R-S-T-U-(V)-Z | Helenos
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RÉIA

 

Hino Homérico XIV: À mãe dos Deuses

A mãe de todos os Deuses e todos os homens

celebra-me, Musa de voz límpida filha do grande Zeus,

a ela o ressoar de crótalos, tambores e o frêmito de flautins

deleita e o clamor de lobos e leões de olhos rútilos

sonantes montanhas e vales boscosos;

e tu também assim salve, e ao mesmo tempo todas as Deusas no canto.

(tradução de Rafael Brunhara)

 

Hino Órfico 13 a Réia, com incenso de Ervas Aromáticas.

Senhora Reia, filha do multiforme Primogênito [Protógono],

puxas um carro †tauriforme† de sacras rodas,

som de tambores, amante do delírio, donzela de brônzeo clangor,

mãe de Zeus soberano do Olimpo e portador da égide

de todas as honras, esplêndida forma, venturosa consorte de Crono, (5)

te alegras nas montanhas e nos apavorantes alaridos dos mortais,

Reia rainha de tudo, que ama o tumulto da guerra, coração brutal,

falaz salvadora, árbitra primeva,

mãe dos deuses e dos homens mortais.

Pois vem de ti tanto a terra quanto o amplo e alto céu, (10)

o mar e os ventos: aeriforme sempre em movimento.

Vem, venturosa deusa, com benévolos desígnios

trazes a salvação,a paz e afortunadas riquezas,

enviando a mácula e a morte cruel para os confins da terra.

(tradução de Rafael Brunhara)

 

Hino Órfico 27: Mãe dos Deuses, fumigação variada

Mãe dos Deuses imortais e por eles honrada, nutriz de tudo:

prouvera venhas, senhora Deusa, por minhas preces a ti;

tauricida que junge um célere carro levado por leões,

 rainha cetrada de ínclita vara, Deusa de muitos nomes, insigne

que deténs um trono no meio do cosmo e por seres a própria

terra tens e ofereces nutrientes suaves aos mortais.

De ti veio à luz a raça dos imortais e dos mortais,

em ti sempre regem os rios e o mar [thálassa] todo;

nomeada Héstia, a quem chamam dadora de riquezas

e de toda a sorte de bens, porque agracias os mortais com seus dons:

vem  ao rito, ó senhora que se compraz com tambores,

salvadora Frígia que a tudo subjuga, companheira de Crono,

filha do Céu, reverenda que cuida da vida, amante do delírio!

Vem, alegre, agraciada com a nossa piedade!

(tradução de Rafael Brunhara)

 

SELENE

 

Hino Homérico 32 - para Selene

E, em seguida, as Musas de vozes doces, filhas de Zeus, bem habilidosas em canção, contam da Mene (Lua) de longas asas. De sua cabeça imortal um resplendor se mostra dos céus e abraça a terra; e grande é a beleza que se ergue de sua luz brilhante. O ar, antes apagado, incandesce com a luz de sua coroa dourada, e seus raios irradiam claramente, sempre que a brilhante Selene banha seu amável corpo nas águas do Oceano, e veste seus trajes de belas centelhas, e une sua brilhante equipe de pescoços fortes e dirige seus cavalos de longas crinas a velocidade máxima, ao anoitecer no meio do mês: então sua grande órbita é cheia e então seus raios brilham mais forte enquanto ela cresce. Então ela é um verdadeiro símbolo e um sinal aos homens mortais. Uma vez o Cronida [Zeus] se juntou a ela no amor; e ela concebeu e carregou uma filha, Pandéia, de excedente amabilidade entre os deuses imortais. Salve, deusa dos braços brancos, brilhante Selene, terna, rainha de longos cabelos brilhantes! E agora eu lhe deixo e canto a glória dos homens semi-divinos, cujas ações os menestreis, os servos das Musas, celebram com lábios amáveis.

(tradução da Alexandra)

 

Hino Órfico 8 para a Lua (Selene) - com fumigação de aromáticos.

Ouça, deusa rainha, difundindo luz prateada,

A do chifre de touro que vaga pela escuridão da Noite.

Cercada de estrelas, e com largo circuito

Tocha da noite estendida, pelos céus tu passeias:

Fêmea e Macho, com raios emprestados brilhas,

E agora de orbe cheia, tendendo a minguar,

Mãe das eras, lua que produz frutos,

Cuja orbe de âmbar faz o refletido meio-dia noturno:

Amante de cavalos, esplêndida, rainha da Noite,

Poder que tudo vê, enfeitada da luz estelar.

Amante da vigilância, inimiga da discórdia,

Em paz rejubilante, e de vida prudente:

Bela lâmpada da Noite, seu ornamento e amiga,

Que dá aos trabalhos da Natureza seu destino final.

Rainha das estrelas, toda-sábia Diana, salve!

Ornada de um gracioso robe e brilhante véu;

Venha, Deusa abençoada, pudente, estrelada, brilhante,

Venha lâmpada lunar de luz esplêndida e singela,

Brilhe nesses ritos sagrados com raios prósperos,

E por favor aceite esta suplicante prece mística.

(tradução da Alexandra)

 

SÊMELE

 

Hino Órfico 44 a Semele/Thyone - com fumigação de estoraque (benjoim).

Deusa filha de Cadmo, rainha universal, a ti, Sêmele, eu chamo, de bela aparência;

de seios profundos, de amáveis cachinhos ondeantes,

a quem o brilho do trovão de Zeus forçou prematuramente e amedrontou de luz.

Nascida dos desígnios imortais, secretos e altivos do Zeus Cronida, regente do céu;

a quem Perséfone permite ver a luz, e visitar mortais dos reinos da noite.

Encarregada constante dos ritos sagrados, e do banquete trienal, no qual tua alma se delicia;

quando o maravilhoso nascimento de teu filho a humanidade reconta, e segredos puros e sagrados celebram.

Agora eu invoco a ti, grande rainha filha de Cadmo, para abençoar teu místico, suave e sereno.

 

Hino Órfico 44 a Semele (outra versão)

Eu chamo a filha de Cadmo, rainha de tudo,

Bela Sêmele das amáveis madeixas e de colo cheio,

Mãe do jubilante portador do tirso, Dionísio.

Ela foi levada a uma grande dor pelo raio flamejante,

O qual, através dos desígnios de Zeus Cronida imortal, a queimou,

Ela, a quem a nobre Perséfone concedeu honras entre os homens mortais,

Honras dadas a cada três anos.

Então eles reencenam a dor lancinante por seu filho Baco,

O sagrado ritual da mesa, e os mistérios sagrados.

Agora a ti, deusa, eu suplico, filha de Cadmo, rainha,

Para que sejas sempre gentil com os iniciados.

(traduções do inglês por Alexandra)

 

TÊMIS

 

Hino Órfico 79, com fumigação de olíbano:

Ilustre Têmis, de nascimento celestial, a ti eu invoco, jovem florescer da terra;

Toda-bela virgem, foi apenas de ti que primeiramente os oráculos proféticos foram conhecidos aos homens,

Vindos dos profundos recessos do templo da sagrada Pytho, onde renomada tu reinas;

De ti, os oráculos de Apolo se erguem, e de teu poder a inspiração flui dele.

Honrada por todos, de forma divinamente brilhante, majestosa virgem, que perambula pela noite:

Foi de ti que a humanidade aprendeu os ritos iniciais, e com os coros noturnos de Baco tua alma se delicia;

Pois a honra sagrada da revelação é tua, e os sagrados mistérios e ritos divinos.

Esteja presente, Deusa, inclina-te às minhas preces, e abençoa tuas consagrações com uma mente favorável.

(tradução do inglês por Alexandra)

 

TÉTIS

 

Hino Órfico a Tétis:

Eu lhe chamo Tethys dos olhos de azulado brilho, que se escondem dos humanos por trás de um véu de obscuridade;

Grande imperatriz do Oceano, que vaga pelas profundezas e que molha a terra com sua brisa suave;

Aquela para a qual as ondas abençoadas seguem em sucessão, batendo nos rochedos em um fluxo sem fim:

Deliciando-se no mar sereno a brincar, nos navios que exultam pelo caminho molhado.

Mãe da Cípria e das nuvens obscuras, grande cuidadora das bestas e doadora das fontes de água pura.

Ó venerável Deusa, ouça minha prece e traga a benevolência à minha vida;

Envie, rainha abençoada, aos navios a próspera brisa, e os traga seguros pelos mares tormentosos.

(traduzido do inglês pelo blog MaterMagna)

 

THANATOS

 

Hino Órfico 86, à Morte (Thanatos), com fumigação de maná:

Ouça-me, ó Morte (Thanatos), cujo império sem fim se estende a todos os tipos de tribos mortais.

De ti depende a porção do nosso tempo, cuja ausência prolonga a vida, cuja presença a termina.

Teu sono perpétuo irrompe os vívidos envoltórios nos quais a alma, atraindo corpos, detém:

És comum a todos, de cada sexo e idade, pois nada escapa a tua ira que tudo destrói;

Nem a própria juventude tua clemência pode ganhar, vigorosa e forte, pois tu prematuramente a extermina.

Em ti, o fim dos trabalhos da natureza é conhecido, em ti, todo o julgamento é absolvido sozinho:

Nenhum suplicante controla tua terrível ira, nenhum voto revoga o propósito de tua alma;

Ó abençoado poder, considera minha prece ardente, e a vida humana a uma idade abundante alivie.

(tradução da Alexandra)

 

URANO

 

Hino Órfico 3 a Urano, com incenso de olíbano

Céu [Urano] Pai de todos, eterna parte indestrutível do cosmo,

primevo, princípio de tudo, fim de tudo,

Pai cósmico, envolvente sobre a terra como um globo,

ó lar dos venturosos deuses, movendo-se em rugentes turbilhões*,

celeste e terrestre guardião, que a tudo cerca,

e tem no peito a insofrível constrição da natureza,

de pele escura, indomável,todo mutável, mutante forma,

onividente, pai de Cronos, venturoso, supremo nume,

ouve-me, trazendo a consagrada vida ao neófito nos mistérios.

[ Nota do Tradutor: *Literamente, "Nos turbilhões do rombo".  O rombo (ῥόμβος, lat.rhombus) era um instrumento musical antigo, utilizado durante os Mistérios.  Consiste de um disco que ressoava (daí "rugente") ao girar em volta de uma corda. ]

(Tradução de Rafael Brunhara)

 

(VÁRIOS DEUSES)

 

Hino Comum aos Deuses, de Proclus

Ouça-me, oh, Deuses, vós que governais o leme 

Da sagrada sabedoria, e que, acendendo nas

Almas dos homens a chama do desejo do retorno, 

Os atraís até os Imortais, dando-lhes, 

Pelas indizíveis iniciações dos hinos, 

O poder de escapar da escura caverna 

E de purificar-se. Ouça-me, poderosos liberadores! 

Concede-me, pela compreensão dos livros divinos 

E dissipando a névoa que me rodeia, uma luz 

Pura e santa afim que possa compreender com claridade 

Ao Deus incorruptível e também ao homem que sou. 

Que um Daimon perverso jamais, 

Assediando-me dos males, me retenha, 

Eternamente cativo nas ondas do esquecimento, 

Afaste-me dos Deuses! 

Que jamais, uma expiação aterradora, 

Me acorrente na prisão da vida (do corpo) 

Caindo minha alma nas geladas ondas da geração 

E nas que não quiseram falhar demasiado tempo! 

Ouça-me, vos, oh Deuses, soberanos de deslumbrante sabedoria, 

Revelai aos que se apressam no caminho ascendente 

Do retorno, aos santos êxtases e as iniciações 

Que residem no coração das sagradas palavras!

(Tradução de Andre Nogueira)

 

Hino de Proclus à Mãe dos Deuses, à Hécate e a Jano

Saudações, mãe dos Deuses, Deusa de nomes diversos, 

De esplêndida prole. 

Saudações, Hécate, que vigias as portas,

Deusa de temível poder! 

Saudações também a ti, oh Jano, 

Antepassado dos antepassados, 

Zeus imortal; saudações, oh soberano Zeus! 

Abre-se para mina vida, preenchendo-a de bens, 

Uma resplandecente via. 

Preservais meus membros de funestas enfermidades. 

E, purificando minha alma 

Por iniciações que despertam a inteligência, 

Arrancai-a da demência em que permanece 

Desde que vim para a terra. 

Sim, o suplico, tende-me as mãos 

E mostrai-me – pois tenho este desejo -, 

Os caminhos que os Deuses nos indicam. 

Assim poderei contemplar a luz santíssima 

Quando por vós me será concedido 

O poder sair do sombrio tempo (acontecer). 

Sim, os suplico, tenha-me nas mãos; 

E, para poder abordar, depois de tantas fatigas, 

O porto da piedade, 

Envia-me brisas favoráveis. 

Saudações, mãe dos Deuses, Deusa de nomes diversos, 

De esplêndida prole. 

Saudações, Hécate, que vigias as portas,

Deusa de temível poder! 

Saudações também a ti, oh Jano, 

Antepassado dos antepassados, 

Zeus imortal; saudações, oh soberano Zeus! 

(Tradução de Andre Nogueira)

 

ZÉFIRO

 

Hino Órfico 81: Zéfiro, Vento Oeste - Fumigação: Olíbano

Brisas Zefíreas que tudo engendrais, errantes no ar,

doces sopros, sussurros, tendes o conforto da morte,

vernais Deusas dos prados, desejadas nos portos,

trilhando com naus um abrigo gentil, ó vento sutil,

peço-te: vinde benfazejas, impecáveis soprando sobre nós,

Invisíveis no ar, alígeras e aeriformes.

(Tradução de Rafael Brunhara)

 

ZEUS

 

Hino Estóico a Zeus

Tu, que és o mais glorioso dos imortais, eternamente todo-poderoso e com múltiplos nomes, Zeus autor da natureza, que governas todas as coisas segundo a tua lei,

Eu saúdo-te, porque é permitido a todos os mortais dirigir- te a palavra.

É que nós nascemos de ti e o nosso destino é sermos à imagem de Deus,

Único entre os seres mortais que vivem e se movem entre os seres da terra.

Por essa razão dedicar-te-ei um hino e cantarei sempre o teu poder.

É a ti que este universo inteiro que gira em volta da terra obedece, seja qual for o lugar aonde o conduzas, e é de bom grado que ele se submete ao teu poder:

Que auxiliar empunhas tu nas tuas mãos invencíveis, o raio eterno de fogo com duplo gume!

Sob os seus golpes, todas as obras da natureza estremecem, com eles tu diriges o 'logos' universal que penetra todas as coisas, misturado aos luminares celeste, quer aos grandes quer aos pequenos...*[ o texto apresenta em seguida um verso destruído ]

Nada se produz na terra sem ti, nem na divina e etérea abobada celeste nem sobre o mar,

Salvo os atos, na loucura que lhes é própria, os criminosos executam.

Mas tu, tu sabes fazer com que regresse à ordem mesmo aquilo que ultrapassa a medida,

Sabes conceber beleza àquilo que não a tem, e o inimigo torna-se para ti amigo.

Harmonizaste tão bem todas as coisas, as nobres com as vis, de forma a construir uma unidade,

Que o 'logos' eterno de todas as coisas é uno.

Os mortais que são maus fogem dele, na sua negligência,

Os infelizes desejam incessantemente possuir bens,

Não vêem nem ouvem a lei universal de Deus,

E não se dão conta de que, se tivessem a inteligência de a seguir, teriam uma vida nobre.

Mas eles insensatos, lançam-se na direção de um outro mal,

Alguns, aspirando glória, têm um zelo briguento,

Outros desejam imoderadamente ganhos fraudulentos,

Outros ainda a licença e os prazeres do corpo;

... *[outra lacuna] eles são levados de um objeto para o outro,

E embora o façam com grande zelo, atingem exatamente o inverso daquilo que pretendiam.

Mas tu, ó Zeus que dás todo o bem, tu que envolves as nuvens, mestre do raio,

Livra os homens da miserável ignorância,

Expulsa-a, Pai, da nossa alma, faz com que obtenhamos a inteligência na qual tu te apóias para governar com justiça o universo

A fim de que, honrados dessa maneira, nós possamos responder a essa honra

Cantando continuamente hinos às tuas obras como é próprio

De um mortal, uma vez que não existe maior privilégio para os homens

E para os deuses do que cantar sempre, como se deve, a lei universal.

(Cleantes de Assos , Κλέανθης , Kléanthēs 330 — c. 230 a.e.c, tradutor desconhecido, enviado por Antonio)

 

Hino Órfico 14 a Zeus, com incenso de estoraque

Zeus muito honrado, Zeus imperecível; nós, aqui,

ofertamos esta prece e testemunho expiatório!

Ó rei, por tua fronte brilha tudo o que é divino:

a deusa mãe Terra [Gaia], os cimos altíssonos dos montes

e do mar todo,  assim como ordena o interior do céu.  (5)

Zeus Crônio, rei cetrado dos raios, de coração brutal,

progênie de tudo, princípio

de tudo, fim de tudo,

movedor da terra, acrescedor, purificador, movedor de tudo,

fulgurante, trovejante e relampeante Zeus criador!

Ouve-me, mutante forma, dá-me saúde impecável, (10)

paz divina e a fama irrepreensível da riqueza.

(Tradução: Rafael Brunhara)

 

Hino a Zeus em 'Os Trabalhos e os Dias', de Hesíodo, 1-10:

Musas da Piéria, por canções glorificando,

Vinde, falai de Zeus o vosso pai hineando.

Por ele, os mortais são notos ou ignotos,

famosos ou infames, por querer de Zeus grande.

Fácil ele faz forte, fácil o forte ele enfraquece,

Facilmente o amplo amaina e o inviso acresce;

Facilmente, apruma o torto, o altivo esvaece

Zeus que no alto freme e habita a sublime sede.

Atende-me, porque vês e ouves; apruma as sentenças,

Tu! E eu, a Perses verdades gostaria de enunciar.

(Tradução: Rafael Brunhara)

 

Prece Milenar a Zeus Ktesios = Agathos Daimon*

Oh Zeus, dê-me toda a graça, toda a realização, pois contigo está o portador do bem, o mensageiro erguido ao lado de Tyche. Traga todas as coisas para mim, e as guie pela Boa Tyche e pelo Bom Espírito.

*Esta prece era originalmente feita a Hermes, já que as duas serpentes de seu caduceu eram a Agathe Tyche e o Agathos Daimon (a boa Fortuna e o bom Espírito), mas depois foi adaptada ao Agathos Daimon, identificado com Zeus Ktesios.  [Vide o hinário a Hermes.]

 

Hino Homérico XXIII - Ao Filho de Cronos, Mais Supremo

Cantarei a Zeus, chefe supremo entre os deuses e os maiores, o que tudo vê, o senhor de tudo, o executor que sussurra palavras de sabedoria a Têmis, enquanto esta está sentada inclinada na direção dele. Seja favorável, Filho de Cronos que tudo vê, o mais excelente e grandioso!

(tradução da Alexandra)

 

Hino a Zeus, de Orfeu:

Zeus é o primeiro, Zeus é o último, o deus com o raio ofuscante. Zeus é a cabeça, Zeus é o meio, de Zeus todas as coisas têm o seu fim. Zeus é macho, Zeus é uma mulher imortal. Zeus é o alento de todas as coisas, Zeus é o ímpeto da chama incessante. Zeus é as raízes do mar, Zeus é o sol e a lua. Zeus é o Rei, Zeus é o começo de todas as coisas, o deus com o raio ofuscante. Pois escondeu todas as coisas dentro de si mesmo e as pôs de novo para fora, para a luz prazenteira, vindas do seu coração sagrado, operando maravilhas.

(tradução Octavio Mendes Cajado do livro do Karl Kerenyi)

 

Prece a Zeus

Comecemos por Zeus, a quem não é preciso nomear.

Todas as coisas neste mundo estão plenas de sua divindade.

A assembléia dos homens e o mar e os portos

Dela estão plenos e sob e reino de Zeus, ainda estamos.

Somos sua raça e sua posse.Estende,a todos, sua destra suavemente

E impulsiona a todos ao labor, conhecendo suas condições de vida

E indica quando a terra é boa para os bois e a agricultagem

E a hora em que se deve plantar ou semear.

Zeus estabeleceu os signos nos céus,

Distribuiu os astros e as estrelas conforme suas leis

Para que indiquem o tempo aos homens

E para que tudo nasça conforme convém.

Tudo lhe é submisso desde o princípio ao fim.

Salve, ó pai, ó maravilha imensa!

Ó socorro magnífico!

A tudo criaste e a ti mesmo!

E a vós, também, saúdo!Ó musas! Eu vos imploro!

Ó dulçor de mel perfeito para todos!

Permiti que as estrelas se dirijam a min

E me inspirem tudo que ainda vou cantar!

(Aratus de Soli – "Phaenomena 1-5", translated by Mair, A. W. & G., postado por Antonio)

 

Prece a Zeus (outra versão)

Por Zeus vamos começar; D´Ele nós mortais nunca deixamos de nomear; plenos de Zeus são todas as ruas e todas as praças dos homens; Dele pleno é o mar e os céus; sempre todos precisamos de Zeus. Pois somos também sua descendência; e Ele, pela sua bondade aos homens dá sinais favoráveis e desperta as pessoas para trabalhar, lembrando-as dos meios de subsistência. Ele diz em que momento o solo é melhor para o trabalho do boi e para a enxada, e quais das estações do ano são favoráveis tanto para o plantio de árvores quanto o semear de todos os tipos de sementes. Ele mesmo quem pôs os sinais no céu, e firmou as constelações, e pelo o ano concebeu quais estrelas pudessem dar aos homens sinais certos das estações do ano, a fim de que todas as coisas pudessem crescer incessantemente. Por isso os homens sempre o adoram primeiro e por último. Salve, ó Pai, poderosa maravilha, grandiosa bênção aos homens. Saúdo-te e a aos Ancestrais! Saúdo, ó Musas, justo e gentilmente, a cada um! Mas, para mim, também, em resposta à minha oração oriente toda a minha postura, exatamente como é apropriado, para contar as estrelas."

(Aratus de Soli , "Phenomena"(1-18), poeta grego do séc. 3 a.E.C)

 

Hino Órfico XIX, a Zeus Relampeante [Keraunos], com fumigação de estoraque:

Zeus pai, que conduzes o alto curso do coruscante cosmo,

fulgurante no sublime resplendor de teu raio etéreo,

vibrando com trovões divinos a sede dos pan-venturosos,

abrasando todos os nebulosos fluxos de água com trovão flamante,

lançando tormentas, chuvas, pujantes procelas, relâmpagos

e encobrindo a terra com flechas em flamas rompentes,

todas em chamas, pujantes, frementes, brutais.

Terrível arma alada que perturba o coração, arrepiante,

súbita, trovejante, invencível e pura flecha,

de ímpeto voraz nos turbilhões das rajadas sem fim

invulnerável e opressora procela irrepelível,

aguda flecha celeste que desce flamante,

toda brilhante,  faz fremer a terra, o mar

e as bestas aladas, quando ouvem teu fragor;

as luzes iluminam-lhe as faces,  o trovão estronda

nos vales do Éter e rompe o véu

que reveste o céu;  és tu que lanças o relâmpago de fogo;

Vamos, venturoso, o coração (…) nas ondas do mar

e nos picos das montanhas, todos conhecemos teu poder;

alegra-te com as libações, e dá-nos tudo que faz bem ao espírito:

uma vida próspera, com saúde soberana,

paz divina, nutriz de jovens, de muitas honras,

e uma existência feliz, sempre florida pela razão.

(Tradução: Rafael Brunhara)

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