em um pote. Há disputas separadas de cantoria de hinos, para coros masculinos de homens e de meninos; os vencedores recebem um trípode, o qual eles então dedicam ao Deus.

BENDÍDEIA (ΒενδÎŻδεια)  festival realizado na Trácia, dedicado à Bendi, deusa da lua e da fertilidade, que corresponde a Ártemis. O festival consistia de corridas de tochas a cavalo e de procissões indo para o templo de Pireus. O santuário de Bendis ficava na colina Mounykhia, perto do templo de Ártmis. Ela era representada como uma caçadora. Heródoto escreveu que as mulheres trácias ofereciam trigo a ela.

KALLYNTÉRIA (ΚαλλυντÎźρια) este é um festival pequeno, mas bastante importante em Atenas. Kallynteria é o festival da "Varredura" e é o dia em que as mulheres varrem o templo de Atena, e Sua chama eterna é recarregada e reacesa pelas sacerdotisas.

PLYNTÉRIA (ΠλυντÎźρια) Este é o festival para lavar (plynteria hiera) a estátua antiga de Atena Polias, Guardiã da Cidade (Polis); banhar imagens sagradas era um costume comum na Grécia e em outros lugares. O dia é considerado desafortunado (apophras) porque a Deusa está ausente da cidade; ele produz a ruptura da ordem normal, um vazio entre o velho e o novo. As mulheres retiram o peplos (manto) e as jóias da imagem antiga de Atena, a qual é então envolta e carregada em uma procissão para o local da lavagem. A procissão é conduzida por uma mulher carregando um cesto de tortas de figo, já que o figo é um antigo símbolo de fertilidade e foi a primeira comida cultivada; os doces devem ser oferecidos à Deusa no litoral. Epheboi (jovens rapazes) montados podem também acompanhar a imagem coberta. Ela é trazida ao litoral (porque deve ser purificada em água corrente, especialmente água salgada), onde é banhada por duas garotas, as Loutrides (banhistas); o peplos pode ser limpo ao mesmo tempo que a estátua (talvez por um sacerdote). Nesse começo de noite, a Deusa é reconduzida ao templo em uma procissão à luz da tocha e é coberta com o peplos limpo e adornado com Suas jóias. Apenas as Loutrides e as mulheres que vestem e despem a Deusa são permitidas de vê-la nua. A estátua antiga era de tamanho humano ou menor, entalhada em madeira de oliveira, e provavelmente mostrava a Deusa sentada e sem armas. Ela usa uma alta e dourada stephane (coroa) e podia ter uma Gorgoneion (cabeça de górgona, da Medusa) em seu peito.

ARREPHORIA ('ΑρρηφορÎŻα) Duas jovens garotas (entre 7 e 11 anos de idade), as Arrephoroi (Carregadoras das Coisas Não-Ditas) que são as filhas rituais do Arkhon Basileus (Sacerdote-Rei), passaram o ano precedente vivendo no templo de Atena Polias (guardiã da cidade). Alguns dizem que elas estiveram tecendo um novo peplos (manto) para Atena, o qual elas trarão a Ela na procissão sagrada (veja o festival Panathenaia no mês que vem). Em um secreto rito noturno, a Sacerdotisa dá para as Arrephoroi um pacote, cujo conteúdo é escondido de todas as três. Elas levam o pacote por um caminho secreto até o santuário de Afrodite nos Jardins, e trazem de volta outro pacote secreto. Depois disso, as Arrephoroi são substituídas por duas novas garotas. O rito recorda quando Atena deu o cesto contendo Erictônio para as filhas do Rei Kekrops, que atuaram como amas. Duas delas desobedeceram Sua ordem de não olhar no cesto, e quando elas viram o homem-serpente elas se jogaram da Acrópole, morrendo. O nome da ama leal era Pandrosos (TodaOrvalho), ou, de acordo com outras fontes, as duas filhas que se auto-sacrificaram eram Pandrosos e Herse (que também significa orvalho). (O festival também pode ser chamado de Ersephoria - Carregando Orvalho.) A árvore da oliveira, que era o presente especial de Atena a Atenas, traz pequenas olivas se não houver orvalho suficiente nesta época do ano. Afrodite, como Deusa da Manhã e Estrela Vespertina, era responsável pelo orvalho, e então Sua cooperação era essencial. As Arrephoroi usavam mantos brancos, jóias douradas, e comiam Anastatos (Feito-para-crescer), um pão leve especial (tipo um pastelão de queijo).

SKIROPHORIA/SKÍRA (ΣχÎŻρα) Este festival ocorre na época do corte e debulhamento do grão. A Sacerdotisa de Atena, o Sacerdote de Poseidon e o Sacerdote de Hélio vão para o Skiron, um lugar sagrado para Deméter, Koré, Atena Skiras e Poseidon Pater, pois lá foi onde Atenas e Elêusis se reconciliaram. Atena e Poseidon representam a vida da cidade, e Deméter e Koré representam a agricultura; Hélio testemunha Seus juramentos (como Ele testemunhou o rapto de Koré). O Skiron é onde, de acordo com a tradição, a primeira semeadura aconteceu. Um grande e branco dossel (chamado de skiron) é carregado sobre as cabeças dos sacerdotes e sacerdotisas durante a procissão. É um escudo que simboliza a proteção dos campos, fazendas e pessoas do calor escaldante, evitando a queimada e a seca. A Skirophoria é celebrada principalmente por mulheres (enquanto os homens dominam a Cidade Dionísia - ver mês de Elaphebolion). Para trazer fertilidade, elas se abstém do intercurso neste dia, e para este fim elas comem alho para manter os homens afastados. Elas também jogam ofertas dentro das megara - cavernas sagradas de Deméter: bolos em forma de cobra, falos e leitõezinhos. (Eles se tornam os Thesmoi - coisas deitadas ao chão - que são removidas na Thesmophoria, no mês de Pyanepsion). Essa cerimônia relembra o guardador de porcos Eubouleus que foi engolido/tragado com seus porcos quando Perséfone foi raptada para dentro do submundo por Hades. Os homens têm uma corrida na qual eles carregam ramos de videira do santuário de Dionísio até o templo de Atena em Skiras. O vencedor ganha a Pentaploa (Taça Quíntupla), contendo vinho, mel, queijo, algum milho e óleo de oliva. Só a ele é permitido compartilhar essa bebida com a Deusa, para quem uma libação é vertida para que Ela abençoe esses frutos da estação.

DIPÓLIEIA (Διπόλια - "ao deus da cidade") Festival em honra a Zeus Polieus. BOUPHÓNIA (Βουφόνια - "matança do boi") - Neste dia (parte do Dipolieia), algumas garotas buscavam água para usar em ferramentas afiadas. Os afiadores afiavam um machado com cabo e uma faca de açougueiro. Vários arados de boi eram arrebanhados pelo pasto até um altar, onde cevada e trigo tinham sido colocados. O primeiro boi que ia ao altar estava "consentindo" em ser sacrificado. Um homem matava o boi com o machado e outro cortava sua garganta com a faca. Ambos soltavam suas ferramentas e fogem. Depois o boi era retalhado e preparado para o banquete. Seu couro era estufado com palha e costurado, de forma que parecia vivo. Um julgamento então começava para determinar quem era o culpado pela morte do boi. As primeiras apontadas são as carregadoras de água. Elas culpam os afiadores, que, por sua vez, culpam os sacrificadores. Finalmente, os sacrificadores culpam o machado e a faca, que são declarados culpados e jogados ao mar. (O tema para refletir nesse festival parece ser o ato da reparação - alguém tem que pagar pelo que acontece - e de como nos livrarmos da culpa).

DIISOTERIA festival ático por volta do dia 30 do mês de Skirophorion, em honra a Zeus Soter e Atena Soteira (os Salvadores).

ANO NOVO ATENIENSE  No começo do ano ateniense, os magistrados faziam sacrifícios a Zeus o salvador da cidade (Zeus Soteros) e a Atena a salvadora (Athena Soteiras) na véspera. Eles esperavam proteção para a cidade no ano que iniciava. O primeiro ato do novo arconte era proclamar que tudo o que todos possuíam continuaria sendo deles. Todos os negócios do ano anterior tinham que ser completados antes do ano terminar, incluindo julgamento criminais que não poderiam ser deixados pro ano seguinte.

KRÓNIA (Κρόνια)  O Kronia é um festival cretense em honra de Cronos como o deus da colheita de grãos, que é representado com um gancho de ceifar. Neste dia, uma ceia com a safra celebra o final da colheita. Mais claramente, esta é uma celebração da Era de Ouro regida por Cronos e Réia, quando não havia trabalho laborioso nem opressão. Uma vez que essa era se deu antes de Zeus trazer ordem ao mundo, o Kronia é um festival caótico. Em tempos antigos, era permitido aos escravos correrem desordenadamente pelas ruas e serem convidados por seus senhores a suntuosos banquetes. Durante o Kronia, nós temos a permissão de um retorno temporário à Era de Ouro, à igualdade, à luxúria, ao ócio e à liberdade irrestrita. Antigamente, vestia-se um manto de linho branco e um amuleto de osso de porco com Zeus segurando uma foice. O cedro era associado ao sangue de Kronos.

SYNOIKIA (ΣυνοÎŻχια) / Synoikesia [associação]  é um festival em honra à "Poliouhos" (guardiã da cidade) Palas Atena, em memória dos vilarejos arcaicos amalgamados por Teseu para formar uma cidade organizada (Atenas).

PANATHENAIA (ΠαναθÎźναια)  A Panathenaia é, de fato, a celebração do nascimento de Atena, de acordo com a tradição que diz que foi no dia 28 de Hekatombaion que Ela irrompeu da cabeça de Zeus (representado no frontão triangular do lado leste do Parthenon). Embora seja o dia dela, todos os Olimpianos atendem às festividades (como vemos no friso leste), porque todos eles estavam presentes no nascimento dEla. Esta é uma festa sagrada, na qual os deuses e mortais celebram juntos o nascimento de Atena. O dia anterior à procissão Panathenaica é chamado de Pannykhis/Ponnykhis (Vigília de Noite-Inteira, com corridas de tochas, danças de virgens e jogos juvenis; um aspecto comum dos festivais gregos, uma vez que eles começam ao pôr-do-sol). Ao nascer do sol, o fogo sagrado é tirado do altar de Eros na Academia, onde um sacrifício foi feito a Eros e Atena (na Academia também há um altar a Prometeu, que trouxe o fogo aos mortais), e uma corrida de tocha leva o fogo para o altar de Atena. A cada quatro anos, a Panathenaia Maior é feita, para a qual um novo peplos (manto) é tecido para a Deusa (Seu presente de aniversário). Em sua faixa central de painéis se apresenta a Gigantomaquia, a batalha dos Gigantes contra os Olimpianos (representada nas métopas leste do Parthenon), que simboliza o triunfo da civilização sobre a selvageria. A procissão traz o peplos até a cidade, pendurado como uma vela no mastro de um navio com timão, o qual é pilotado por sacerdotes e sacerdotisas adornados com guirlandas coloridas. Epheboi (jovens rapazes) montados podem acompanhar a procissão. O navio é deixado na entrada dos precintos sagrados e o manto é carregado pelo resto do caminho sozinho ou no mastro. Na cabeça da procissão Panathenaica estão as Kanephoroi, as garotas enfeitadas de ouro, que carregam as Kana, as sagradas cestas de oferendas, as quais são dadas aos mestres-de-cerimônias no altar. As Kana contém a cevada que é atirada sobre o sacrifício e que cobre os implementos sacrificiais escondidos nas Kana. Depois vêm as Ergastinai (Trabalhadoras), que teceram o novo peplos, e outras garotas trazem tigelas e jarros (cântaros/moringas), incensários e implementos adicionais do ritual. Em tempos antigos, a procissão se dividia em duas filas. A fila do norte trazia uma vaca para Atena Polias, a guardião da cidade na Era do Bronze, e uma ovelha para Pandrosos (uma das filhas de Kekrops). Elas eram sacrificadas no altar do Velho Templo, o qual as deusas compartilhavam, e a carne assada era comida pelos sacerdotes e funcionários públicos. Esse rito de local fechado é mais velho que o sacrifício ao ar livre, o qual era destinado à fila do sul, que trazia gado para Atena Parthenos, a padroeira da democracia, até o Grande Altar, fora do Parthenon, onde a carne assada era dada ao público. Na procissão mais sagrada do norte, o(s) vitorioso(s) da corrida de tocha (um vitorioso na Panathenaia Menor, e todos os quatro na Maior) devem trazer água para o sacricífio nos hydria (jarros d’água) que eles ganharam nas corridas; eles serviam como Hydriaphoroi (Carregadores de Água). Eles são seguidos por músicos, tanto tocadores de lira (Kitharodoi) quanto flautistas (Auletes), uma vez que a música normalmente acompanha os sacrifícios. Os músicos eram elegantemente vestidos, por exemplo, em khiton (túnica) com mangas, um peplos (manto) e uma himation (capa), como vemos no friso norte do Parthenon (nas placas VII e VIII). Em ambas as filas há os Skaphephoroi (Carregadores de Bandeja), jovens homens vestidos em becas púrpuras, que carregam em seus ombros bandejas de bronze ou prata com bolos/tortas e favos de mel. (Eles seguiam os vencedores da tocha na procissão do norte e o gado na procissão do sul.) Depois dos Carregadores de Bandeja, vinham na procissão os Thallophoroi (Carregadores de Ramos), Idosos bem-aparentados, que carregavam galhos das árvores sagradas de oliveira, e os outros celebrantes. Os Não-Helenos (nãogregos) carregavam ramos de carvalho. O número 4 organiza a procissão: quatro Hydriaphoroi, quatro Kitharodoi, quatro Auletes, quatro ovelhas e quatro vacas. O peplos é retirado do mastro, se necessário, e dobrado por um jovem garoto ou garota e um sacerdote (o Arkhon Basileus), que o dará para a sacerdotisa de Atena Polias. A garota pode ser uma das Arrhephoroi (veja o festival da Arrephoria no mês de Skirophorion), que eram as filhas rituais do Arkhon; o garoto, que é seu filho ritual, pode ser o rapaz encarregado de alimentar a Cobra Sagrada. Eles correspondem às três filhas e o filho de Kekrops, o homem-serpente que foi o primeiro rei de Atenas e um grande benfeitor das pessoas. Crianças participam de muitas outras formas; algumas carregam accerai (do latim, caixas de incenso) para preencher os thymiateria (incensários). Elas também carregam pequenas e sagradas mesas e cadeiras, que são arrumadas para entreter as deusas ctônicas (da terra) aliadas com Atena: Pandrosos (Toda Orvalhada) e Ge Kourotrophos (Mãe Terra Cuidadora, a padroeira das enfermeiras). Ge Kourotrophos tem a cadeira maior, uma vez que Ela é mais importante que Pandrosos, pois Ge recebe a prothyma (primeira oferenda) de todos os sacrifícios atenienses, talvez cevada do Kanoun (cesto sagrado) ou bolos de mel trazidos pelos Carregadores de Bandeja (ambas oferendas típicas a deidades ctônicas). A cidade é especialmente agradecida a Ela pelas lindas crianças e jovens mulheres, que caminham juntas na procissão. O trigésimo Hino Homérico agradece a Mãe Terra pelas condições bem-ordenadas da beleza das mulheres; onde seus filhos exultam com alegria e jovial folia; suas filhas tocam em danças de espalhar flores, com o coração feliz, e saltando sobre campos em flor. “Assim dadas a Ti, Sagrada e Rica Divindade”. Note que, como as vítimas do sacrifício, que devem ser livres de máculas, pessoas bem-aparentadas e distintas (hoi kaloi k’agathoi) são proeminentes na procissão - a Deusa é honrada com o melhor que a cidade tem a oferecer. O novo peplos é colocado nos joelhos de Atena como um presente, e é mais tarde armazenado com os tesouros; ela não ‘troca de roupa’ desta vez, isso é feito no festival da Plynteria. Sacrifícios são também feitos para Atena Hygieia (Deusa da Saúde) e Nikê (da Vitória). Na Panathenaia Maior, os três ou quatro dias seguintes à procissão são ocupados por Agones (competições) esportivas (corridas, boxe e luta-livre) e artísticas (música, poesia). Traditionalmente o prêmio para os atletas é uma ânfora Panathenaica contendo óleo de oliva do bosque sagrado da deusa; e o prêmio para os artistas é uma coroa dourada de olivas silvestres, e às vezes dinheiro. Podem haver competições para as crianças, nas quais elas são premiadas com coroas planas de oliveira. Dez funcionários públicos chamados de Hieropoioi (Administradores dos Ritos) organizam a Panathenaia Menor; os dez Agonothetai (Diretores das Competições) administram a Maior.

APHRODISIA  Este é o festival do banho de Afrodite Pandemos (Afrodite de Todas as Pessoas) e Peitho (Persuasão), Sua ajudante, que têm sido consideradas deusas poderosas desde o período arcaico; elas são tanto deusas da guerra e diplomacia quanto deusas do amor. Primeiro o templo era purificado (em tempos antigos, com o sangue de uma pomba, o pássaro de Afrodite) e o altar era ungido. Era celebrado na Grécia e em Chipre, como um festival pan-helênico com banquetes, danças e jogos atléticos. Hoje em dia, nós podemos dedicar uma rosa limpa para Ela e ungir o altar com óleo puro de rosas (ou maçãs e murta).

ADONIA  Festival a Adônis, celebrado exclusivamente por mulheres, por serem normalmente elas as que pranteiam os mortos. Durava dois dias. No primeiro elas levavam estátuas de Adônis às ruas e faziam um funeral das mesmas, proferindo lamentações e se batendo, para imitar os gritos chorosos de Afrodite pela morte de seu amado. No segundo dia, havia alegria e banquetes, pois Adônis retornara à vida e passa metade do ano com Afrodite.

Durante esse festival, as mulheres plantavam em cestos e potes rasos os "Jardins de Adônis", feitos de cevada, trigo, alface, erva-doce e outras plantas que germinam rapidamente nos telhados das casas. Elas brotam rápido, mas também morrem logo, devido a seus sistemas de raizes não-profundas, então elas eram descartadas ao final de oito dias, junto a outras imagens do deus. A data do festival tem sido debatida. Ele era relacionado com o ciclo da lua nova no mês de Hekatombaion.

EISETERIA  Festival em honra de Zeus Boulaios e Athena Boulaia no dia 1º de Hekatombaion.

HEKATOMBAIA  Celebração com grandes ritos rites em honra de Apollon Hekatombaios e Zeus Hekatombaios no dia 7, dia de Apolo.

ARTEMISIA Festival em honra de Artemis no dia 21.

ELEUSÍNIA ('ΕλευσÎŻνια)  Festival de ação de graças e sacrifícios em honra a Deméter, na época da colheita dos grãos. Não tinha relação com os mistérios de Elêusis (apesar da semelhança dos nomes). O festival, realizado a cada dois anos, incluía jogos e concursos. (2016/2018/2020...)

HERÁCLEIA ('ΗρÎŹκλεια) KYNOSARGOUS  Festival das crianças ilegítimas (crianças de pais não-casados) e celebração da morte de Héracles pelos atletas no ginásio em Kynosarges, no demos Diomeia, fora dos muros de Atenas, em um santuário dedicado a Héracles. Era o único festival ateniense aberto aos não-cidadãos, os sacerdotes desse festival eram escolhidos de uma lista de garotos não totalmente atenienses (os "nothoi"). O dia envolvia indulgência em comer e beber, para imitar o heroi honrado. Doze homens eram selecionados para agir como "parasitoi", companheiros de banquete da divindade. O levantar dos touros para cima do altar era uma demonstração de força, também para homenagear o heroi. O culto ático a Héracles era ligado à juventude. Em Tebas, a festividade consistia de várias competições atléticas e musicais, além de sacrifícios. Lá, a Herakleia era celebrada na Iolaeia, o ginásio de Iolaus, que era sobrinho e "eromenos" de Herakles. Os vencedores ganhavam tripés de bronze.

METAGEITNIA  Este é um festival pequeno em honra de Apolo pela Sua habilidade de trazer a harmonia. É uma celebração de boas relações com o próximo.

BRAURONIA  Celebração a cada 5 anos na cidade ática de Brauron para Ártemis como Potnia Theron, a senhora dos animais. As meninas (de idade entre 5 e 10 anos) vestem túnicas amarelas e máscaras com pêlos de urso, dançando e cantando para reverenciá-la como Deusa dos Ursos. (Também havia um festival Brauronia em Brauron para os homens e mulheres dissolutas em honra a Dionísio, mas não se sabe se era na mesma data que o de Ártemis, o mais provável é que não.) - Ver "Braboneia".

ANO NOVO ESPARTANO  O ano na Lacônia começa no mês de Boedromion, enquanto o ateniense começa no mês de Hekatombaion, 2 meses antes.

NIKETÉRIA (ΝιχητÎźρια)  Festival em honra de Niké, deusa da vitória.

GENÉSIOS (Γενέσιος) ou Genesia  Festival Ateniense público em honra dos mortos. As famílias honram particularmente seus mortos nos seus aniversários de falecimento. Há lamentações e discursos de louvor. Nos tempos antigos, a aproximação do equinócio de outono marcava o fim do tempo das campanhas de verão, então muitos desses festivais estão relacionados ao fim das lutas.

ARTEMIS AGROTERA (Άρτεμις Άγροτερα)  festival à Ártemis como deusa da caça, Artemis Agrotera (Caçadora), já que o 6º dia é o aniversário dela. O festival era realizado fora dos muros de Atenas, em Agrai nos Ilissos, onde dizem que ela primeiro se envolveu com a caça depois de deixar Delos. Também nessa data se diz que aconteceu a vitória ateniense na batalha de Maratona, e esse festival passou a se tornar conhecido como KHARISTERIA ("Ação de Graças"). Aparentemente, Ares também foi incluído nas festividades de alguma forma. Burkert notava que Ares e Artemis eram cultuados juntos antes das batalhas dos espartanos, ligando assim a guerra com a caça.  [Kharisteria também é o dia em que o Rei Teseu de Atenas derrotou as amazonas na batalha de Ática (a Amazonamaquia) e é considerado o dia da perda do matriarcado, onde a Rainha das Amazonas Antíope ficou ao lado de seu marido e os atenienses lutaram contra as amazonas. Antíope foi morta por Molpadia. Este é um dia de lamentações para elas/nós. Um mês depois será o 'orkomosion', que é o sacrifício das amazonas realizado antes da festividade da Theseia. As amazonas assinaram um tratado de paz com Teseu, por isso esse foi chamado o 'dia do juramento'.]

BOEDROMIA Este festival é uma ação de graças menor, para Apolo (uma vez que o dia 7 é seu aniversário), em gratidão a ele como um resgatador na guerra. O Boedromia é dedicado a Apolo Boedromios ("o que ajuda na aflição", "o que corre para ajudar alguém") era um festival de conotação militar, agradecendo sua intervenção nas guerras. Ele poderia ser a comemoração de um evento como a ajuda trazida a Teseu na batalha contra as amazonas ou como o auxílio dado ao rei Erecteus durante seu embate contra Eumolpus. Neste dia também se faziam sacrifícios a Artemis Agrotera. Artemis Argotera tinha um templo no século V AEC, com uma estátua carregando um arco. Durante o Boedromia,  uma procissão armada ia ao templo fazer sacrifícios em honra da vitória na Batalha de Maratona. (Era um 'sacrifício matador' [sphagion] de 600 cabras, para Artemis Agrotera.) O templo foi destruído em 1778, quando os otomanos que ocupavam Atenas demoliram antigos locais para ter material para construir uma muralha em torno da cidade.

DEMOKRATÍA (ΔημοχρατÎŻα) Festival no qual os atenienses celebravam a democracia, o governo constitucional, e a justiça sob a lei. Eram honrados Zeus Agoraios, Atena Agoraia e a deusa Têmis. O estabelecimento da democracia em Atenas era visto como um presente divino dessas três deidades. Têmis é a deusa da lei divina, as primeiras leis não escritas que governavam a conduta humana e que foram estabelecidas primeiro pelos deuses celestes. Acredita-se que ela elaborou esses editos à humanidade através do oráculo de Delfos, o qual ela presidia com Apolo. Este é um dia para agradecer a liberdade política e os direitos que temos hoje.

PREPARAÇÃO para os Grandes Mistérios de Eleusis as preparações começam dois dias antes dos Mistérios, pois no dia 13 dois cavaleiros, os Epheboi (Adolescentes), viajavam para o Eleusis e no dia 14 eles acompanhavam Ta Hiera (as Coisas Sagradas, ou os "sacras"), contidas no círculo Kistai amarrado com fitas púrpura, que eram trazidas pelo vagão da carroça até Atenas - algumas fontes dizem que as sacerdotisas carregavam as cestas na cabeça -, onde eram recebidas no santuário (Eleusinion). As sacerdotisas percorriam em silêncio os 30 km que separavam Eleusis de Atenas. Um oficial, o Phaidryntes (Limpador) das Duas Deusas, relata sua chegada à Atenas, quando a sacerdotisa de Atena oferece respeito às duas sacerdotisas de Demeter. (As duas Deusas são, claro, Demeter e Perséfone, mas seus nomes são considerados sagrados demais para serem mencionados nos ritos).

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS Agyrmos (Colheita)  Os "sacra" eram depositados no Eleusinion, o santuário de Demeter na Ágora (templo) de Acrópolis, até o dia seguinte, quando eram purificados no mar. Os 'que-seriam' Mystai, que já devem ter sido iniciados nos Mistérios Inferiores, entram na Ágora. O Kerykes (Arauto) chama-os para seguir em frente, e informa-os que eles devem ter "uma consciência (alma) de não maleficência" e que eles "devem ter vivido bem e justamente". Aqueles afligidos pela 'culpa sangüínea' ou outras impurezas são advertidos a sair (todos aqueles que tinham cometido algum delito ou que não falavam grego). Nesse momento nomes podem ser tomados e pode-se assegurar de que o postulante já foi iniciado nos Mistérios Inferiores. O postulante passa o resto do dia em exercícios espirituais recomendados pelo seu ou sua Mystagogos.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS Holade Mystai (Em direção ao mar, Iniciados!)  O segundo dia é para a purificação. As sacerdotisas levam os "sacras" escoltadas pelos epheboi. Os postulantes - vestidos com túnicas brancas - viajam para o mar (ou outro lugar para ritual de limpeza). Ao comando dos tambores e dos gritos de "Em direção ao mar, Iniciados!" dos(as) sacerdotes(isas), os postulantes entram na água com suas ofertas, onde ambos podem ser purificados pelo sal da água. Nos tempos antigos, a oferta era um leitãozinho, que era fornecido ao postulante, porque o porco é sagrado para Demeter. No começo da noite o leitão era sacrificado e o postulante era aspergido com o seu sangue; mais tarde havia uma festa com a carne do porco. Hoje em dia nós costumamos usar milho cozido como oferta, e o postulante é aspergido com a água onde o milho foi cozido.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS  Hiereia Devro (Perto das Vítimas)  O terceiro dia é para o sacrifício principal às Duas Deusas.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS  Epidauria/Asclepia - Festival em honra de Asclépio  Neste dia o(a) postulante é isolado (a) entre paredes para se preparar mentalmente para a iniciação. Há também celebrações para o deus Asclépio (Deus da cura) neste dia. Ele vem, com sua filha Higéia (Saúde) e sua cobra sagrada, e requere a iniciação do Eleusiniano. Por meio de libações de vinho chamadas trygetos, invocava-se a proteção de Dionísio e Asclépio. Os sacerdotes preparavam kykeon, a bebida sagrada, e os iniciados continuavam recolhidos e jejuando. O Epidauria incluía uma procissão com mulheres carregando ofertas e um banquete com um sofá para o deus deitar. Esse festival ocorria exatamente seis meses antes do Asklepieia, que ocorria perto do Cidade Dionísia.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS Pompe (Marcha para Eleusis)  O cavaleiro Epheboi, o postulante Mystai, seu Mystagogoi, o iniciado Mystai, e a escolta de oficiais Ta Hiera voltam pelos 30 km até Eleusis. A procissão começa no santuário de Iaco, e seu sacerdote, o Iakkhogogos (Guia de Iaco), lidera a procissão com a sagrada imagem de Iaco, que o retrata como um jovem portador da tocha. Iaco é o nome Eleusiniano de Dionísio/Baco; na procissão ele é o regozijante atendente das Duas Deusas, e mediador entre elas e o Mystai. As marchas são acompanhadas pelos músicos (flauta, harpa, voz); todos se unem em um grito de êxtase, "Iakkhe!" ("Grite!"). O Mystai veste roupas novas, uma guirlanda de murta e pode carregar bakkhoi (ou bacchus), que são cajados feitos de galhos de murta entrelaçados e atados com lã (símbolos da morte do velho e nascimento do novo); eles também podem carregar uma sacola de necessidades de viagem numa estaca. Observações religiosas são feitas pelo caminho. A procissão parava em certos lugares para deixar oferendas sob as hiera syke (figueiras sagradas). Em um lugar o Krokidai amarra uma linha de lã amarela (kroke) na mão direita e perna esquerda de cada postulante. Em outro lugar, na ponte sobre o rio Kefisos, os sacerdotes (mascarados ou disfarçados) expunham, publicamente, os vícios e as verdades vergonhosas dos iniciantes, que deveriam ouvir com humildade e não protestar. A intenção era expor o velho Eu para que ele morresse de vergonha e pudesse renascer. A parte final da procissão é com danças e cânticos à luz de tochas, porque Demeter é tradicionalmente retratada procurando Core pela luz da tocha. À noite o postulante oferece a Demeter o Kernos, que é um prato de barro com muitos pequenos copos junto; pequenas oferendas de frutas da terra (grãos, ervilhas, feijões, etc) são colocadas nos copos. O postulante divide-as com a Deusa.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS Iniciação

1) Synthema. No dia de iniciação, sacrifícios de produtos de milho são feitos para as Duas Deusas. Em simpatia com Demeter quando ela pranteou a ausente Core, os postulantes jejuam e preparam a si mesmos mentalmente para o rito sagrado. Ao início da noite, como Demeter quando ela aceitou a bebida de Metanaira, os postulantes bebem o Kykeon (bebida misturada), feita de água engarrafada, produto da cevada fermentada, e menta 'pennyroyal'. (Há divergências quanto os ingredientes do Kykeon, mas esta é a fórmula dada no "Hino Homérico a Demeter"). A mais famosa inscrição sobre este dia resume o que os iniciados faziam: "Eu jejuei, eu bebi o kykeon, eu peguei algo no cesto, eu coloquei algo de volta no cesto e depois passei do cesto para o meu peito". O 'retirar do cesto' se refere aos objetos sagrados (uma esfera, um cone e um espelho), o 'colocar de volta' designa as oferendas' e a menção ao peito assinala o complemento de um ciclo: tirar - devolver - se preparar de novo, com preces e encantamentos.

2) Epopteia. A iniciação, que dura até a noite, se dá em uma construção fechada chamada de Telesterion (Lugar de Iniciação); no seu centro fica o Anaktoron (Lugar do Anax - Rei), o "Sagrado dos Sagrados" para onde ninguém além do Hierophantes (Revelador) é admitido. Os ritos específicos da iniciação são, claro, secretos, e não foram revelados até hoje (embora uma grande quantidade de conjecturas tenha sido publicada). Antes de entrar no Telesterion, eram feitas oferendas de cereais e sacrifícios de leitões na gruta de Hades, no templo Plutonion. Uma pedra na entrada da gruta, chamada "omphalos" (o umbigo do mundo) assinalava a transição da luz para a escuridão, a descida de Perséfone ao mundo subterrâneo, revivida pelos iniciados que encarariam os fantasmas de seus medos da morte e as aparições tenebrosas dos espíritos dos mortos. Depois desse momento de sofrimento, os iniciados presenciavam o Hieros Gamos (Casamento Sagrado), a união ritualística dos sacerdotes e a encenação do nascimento de Iaco, a criança divina, (que nasce e morre anualmente nos ciclos de renovação), simbolizada por uma espiga de trigo elevada pelo sacerdote no meio de luzes e ao som de címbalos. Em seguida, havia a revelação dos objetos da cista mystica, a cesta sagrada de Demeter e a celebração da continuidade da vida após a morte com os gritos de Ye (chuva) e Kye (nascimento), ou seja, "flua e conceba", a chuva fertilizando a terra.

3) Mysteriotides Nychtes, a noite dos mistérios. Reencenava-se o mito de Demeter e Perséfone em três estágios: o das Coisas Ditas (legomena), Coisas Feitas (dromena), e Coisas Reveladas (deiknymena). Há música, canções, e discursos; há ações rituais; há revelações sob a luz da tocha. Desse modo, o Mystai participa da alegria de Demeter na restauração de Perséfone - a transformação de Core, a donzela, em Perséfone, a Rainha das Sombras, esposa de Hades, senhor do mundo escuro dos mortos. O efeito dos Mistérios no iniciado é profundamente transformador, representando a esperança da vida renovada, a coragem em enfrentar as sombras e o medo da morte e a confiança no eterno ciclo das reencarnações. Mesmo as roupas usadas durante a iniciação são consagradas mais tarde. Os Epoptai (Aqueles Que Têm Visto) são iniciados do nível mais alto (que deve ter sido um Mystai pelo menos por um ano), que abraçaram o símbolo supremo de Demeter, como Triptolemos - o primeiro Iniciado - abraçou-o, e eles têm testemunhado o Hieros Gamos de Demeter e Zeus.

GRANDES MISTÉRIOS DE ELEUSIS  Plemo Choai / Plemokhoai (Banquete)  A celebração dos vasos sagrados que representam o ventre fértil de Demeter. Cada Mystes tem duas cheias d'água Plemokhoai (Enchentes da Maré), que são vasos de barro em forma de um alto parafuso. Um é com a ponta virada para o leste e outro para o oeste, enquanto o(a) Mystes pronuncia um encanto conhecido somente pelos iniciados. São reverenciados os ancestrais com libações de vinho e oferendas. Os sacerdotes levam as oferendas para as frestas da terra e despejam o conteúdo uma para o leste e outro para o oeste. As pessoas gritavam "hye, kye" (flua e conceba) e os sacerdotes invocavam o princípio paternal (para fluir) e a origem maternal (para conceber). Depois as pessoas comiam romãs e maçãs, as frutas do renascimento, comemorando a continuidade da vida e encarando a morte como uma simples pausa entre as vidas.

Obs.: Grandes Mistérios dos Eleusis ("Eleusina ta Megala" - ΕλευσÎŻνια τα μεγÎŹλα, 15 a 21 de Boedromion) - Os Mistérios de Eleusis, os "Mistérios da Mãe e da Filha", são oriundos de um antigo festival da colheita dos cereais, um festival para a semeadura de outono. Eles eram, claro, mistérios, então algumas coisas sobre eles permanecem ocultas; em particular, os conteúdos dos Sagrados Kistai (caixas) e a atual iniciação dos Mystai (Iniciados). Qualquer pessoa podia ser iniciada, independente da idade ou do sexo. O festival é conduzido por Arkhon Basileus e quatro assistentes. Dois deles, os Hierophantes e Dadoukhos (Portador da Tocha), usavam os ependytes (uma túnica de mangas longas ornamentada na bainha e nos ombros), uma faixa na cabeça e botas Thrakian que vão até o joelho; eles carregavam uma ou duas tochas longas. Além disso, há os Mystagogoi (Guias Iniciados), que guiam os postulantes - normalmente seus amigos - até a iniciação.

NINFAS, AKHELOUS, HERMES, GÉIA e ATENA  Ninfas: protetoras das fontes, rios, montanhas, mares, prados, lagos, pântanos, vales e florestas. Achelous: deus do Rio Aquelous (ou Aspropotamos) - o maior da Grécia, filho mais velho de Oceano e Tétis, assumia a forma de um touro, Héracles pegou um de seus chifres e fez a Cornucópia (chifre de plenitude). Hermes: mensageiro dos deuses. Géia: a Terra.

PROEROSÍA (ΠροερωσÎŻα)  Festival para obter as bênçãos de Deméter na preparação para o arado e semeadura na estação agrícola (proerosia = coisas antes do tempo de cultivo); em tempos antigos isso era feito nos Eleusis. Este festival imediatamente precede a Pyanepsia, que é feita em honra de Pythian Apolo, porque Seu oráculo disse aos Atenienses para iniciar a Proerosia a fim de levar a fome (escassez absoluta) mundial ao seu fim. Sob o comando de Hierophantes, o Arauto Sagrado proclama a Proerosia, reconta o mito de sua fundação, e chama pela oferta dos primeiros frutos (na maioria das vezes cereais, especialmente cevada e trigo).

PYANÉPSIA (Πυανέψια)  O Pyanepsia é um festival dos recentes frutos colhidos no outono que recorre às bênçãos divinas para a semeadura no mesmo outono. Esse festival muito antigo era no princípio em honra de Phoebos Apolo como deus sol, mas também para Hélio (Sol) e as Horas; todos são considerados deidades vegetativas, talvez por causa da Sua conexão com o sol. Mais tarde, desde os tempos Miquenianos os Atenienses nativos têm considerado eles mesmos como descendentes do Sol (a quem os Miquenianos podem ter chamado de Pa-ya-wo = Phoibos = Brilho) e Ge (Terra). Além disso, o festival é celebrado no sétimo dia, e em cada sétimo dia de cada mês grego (que é o primeiro quarto da lua) o aniversário de Apolo é celebrado. Na procissão cada Pais Amphithales (Criança com Dois Pais Vivos) carrega uma Eiresione. Tipicamente uma Eiresione é um ramo de oliveira carregado por um suplicante e envolto com lã (eiros = lã), mas nesse caso é um ramo de louro (consagrado a Apolo), talvez com dois ou três pés de comprimento, decorado com frutas de verdade e com modelos de harpas, copos e ramos de videira, feitos de massa (de confeiteiro), todos símbolos de frutificação. Numa espécie de Prendas-ou-Travessuras as crianças levam a Eiresione a cada casa e cantam: 'A Eiresione traz ricos bolos e figos e mel em um jarro, e óleo de oliveira para santificar você, e copos de vinho maduro que você pode beber e adormecer'. Se o ocupante da casa dá um presente às crianças, ele ganha uma Eiresione que abençoa a casa pelo resto do ano. Normalmente ela é amarrada acima da porta da casa, assim como era amarrada acima da porta do santuário de Apolo quando a procissão chegava. Se nenhuma Pais Amphithales vier à sua casa, você pode abençoá-la você mesmo com a sua própria Eiresione. O festival deriva seu nome de um cozido de feijões (pyanon epsein = cozinhar feijões) e outros vegetais leguminosos e cereais que são cozidos num pote (khytros) e dividido pelos celebrantes e o Deus; esse cozido é uma típica Panspermia (Todas-as-Sementes) grega. De acordo com a lenda, essa era a oferenda votiva que Teseu e sua tripulação fizeram a Apolo quando ele retornou para a Grécia naquele dia, com tudo o restava de suas provisões. Por outro lado, também é um típico ritual de semeadura, para 'combinar' que todas as plantas comestíveis fossem semeadas e divididas com o Deus, rezando para que o próximo ano fosse abundante.

THESEÍA (Θησεϊα)  O oitavo de cada mês é consagrado a Poseidon, então é apropriado que Seu filho, Teseu, seja honrado no dia seguinte à Pyanepsia e Oskophoria (assim como no oitavo dia de cada mês). Há uma procissão, sacrifícios, jogos atléticos (times com corridas de tochas e eventos de pista e campestres), e uma festa na qual carne é distribuída para as pessoas (celebrando Teseu como benfeitor popular e herói democrático). A festa inclui Athare (ou Athera), uma refeição de trigo descascado cozinhado em água e leite.

STÉNIA (Στένια) A Thesmophoria propriamente é precedida por dois dias pelo Stenia, um festival noturno de mulheres para Démeter e Perséfone em preparação para a Thesmophoria. As mulheres se envolvem numa Aiskhrologia (linguagem suja, abuso), proferindo insultos umas a outras para comemorar o modo com que Iambe fez a ofendida Démeter rir (veja os Hinos Homéricos a Démeter). Também pode ser por causa de quando os Thesmoi (Coisas Deitadas) eram colocados nas cavernas do santuário de Démeter; que incluem modelos (em massa de farinha) de cobras e genitália masculina e carne de leitões sacrificados, e outros símbolos de fertilidade (porcos por causa da sua fertilidade); desse modo o túmulo da Mãe é fertilizado; e eles irão ser removidos na Thesmophoria apropriada. (Outros dizem que os Thesmoi são depositados na Skirophoria).

THESMOPHÓRIA (Θεσμοφόρια)  ANODOS (Ascensão) - Festival oriundo dos cultos neolíticos de celebração da colheita dos cereais e oferenda de leitões. As mulheres se reuniam e praticavam rituais relacionados à fertilidade das plantações, animais e pessoas. Durante a Thesmophoria, as mulheres acampam por três dias no Thesmophorion, o santuário ao lado da colina, de Démeter Thesmophoros, a guardiã da lei. Sob a direção de duas Arkhousai (Oficiais), as mulheres seguem em procissão com os suprimentos necessários para três dias e duas noites, e demarcam seu acampamento, que é organizado em fileiras de abrigos ou barracas com corredores entre eles. As mulheres dormem no chão, geralmente duas por barraca.

THESMOPHÓRIA (Θεσμοφόρια)  NESTEIA (Abstinência) - Dia em que todos jejuavam, prisioneiros eram libertados, anistias eram conferidas, julgamentos suspensos e todos veneravam Démeter. Neste segundo dia as mulheres sentam no chão e se abstém de toda comida sólida, em humildade e simpatia pelo pranto de Démeter (quando ela também recusou uma cadeira), mas também para transferir sua força ao solo. Quando a fome começa a atormentar seus estômagos, elas também se envolvem numa Aiskhrologia (linguagem abusiva); algumas dizem, relembrando Iambe e Démeter, que seus insultos são falados em versos iâmbicos, a métrica tradicional de escárnio (de gozação). As mulheres podem também chicotear umas às outras com um açoite feito de morotton (casca de árvore trançada). A obra 'Thesmophoriazousai' de Aristófanes contém dois belos hinos típicos dessas canções do dia, mas eles são longos demais para serem reproduzidos aqui. Diz-se que neste dia invocava-se a justiça divina para aqueles que tinham transgredido as leis, ofendido a moral da comunidade ou agredido as mulheres.

THESMOPHÓRIA (Θεσμοφόρια) KALLIGENEIA (Descendência Honesta) - A caída da noite traz o início oficial do terceiro dia, e há uma cerimônia à luz de tochas, por causa da visão que Démeter teve de Perséfone à luz da tocha. Dizem que nesse momento havia o ritual de Kathodos e Anados, a cerimônia do "ir abaixo e voltar para cima", quando os Thesmoi são removidos da terra pelas sacerdotisas chamadas Antletriai (conchas, baldes), de quem a pureza nos três dias do ritual (incluindo abstinência sexual e o evitar contato com objetos de ferro) é requerida. Enquanto as mulheres batem palmas para afastar as cobras sagradas que guardam as cavernas, as Antletriai entram nas grutas -- vestidas com túnicas vermelhas --, coletam os Thesmoi em cestas, e colocam a matéria emputrecida (geralmente leitões) no altar de Démeter e Perséfone, ou seja, nas fendas da caverna. Era um ritual perigoso, pois nessas fendas existiam serpentes que se alimentavam das oferendas. As sacerdotisas as espantavam com chocalhos. Mais tarde, o "composto" é removido do altar e misturado com grãos para ser semeado no mês seguinte (entre novembro e dezembro). Era uma fertilização mágica, feita pelas mulheres que não tinham tido nenhuma morte em suas famílias. Neste rito, podemos observar a regra do círculo da vida e morte na fertilização da Terra. O jejum acaba e o resto do dia é pleno de celebrações de júbilo pelos presentes das belas crianças, até que as mulheres desarmam o acampamento e voltam para casa.

KHALKEÍA (ΧαλχεÎŻα)  Nestes dois dias os Ergastinai (Trabalhadores), incluindo a sacerdotisa e os Arrhephoroi (veja Arrhephoria), colocam lã no tear para fazer o tecido do novo peplos (manto) de Atena, que será tecido por nove meses e será presenteado a Ela na PanAtenaia. A decoração, semelhante a uma tapeçaria, representa em cores brilhantes, como o amarelo e o azul, a Gigantomaquia, uma especial defesa de Atena aos Enkeladus.

OSKHOPHORIA  A Oskhophoria é um festival da vindima e do fazer-vinho, em agradecimento a Dionísio, feito no mesmo dia da Pyanepsia, quando os Mistérios de Dionísio também aconteceram. Nós podemos achar que os dois são aparentemente pólos opostos, Dionísio e Apolo, sendo honrados no mesmo dia, mas nós não devemos esquecer que Eles também dividiram o santuário em Delfos: Apolo era honrado no verão e Dionísio no inverno (quando Apolo estava na Hyperborea). Uma antiga krater (tigela de mistura) mostra-os apertando as mãos sobre o Omphalos em Delfos. Há uma procissão do templo de Dionísio para o templo de Atena Skira, porque a colheita da uva é um aspecto do interesse Dela no bem-estar da comunidade (cf. o Arrhephoria e Skirophoria, ambos no meio de junho). Esse aspecto de Atena pode derivar da deusa vinícola Skiras, adorada em Salamis, uma vez que ela foi até Atenas. A procissão é liderada pelos dois Oskhophoroi (Portadores dos Ramos da Videira), jovens homens que carregam ramos ainda com uvas (oskhoi) e são vest idos como mulheres, o que relembra a androgenia de Dionísio, já que eles usam a mesma Ionic khiton (túnica que vai até o tornozelo) como Ele às vezes faz. Atrás deles vem um coro cantando hinos especiais ao Deus. Eles são acompanhados por um arauto, que tem uma coroa (guirlanda) em volta de seu bastão, e não em volta da sua cabeça, como seriam os costumes normais. Isso se explica pelo mito de Teseu: quando seu arauto disse aos Atenienses da volta de Teseu, nos seus júbilos eles tentaram coroá-lo com uma coroa de flores, mas ele se recusou porque ele tinha sabido da trágica morte do pai de Teseu. Então ele voltou a Teseu com a coroa de flores no seu bastão. A procissão também inclui Deipnophoroi (Portadoras do Jantar), mulheres que trazem a comida da festa sagrada que segue o sacrifício. Uma porção de carne é queimada para o Deus e uma parte é comida pelos celebrantes; o resto é dividido para ser levado para casa. Estórias são contadas durante a festa, especialmente a estória de Teseu e Ariadne, e como ela foi reivindicada por Dionísio. O Deipnophoroi representa a Mãe dos Duplo-Sete, que traz a carne, pão e estórias acalentadoras para suas crianças, as sete donzelas e sete mocinhos escolhidos para navegar até Creta para serem sacrificados ao Minotauro (uma confrontação ritual das "Belas" com a Fera). A lenda também explica o porquê do travesti Oskhophoroi, que foi porque Teseu escolheu dois garotos com aspectos femininos, e treinou-os para andar e agir como garotas, então eles seriam substitutos para duas das sete garotas, e eram destinados a proteger os outros. No festival eles carregam ramos de videira e lideram a procissão, e eles representam o triunfo de Teseu, em agradecimento a Dionísio e Ariadne. Quando a procissão chega no santuário, há canções, tanto alegres como tristes, e libações são feitas ao Deus, seguidas por gritos de: "Eleleu! Iou! Iou!". Um brado um tanto paradóxico, já que "Eleleu!" (pronunciado "e-le-LU!") é um grito de encorajamento (de elelizo, para reunião), e "Iou!" (pronunciado "iú!") é um grito de aflição (do latim Heu!). Isso era explicado pela mista alegria e pesar da volta de Teseu e morte de seu pai, mas também celebra a morte e a ressurreição de Dionísio como um Deus Vegetativo. Recomenda-se, neste dia, misturar vinho da safra anterior com a atual e beber um copo, pedindo a cura dos males antigos e recentes.

APATYRIA - ANARRHYSIS (Sacrifício) Sacrifícios são feitos a Zeus Phratrios e Atena Phratria, que vigiam os Phratriai. Às vezes Dionísio é também incluído, o que é explicado pelo mito da luta entre Melanto, o Rei Sombrio, e Xanto, o Rei Justo. Dionísio, aparecendo a Melanto numa pele de cabra negra (Melainaigis), o distrai, e permite que Xanto o corte (o atinja). Hefesto também pode ser honrado neste dia.

APATYRIA - KOUREOTIS (Juventudes)  Neste dia há muita celebração pelos novos membros que são introduzidos à Phratria; para muitos isso será feito no primeiro dia de Apatyria depois que eles nascem, embora a introdução completa só seja feita na puberdade (quando eles devem oferecer seu cabelo cortado aos Deuses). Uma esposa também pode ser introduzida depois de se casar com um membro da Phratria. Logo, pode-se tornar um membro pelo nascimento, pela entrada na vida adulta ou pelo casamento. Em cada caso o parente ou outro responsável deve financiar o sacrifício de introdução.

APATYRIA - EPIBDA (Dia Seguinte)  Não é uma parte formal do festival, mas uma "manhã seguinte" para a recuperação das festanças precedentes, já que havia muita bebida no festival.

POMPAIA (Πομπαϊα) [último terço do mês]  Em uma procissão (pompaia) através da cidade, sacerdotes carregam o Dion Kodion (Espólio Sagrado), a pele da ovelha sacrificada a Zeus Meilikhios (Aberto à Propiciação, Gentil), um aspecto submundano de Zeus no qual Ele aparece como uma cobra e é especialmente protetor das crianças. No Pompaia um sacerdote também carrega a varinha mágica com cobras entrelaçadas de Hermes. Por este rito, tempestades e outros males são dirigidos para fora da comunidade, e a mais recente semeadura de grãos é protegida. Um indivíduo poluído pode se purificar permanecendo com seu pé esquerdo no Espólio, que absorve a poluição. Ou então ele pode se sentar descalço no espólio, com a cabeça coberta, e ser purificado por um sacerdote que lhe aplica o Likhnon ('Ventarola Sopradora'). O Pompaia corresponde à primaveril Diasia para Zeus Meilikhios, onde a chegada da primavera une seres comuns para os festivais agrícolas gregos.

Parece que Hermes também tinha um papel nesse festival. Plutarco, em A Vida de Aristides, menciona uma libação e um sacrifício a Zeus e a Hermes e a aqueles que morreram pela liberdade da Hélade, que acontecia no dia 16 do mês de Maimakterion e é possível que seja o mesmo festival.

MAIMAKTERIA  Neste mês começa o inverno no hemisfério norte, então as pessoas faziam preces a Zeus Maimaktes (Tempestuoso) para ser gentil. Como senhor dos ventos, reza-se para que Ele possa ser gentil com as pessoas, plantações e casas nessa estação. Que ele traga calor e felicidade na brisa.

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