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AFRODITE

Hino de Safo a Afrodite

No trono Afrodite imortal

Filha de Zeus, que tece ardis,

Não me dê tristes desejos, senhora

do coração.

Mas, antes, vem para perto agora

S'alguma vez ouviste minha voz de longe,

Me atendeste e deixaste o teu pai

no lar dourado.

Em tua carruagem de belas aves,

Sobre a terra negra os pardais

Voam rápido pelo céu nebuloso,

no meio do ar.

Eles chegam e tu, ó abençoada,

Me sorris com teu rosto imortal,

Me perguntas por que de novo sofro

E por que a chamo.

E o qu'eu mais quero que me aconteça

Neste coração, 'a quem persuadir

novamente, Safo, e a ti conduzir?

Quem te injustiça?'

'Pois se ela foge, logo te segue

Se recusa algo, logo te dá

Se não ama, logo ela amará

Mesmo sem querer.'

Vem me libertar da dificuldade

E aquilo que o meu coração anseia

Realizar, deusa, realiza.

Sê minh'aliada.

(tradução da Alexandra)

Vídeo do hino em grego, cantado pela Álex, com melodia de Melissa G.

Mp3 do hino em grego e Mp3 do hino em português.

 

Hino Órfico 54 - A Afrodite

Celeste (Urânia), ilustre rainha de risada amorosa, nascida do mar, amante da noite, de um modo terrível; astuciosa, de quem a necessidade [Anankê] primeiro veio, senhora produtora e noturna, dama que a todos conecta; teu é este mundo para se unir com harmonia, pois todas as coisas brotam de ti, ó poder divino. Os triplos Destinos [Moiras] são regidos por teu decreto, e todas as produções se rendem semelhantemente a ti: o que quer que os céus circundem e contenham, toda a produção dos frutos da terra, e o alto-mar tempestuoso, a ti o balanço confessa e obedece a teu aceno, o atendente terrível do brumal Deus [Baco]: Deusa do casamento, charmosa à visão, mãe dos Amores [Erotes], que se delicia em banquetes; fonte de persuasão [Peitho], secreta, rainha favorável, ilustremente nascida, aparente e não-vista: esposa, lupercal, e inclinada a homens prolíficos, a mais desejada, doadora de vida, gentil: a grande portadora do cetro dos Deuses, a quem os mortais em necessidade tendem a se juntar; e toda tribo de monstros selvagens horrendos em correntes mágicas amarras, através do desejo insano. Venha, nascida em Chipre, e incline-se à minha prece, se exaltada nos céus tu brilhas, ou satisfeita com o templo em Síria presides, ou sobre as planícies egípcias teu carro guias, enfeitada de ouro; e perto dessa enchente sagrada, fértil e conhecida por fixar teu domicílio santificado; ou se rejubilando nos litorais cerúleos, próxima a onde o mar com seus rugidos espumantes ondula, os coros de mortais que circundam tuas delícias, ou as belas ninfas, com olhos de brilhante azul cerúleo, satisfeita com os bancos pardos reconhecidos de velhos, para dirigir teu rápido carro dourado de duas parelhas; ou se em Chipre com tua linda mãe, onde as mulheres casadas te louvam a cada ano, e as belas virgens se unem ao coro, o puro Adônis canta tua divindade; venha, toda atrativa, para a minha prece inclinada, a ti eu chamo, com mente sagrada e reverente.

 

Hino Homérico X - A Afrodite

À da Citéria, nascida em Chipre, eu cantarei. Ela dá gentis presentes aos homens: sorrisos sempre estão em seu amável rosto, e amável é o brilho que se apresenta sobre ele. Eu te saúdo, ó deusa, rainha da bem-formada Salamis e da cinta marinha de Chipre; agracia-me com uma canção de júbilo. E então me lembrarei de ti e de outra canção também.

 

Hino Homérico VI - A Afrodite

Canto à Afrodite imponente, bela e coroada de ouro, cujo domínio são as cidades cercadas por todo o mar de Chipre. Lá o hálito úmido do vento oeste a fez flutuar sobre as ondas do mar que geme alto em suave espuma, e lá as Horas de fios dourados deram-lhe alegremente as boas-vindas. Elas as vestiram com trajes celestes: em sua cabeça colocaram uma coroa bem tecida de ouro, e em suas orelhas furadas elas penduraram ornamentos de oricalco e ouro precioso, e adornaram-na com colares dourados sobre seu suave pescoço e seus seios brancos como a neve, jóias as quais as Horas de filetes dourados usavam elas mesmas sempre que iam à casa do pai se unirem às danças amáveis dos deuses. E, quando elas a tinham plenamente enfeitado, elas a trouxeram até os deuses, que a saudaram em boas-vindas quando a viram, dando-lhe as mãos. Cada um deles pediu para levá-la para casa e torná-la sua esposa, de tão grandemente deslumbrados com a beleza da Citéria de coroa violeta.

Saúdo-te, deusa docemente premiada, de olhos modestos! Conceda que eu possa ganhar a vitória nesta competição e dirigir a ti a minha canção. E agora eu me lembrarei de ti e outra canção também.

(traduções de Alexandra)

 

Hino Homérico V a Afrodite

 Ó Musa, conta-me as obras de Afrodite de ouro,

  deusa de Chipre, que infunde o doce desejo nos deuses

  e domina as estirpes dos homens mortais,

  e os pássaros que voam no céu, e todos os animais,

5 quantos, inumeráveis, nutre a terra, e quantos o mar:

  todos têm no coração as obras de Afrodite da bela coroa.

  Mas existem três deusas, as quais o ânimo ela não pode convencer, nem enganar.

  Uma é a filha de Zeus portador da égide, Atena dos olhos cintilantes:

  a ela não são caras as obras de Afrodite de ouro,

10 Na verdade lhe são caras as guerras, e a obra de Ares,

  as lutas e as batalhas; e ama dar vida às obras admiráveis.

  Primeiro ensinou aos artesãos que vivem sobre a terra

  a construírem carruagens, e carros ornados de bronze;

  em seguida, às virgens das peles delicadas, nos seus leitos,

15 ensinou obras admiráveis, ditando-as às mentes de cada uma.

  De nenhuma forma Afrodite que ama o sorriso subjuga ao amor

  Ártemis das flechas de ouro que ama os clamores da caça:

  a ela são caros os arcos, e a matança das feras sobre os montes,

  e as cítaras e as danças e os altos gritos,

20 e os bosques escuros, e as cidades dos homens justos.

  Nem as obras de Afrodite são caras às virgens augustas,

  Héstia, que Cronos da foice recurvada gerou primeiro,

  e depois de novo por último, segundo o desejo de Zeus portador da égide;

  deusa venerável cobiçada por Poseidon e Apolo:

25 mas ela certamente não consentiu, ao contrário firmemente os rejeitou,

  e pronunciou o juramento solene, ao qual nunca abdicou,

  tocando a cabeça do pai Zeus portador da égide,

  de permanecer virgem para sempre, ela divina entre as deusas.

  A ela Zeus, em lugar das núpcias, concedeu um alto privilégio:

30 ela sentou-se ao centro da casa, recebendo muitos presentes,

  é venerada em todos os templos dos deuses,

  e próxima a todos os mortais é a mais venerada entre as deusas.

  Esta Afrodite não pode convencer o ânimo, nem enganá-la;

  mas entre os outros seres não existe nenhum que saiba escapar-lhe,

35 nem entre os deuses beatos, nem entre os homens mortais.

  E perturbou até mesmo a mente de Zeus que alegra-se do raio,

  que é o maior, e obtém o mais alto poder:

  e quando quer, iludindo o seu ânimo sábio,

  facilmente o faz unir-se com mulheres mortais,

40 induzindo-o a esquecer-se de Hera, sua irmã e esposa,

  que entre as deusas imortais é de longe a mais bela;

  e mais gloriosa de qualquer outra a geraram Cronos da foice recurvada

  e Reia, sua mãe; e Zeus que formula eternos desenhos

  a escolheu como nobre e solerte esposa.

45 Mas também nela Zeus infundiu no coração o doce desejo

  de unir-se a um homem mortal, de modo que rapidamente

  nem mesmo ela fosse imune a um leito mortal,

  e para que Afrodite que ama o sorriso, à presença de todos os deuses,

  não pudesse dizer com orgulho, docemente zombando,

50 de haver induzido os deuses a unir-se com mulheres mortais

  que haviam gerado seus filhos mortais,

  e de haver induzido as deusas a unir-se com homens mortais.

  Então ele lhe inspirou no coração um doce desejo de Anquises,

  que neste momento, sobre os altos picos do monte Ida rica de fontes,

55 costuma pastar os rebanhos, símile em aspecto aos mortais.

  E quando depois o viu , Afrodite que ama o sorriso

  o desejou, e a paixão capturou profundamente o seu ânimo

  Foi em direção à Chipre, e entrou no perfumado templo,

  em Pafos, onde possui um santuário e um altar perfumado.

60 Quando entrou, fechou a porta resplandecente,

  e as Graças a banharam, e a ungiram com um unguento sobrenatural

  que oloriza os deuses que vivem eternamente,

  divino, dolce, que foi perfumado para ela.

  E depois de haver bem vestido todas as suas belas vestes,

65 adonar-se de ouro, Afrodite que ama o sorriso

  se apressou em direção à Tróia, deixando o jardim perfumado,

  e cumpriu rapidamente a sua viagem, no alto, entre as nuvens.

  Chegou ao Monte Ida rico de fontes, mãe das feras,

  e foi diretamente ao recinto, através da montanha; atrás dela

70 dóceis andavam lobos cinzas, ferozes leões,

  ursos, e velozes panteras ávidas de cabritinhos:

  ao vê-los se alegrava na mente e no coração,

  e infundia em seus peitos o desejo:e esses, todos

  ao mesmo tempo, deitavam-se a dois nos vales escuros.

75 Afrodite no entanto chegava às bem construídas cabanas:

  e encontrou, deitado no recinto, separado dos outros,

  o herói Anquises, que havia recebido a beleza dos deuses.

  Os seus companheiros haviam seguido os bois, pelos pastos relvosos,

  todos, e ele, largado ao recinto, separado de todos,

80 lá e cá se se movia extraindo da lira notas sonoras.

  Parou diante dele Afrodite, filha de Zeus,

  símile na estatura e no aspecto a uma virgem menina,

  de modo que ele avistando-a com os seus olhos não a temesse.

  Anquises a viu, e a observava, e admirava

85 o aspecto, a estatura, e as brilhantes vestes.

  Ela vestia um manto mais reluzente que a chama do fogo;

  e usava pendente e encurvados, em espiral, brincos resplandescentes;

  em torno ao delicado colo usava maravilhosos colares,

  belos, de ouro, ricamente trabalhados: e como a lua

90 brilhavam, maravilhosos de ver, sobre o peito delicado.

  O amor assaltava Anquises: e ele lhe dirigiu estas palavras:

  <>.

  E lhe respondeu então a filha de Zeus, Afrodite:

  <<Ó Anquises, pleno de glória entre os homens nascidos sobre a terra, eu não sou certamente uma deusa: porque me fazes assemelhar aos imortais? 110 Sou, ao invés, mortal, e mulher é a mãe que me gerou. Meu pai é Otreu, do nome ilustre -talvez tenhas ouvido falar da sua fama-, que reina sobre toda a Frígia dos belos muros. Mas eu bem conheço a vostra língua, como a nossa; de fato me criou na minha casa uma ama troiana, que sempre 115 cuidou de mim, desde quando era bebê: lhe fui entregue pela minha mãe; por isso eu bem conheço também a vostra língua. Mas agora o deus do caduceu de ouro, assassino de Argo, me raptou às danças de Ártemis das flechas de ouro, que ama os clamores da caça. Nós- muitas ninfas, e meninas dignas de grandes riquezas- 120 estávamos dançando, e em torno uma multidão infinita nos fazia corte: de lá me raptou o deus do caduceu de ouro, assassino de Argo, e me levou por muitas terras trabalhadas pelos homens mortais, muitas não divididas e não cultivadas, onde as feras vorazes se movem pelos escuros vales; 125 e pensava que não teria posto mais os pés sobre a terra geradora de cereais. Mas ele me dizia que seria chamada legítima mulher de Anquises, perto dele, no seu leito; e te geraria esplêndidos filhos. E depois de haver-me tudo explicado, e indicado o caminho, ele de novo retornou entre as estirpes dos imortais, o forte assassino de Argo; 130 e eis-me, eu vim a ti: me obrigava a necessidade inflexível. Mas eu te suplico por Zeus, e pelos teus nobres pais -uma vez que, certo, humildes não te teriam gerado como és-: conduz-me virgem e inesperta de amor à presença de teu pai e da mãe diligente 135 e dos teus irmãos, nascidos da tua mesma estirpe; para eles eu serei não indigna parente, mas digna. E manda rápido um mensageiro entre os Frígios dos velozes cavalos para informar meu pai, e a mãe ansiosa; esses te mandarão ouro em abundância , e vestes tecidas: 140 e tu aceitas os muitos e magníficos dons como dote. Depois de haver feito estas coisas, celebra as bodas desejadas, honrada pelos homens e pelos deuses imortais>>.

Com estas palavras, a deusa lhe infundiu na alma um doce desejo.

  O amor prendia Anquises; ele lhe dirigiu a palavra e disse:

145 <>.

155 Assim dizendo a pegou pela mão, e Afrodite que ama o sorriso

  o seguia virando a face, e abaixando os belos olhos,

  em direção ao macio leito, o qual estava já pronto para o herói,

  coberto de suaves lãs; e sobre ele

  estavam peles de ursos e de leões do rugido profundo,

160 que ele havia matado sobre as montanhas sublimes.

  E quando subiram sobre o leito bem trabalhado

  Anquises primeiro lhe tirou os esplêndidos ornamentos:

  as fivelas, os broches encurvados, a espiral, os brincos, os colares;

  lhe desatou o cinturão, a despiu das fúlgidas vestes,

165 e a depôs sobre um trono das bordas de prata;

  enfim pela vontade e dizer dos deuses

  deitou-se, ele mortal, com uma deusa imortal, sem saber.

  E quando veio o tempo em que os pastores guiam às estradas,

  os bois e as gordas ovelhas dos pastos floridos,

170 então a deusa lançou sobre Anquises um doce sono

  sereno, e ela vestiu as belas vestes.

  E depois que vestiu com graça todas as vestes, a divina entre as deusas

  se ergueu na cabana: a sua cabeça tocava

  o teto bem construído, e irradiava do viso a beleza

175 imortal que se destina à Afrodite coroada de violetas.

  Despertou o herói do sono, lhe dirigiu a palavra, e disse:

<>.

  Assim falou; e ele, prontamente levantando-se, lhe deu ouvidos.

  Mas quando viu o colo e os belos olhos de Afrodite

  ficou aterrorizado, e virou os olhos;

  depois cobriu com o manto o belo rosto,

  e, suplicando-a, pronunciou estas palavras aladas:

185 <<Ó deusa, súbito, não apenas te vi com os meus olhos, compreendi que tu eras uma imortal: e tu não me disseste a verdade. Mas, te peço por Zeus portador da égide, não deixe que eu habite entre os homens levando vida de inválido, e tenha ao invés piedade de mim: uma vez que não tem uma vida florida 190 aquele que se deita com as deusas imortais>>.

A ele então respondeu a filha de Zeus, Afrodite:

<<Ó Anquises, pleno de glória entre os homens mortais, tenhas coragem, e não perturbes além da medida o ânimo: de fato não deves temer de sofrer um mal, não de mim, 195 e nem mesmo dos outros beatos: uma vez que em verdade tu és caro aos deuses. Tu terás um filho que reinará sobre os Troianos e dos teus filhos nascerão sem fim outros filhos; o seu nome será Enéas, porque uma angustiante dor se bateu sobre mim por haver estado ao leito de um homem mortal. 200 E sempre os nascidos da vostra estirpe serão semelhantes aos deuses pela majestade de aspecto, mais do que qualquer outro entre os homens mortais. Em verdade, o sábio Zeus raptou o dourado Ganimedes por causa da sua beleza, de modo que vivesse entre os imortais e na morada de Zeus versasse bebida aos deuses 205- prodígio de se ver, honrado por todos os imortais- obtendo o vermelho néctar da cratera de ouro. Uma dor inconsolável invadiu o ânimo de Tros, que não sabia onde o turbilhão divino houvesse levado seu filho: desse instante, ele o chorava sempre ininterruptamente. 210 E Zeus teve piedade dele, e lhe deu, em troca do filho, cavalos do rápido passo, daqueles que levam os imortais. Estes lhe deu, de modo que os mantivesse como presente; e isso que aconteceu lhe expôs, a mando de Zeus, o mensageiro assassino de Argo: que o filho era imortal e imune da velhice , assim como os deuses. 215 Depois de ter ouvido a mensagem de Zeus parou de chorar, e se alegrou no seu ânimo: e contente se deixava presentar com os cavalos rápidos como a tempestade. Assim, depois, a Aurora das flores de ouro raptou Titono, da vostra estirpe, semelhante aos imortais; 220 e pediu a Zeus das negras nuvens que ele fosse imortal, e vivesse toda a eternidade: a ele Zeus consentiu com um aceno, e satisfez o seu desejo. Estúpida, não pensou na sua mente, Aurora venerável, de pedir a juventude, e de manter longe a velhice destruidora. 225 De fato, enquanto ele estava na muito amável juventude, gozando o amor de Aurora das flores de ouro, que surge na boa manhã, morava perto das correntes do Oceano, nos confins da terra: mas quando os primeiros cachos brancos caíram da bela cabeça e do nobre queixo, 230 do seu leito se absteve a Aurora venerável; todavia, mantendo-o nos seus aposentos, o nutria de comida terrena e de ambrosia, e lhe dava belas vestes. Mas quando com todo o seu peso onerou sobre ele a odiosa velhice e ele não conseguia mais mover-se nem erguer os membros, 235 esta no seu ânimo lhe pareceu a decisão melhor: o exilou ao interno da casa, e serrou sobre ele as portas resplandecentes. A sua voz murmura sem fim, mas o vigor não é mais aquele que um tempo residia nos ágeis membros. Eu certamente não gostaria que tu, em tal estado, entre os imortais 240 fosse imortal, e vivesse eternamente. Claro que se tu continuasses a viver assim como és agora na figura e no aspecto, e fosse chamado meu esposo, a dor não envolveria, em seguida, o meu forte ânimo. Agora ao contrário te envolverá a velhice cruel, 245 inexorável, que depois não deixa mais os homens, devastadora, extenuante, que até mesmo os deuses têm ódio. Eu depois sofrerei grande reprovação por tua causa, todos os dias, para sempre, entre os deuses imortais, que até agora temiam as minhas palavras, e as tramas nas quais cedo ou tarde 250 todos os imortais impelidos a unir-se com mulheres mortais: todos, de fato, à minha vontade subjugava. Mas agora não mais a minha boca ousará recordar estas coisas entre os imortais, uma vez que cometi uma grave culpa, indigna, inenarrável; perdi a razão 255 e concebi um filho deitando-me com um mortal. Assim que ele ver a luz do sol o criarão as ninfas oréades, do florido peito, que habitam esta alta, divina montanha. Essas não se assemelham nem aos mortais, nem aos imortais: 260 vivem muito, e comem a comida dos deuses, e amam a bela dança com os imortais. Com elas os Silenos, e o assassino de Argo, do agudo olhar, se uniam em amor no profundo das prazerosas grutas. Quando essas nascem abetos ou carvalhos da alta copa 265 florescem com elas sobre a terra nutridora dos homens, belos, floridos sobre as montanhas sublimes. Se erguem inacessíveis, e os chamam plantas sagradas dos imortais; nem nunca os homens as cortam com ferro. Mas quando incumbe sobre elas o destino de morte 270 primeiro as belas árvores se dissecam sobre a terra, a casca em torno seca, caem os ramos; e junto a alma das ninfas deixa a luz do sol. 273 Essas criarão meu filho, mantendo-o com elas: 276 e eu mesma- uma vez que quero dizer-te tudo aquilo que tenho em mente- passados quatro anos virei a ti de novo, portando-te um filho Assim que tu o avistar com os teus belos olhos, na sua flor, te alegrarás ao vê-lo: de fato será semelhante a um deus; 280 e súbito o levarás a Tróia ventosa. E se alguém te perguntar, entre os homens imortais, quem é a mãe que o carregou no ventre, reponde-lhes como eu te imponho de não esquecer: “ De fato, dizem que seja filho de uma ninfa das rosadas faces, 285 daquelas que habitam neste monte revestido de selva”. Se ao invés tu contares, e te vantajares com ânimo louco, de ter-se unido em amor com Afrodite da bela coroa, Zeus, irado, te golpearás com o fulminante raio tudo te foi revelado; e tu, meditando no teu ânimo, 290 preserva-te de nominar-me, e temas a ira dos deuses>>.

  Assim disse, e se lançou em direção ao céu percurso dos ventos.

  Salve, ó deusa senhora da hospitaleira Chipre:

  depois de haver começado por ti , eu passarei a um outro hino.

(traduzido por Daniela Scheifler do italiano de Fillippo Cassola)

 

Hino a Afrodite, de Proclus

Cantemos á linhagem daquela que nasceu 

Da espuma das ondas; 

Cantemos á real e imensa origem 

De onde partiram alados, os imortais Desejos. 

Destes, uns transpassam as almas com seus dardos 

Espirituais, e as incitam, feridas já pelo aguilhão 

Da nostalgia, a ascender até o alto, 

Buscando ardentemente o poder voltar a ver, 

Resplandecentes como a chama do fogo, 

As habitações de sua Mãe. 

Os outros, obedientes aos desejos do Pai 

E as previstas decisões que separam 

O mal do mundo, se esforça, por meio 

Da geração, em multiplicar a vida no universo infinito, 

Excitando nas almas o desejo de nascer sobre a terra. 

Há outras que incessantemente vigiam os diferentes 

Caminhos das intimas relações do matrimônio 

Para assim, conseguir que, gerando homens mortais, 

Possa de este modo construir, imortal a raça 

Dos homens, afligidos por infinitos males. 

Todos, enfim, se cansam em secundar as obras 

Da Citeréia, procriadora do Desejo. 

E quanto a ti, oh Deusa, 

- já que teu ouvido por toda ás partes está atento-, 

Seja que te estenda sobre o amplo horizonte 

Celestial e alí sejas, tal como se dizem, 

A alma divina do eterno universo; Seja que habites no seio do éter, 

Por cima das sete órbitas dos planetas, 

Derramando sobre tudo o que de ti provém. 

Infinitas energias, 

Escutá-me, e conduz, oh Venerável, 

Com a ajuda de teus impulsos mais justos, 

O penosíssimo caminho da minha dolorosa vida 

Apagando da minha alma o frio impulso 

Dos desejos não divinos!

(Tradução de Andre Nogueira)

Trecho de Anacreonte:

Vagando por sobre as ondas como uma alga ulva, movendo seu corpo de pele macia em seu itinerário por sobre o calmo mar branco, ela [Afrodite] puxa as fortes ondas ao longo do caminho. Acima de seu seio rosado e abaixo de seu suave pescoço, uma grande onda divide sua pele. No meio do vinco, como um lírio ferido entre violetas, Chipre brilha no mar de moluscos. Sobre o prateado, em golfinhos dançantes, estão montados o astuto Eros e o risonho Himeros (Desejo), e o coro de peixes de costas curvadas mergulhando nas ondas diverte-se com a de Paphos onde ela nada.

(A Anacreonteia, Fragmento 57, c. V AEC, tradução da Alexandra)

APOLO

 

Hino a Apolo II, de Calímaco

Como se agita o rebento de loureiro de Apolo!

Como treme todo o templo! Fora, fora com os males!

Deve ser Febo que pontapeia a porta com o seu belo pé.

Não vedes? A palmeira de Delos acena levemente,

De repente; o cisne canta de modo belo no ar.

Trancas das portas, retirai-vos.

Chaves – abri as portas! Pois o Deus já não está longe.

(Callimachus, Hymns and Epigramns.Lycophrom. Aratus Loeb classical Library volume 129, postado por Antonio)

Hino Homérico a Apolo Délio:

...e logo aos imortais disse Febo Apolo:

"Seja-me dada minha cítara querida e meu arco recurvo;

anunciarei por oráculo aos homens o desígnio infalível de Zeus."

Assim tendo falado, andou pela terra de largos caminhos

o arqueiro Febo de longos cabelos; então todas

as imortais o admiravam, e Delos inteira de ouro

se cobriu, contemplando o filho de Zeus e Leto,

com alegria porque o deus escolheu tomá-la para morada

e porque às ilhas e ao continente ele a preferiu de coração;

ela floriu, como o cimo de uma montanha na floração de seu bosque.

(tradução de Daisi Malhadas e M.H.Moura Neves)

 

Peã a Apolo de Arístono

Residente eterno da pedra délfica, sede profética do oráculo pítico de sagrada fundação,iê iê Peã, eu te invoco ó Apolo,venerável objeto de orgulho de Leto, filha de Ceos, e pela vontade de Zeus, supremo entre os deuses,ô iê Peã.

Onde dos tripés forjados pelos deuses, brandindo galhos de loureiros recém-colhidos, tu exerces a arte profética, iê iê Peã,daquela parte do templo que,sendo a mais recôndita,inspira calafrio:leis pias que governam o futuro ao som de oráculos e da voz da lira de língua melodiosa,ô iê Peã.

Purificado no vale de Tempe pela vontade de Zeus sublime, depois do que Palas te conduziu a Pito, iê iê Peã, tu deténs a eterna sede perfumada após haver persuadidoGaia nutriz de flores, e Têmis de bela cabeleira ,ô iê Peã.

Daí,retribuindo Tritogênia com recompensas imortais tu lhe conferes um local de privilégio no limiar do teu templo sagrado,iê iê Peã; em gratidão a graças passadas que tu sempre manténs na memória , a ela tu concedes sem cessar honras sublimes,ô iê Peã.

Os deuses te dão presentes , Posêidon um terreno sagrado , as Ninfas uma gruta corícia ,iê iê Peã,Dioniso folias à luz de tochas, e a venerável Ártemis patrulha a região com a sua matilha de cães bem treinados, ô iê Peã.

Sendo assim, tu que adorna o teu corpo na torrente da castália que descem a vertentes do Parnaso ,iê iê Peã, recebe esse nosso hino e nos dá para sempre fortuna fundada no decoro, e também nos protege sem cessar, ô iê Peã.

(Furley-Breme, 2001, vol 2, tradução de José M. Macedo, enviado por Antonio)

 

Peã a Apolo e Asclépio, de Macedônico

Louvai em hino o délio filho de Zeus do arco de prata com corações alegres e vozes de bom augúrio- iê Peã ! Ponde o ramo de súplica nas mãos,luzente rebento da bela oliveira e do loureiro, jovens atenienses-iê Peã ! Jovens, que ressoe o vosso impecável hino para o filho de Leto que atira longe, famoso líder das Musas-iê Peã !- , o salvador que outrora gerou aquele que cura doenças e misérias, Asclépio, deus jovem e alegre- iê ô iê Peã !-

(Inscrição encontrada no final do século XIX no Asclepiéion de Atenas. Edição de Furley-Bremer (2001), vol. 2, 228-9. Tradução de José.M.Macedo. Enviado por Antonio)

 

Hino Mágico a Apolo

Loureiro, planta do dom profético de Apolo, cujas folhas ele saboreou certa feita e revelou canções- tu mesmo e ninguém mais, senhor que empunha o cetro, iêio, nobre Pêan que habita colofonte, dá ouvidos à canção sagrada; vem rápido, baixa do céu sobre a terra e junta-te a mim,põe- te ao meu lado e insufla-me canções da tua boca imortal, tu mesmo e ninguém mais,senhor da canção,vem !,nobre senhor da canção.

Escuta, bem- aventurado, deus de pesada fúria e espírito poderoso, escuta, Titã! Não ignores agora a minha voz, ó deus imperecível!

Põe-te ao meu lado, declara a profecia de tua boca imortal ao teu suplicante, rápido imaculado Apolo!

(Ελληνικοί Μαγικοί Πάπυροι, em - Preisendanz, K., Albert Henrichs (1974-1974 second ed.) Papyri Graecae Magicae. Die Griechischen Zauberpapyri. (2 vols) Stuttgart: Teubner, em alemão. Tradução de José M. Macedo, enviado por Antonio.)

 

Hino Órfico XXXIII - A Apolo, com fumigação de Maná:

Abençoado Peã, venha, propício à minha prece, ilustre poder, a quem as tribos de Memphis reverenciam,

Assassino de Tityus, e Deus da saúde, Febo licoriano, fonte frutífera de prosperidade.

Espermático, da lira dourada, os campos de ti recebem sua fertilidade rica e constante.

Titânico, Gruniano, Sminthiano, a ti eu canto, destruidor de Python, consagrado, rei délfico:

Rural, portador da luz, chefe das Musas, nobre e amável, armado com temíveis flechas:

O que atira longe, Báquico, duplo, e divino, o poder difundido e o curso oblíquo são teus.

Ó, rei Délio, cujo olho produtor de luz vê tudo o que há dentro e tudo abaixo do céu:

Cujas mechas são douradas, cujos oráculos são certeiros, que revela bons presságios e puros preceitos:

Ouça-me suplicante pela espécie humana, ouça, e esteja presente com mente benigna;

Pois tu sobreviveste a todo esse ilimitado éter, e cada parte dessa esfera terrestre,

Abundante, abençoado; e tua visão penetrante se estende sob a noite silenciosa e lúgubre;

Além da escuridão estrelada e profunda, o estábulo se enraiza, fixado fundo por ti.

Os limites largos do mundo, todo-florescentes, são teus, a ti toda a fonte e término divino:

A ti toda a música inspiradora da Natureza, com vários sons da harmoniosa lira;

Agora a última corda tu entoaste em um doce acorde, divinamente trinando o acorde mais agudo;

A lira dourada imortal, agora tocada por ti, responde cedendo à melodia dórica.

Todas as tribos da Natureza a ti devem suas diferenças, e as mudanças de estações fluem de tua música.

Assim, misturados por ti em partes iguais, avançam o verão e o inverno em dança alternada;

Isto clama tanto a mais aguda quanto a mais grave corda, os tons de medida dórica, a amável primavera.

Assim, pela humanidade, o divino Pã, nomeado de dois cornos, emite ventos uivantes através da famosa Siringe;

Uma vez que, a teus cuidados, são consignados os selos figurados que estampam o mundo com formas de todo o tipo.

Ouça-me, abençoado poder, e nestes ritos se rejubile, e salve teus místicos com uma voz suplicante.

 

Hino Homérico XXI - A Apolo

Febo, a ti até os cisnes cantam com voz clara e batem suas asas quando se deparam com a margem do turbilhante rio Peneus; e é a ti que o menestrel de língua doce, segurando sua lira aguda, sempre canta tanto primeiro quanto por último. E então saúdo a ti, ó deus! Busco o teu favor na minha canção.

 

Hino Homérico XXV - Para as Musas e Apolo

Eu começarei com as Musas e Apolo e Zeus; pois é por causa das Musas e de Apolo que existem cantores na terra e tocadores de lira, mas os reis são de Zeus.

Feliz é quem as Musas amam: a doçura faz fluir discursos de seus lábios. Saúdo-vos, filhas de Zeus! Honrem a minha canção! E agora me lembrarei de vós e de outra canção também.

(traduções da Alexandra)

ARES

 

Hino Órfico a Ares, com fumigação de olíbano:

Magnânimo, despreocupado, tempestuoso Ares,

Que se rejubila em afiadas flechas e guerras sangrentas,

Feroz e indomável, cujo poder vigoroso pode estremecer os mais fortes muros e suas fundações.

Rei que destrói mortais com sangue e espadas e lanças e os terríveis gritos de batalha,

És o pavoroso aniquilamento da luta selvagem.

Retenha tuas furiosas disputas e vingativas contendas,

Que fazem a vida humana ser amarga e preenchida de tristeza.

Grite agora para a Linda Afrodite e para Dionísio,

Dê à Deméter as armas do campo de batalha.

Encoraje a paz e os trabalhos gentis, e conceda-nos auxílio e abundância.

Hino Homérico VIII - A Ares

Ares, de força extraordinária, condutor da biga, de elmo dourado, valente de coração, portador do escudo, salvador das cidades, de brônzea armadura, braço forte infatigável, poderoso com a lança. Ó defensor do Olimpo, pai da Vitória bélica, aliado de Têmis, severo governante dos rebeldes, líder dos homens justos, Rei com o cetro da virilidade, que gira sua feroz esfera entre os planetas em seus sétuplos cursos através do éter, no qual seu corcel flamejante sempre te leva acima do firmamento do céu; ouça-me, auxiliar dos homens, doador da destemida juventude! Verta um gentil raio de cima sobre a minha vida, e a força de guerra, que eu possa ser capaz de afugentar a amarga covardia de minha cabeça e de esmagar o doloso engano em minha alma. Retenha também a afiada fúria de meu coração, a qual me provoca a trilhar os caminhos da disputa de pavoroso sangue. Antes, ó abençoado, dê-me coragem para perseverar dentro das inofensivas leis da paz, evitando a contenda e o ódio e o violento espírito maligno da morte.

(traduções da Alexandra)

 

 

ÁRTEMIS

 

Hino Órfico 36 - A Ártemis, com fumigação de maná:

Ouça-me filha de Zeus, rainha celebrada, Bromia* e Titanis, de conduta nobre; a que em dardos se rejubila e em tudo brilha, a Deusa portadora da tocha, a divina Diktynna*. Sobre os nascimentos presides e és uma donzela a cujas dores do parto concedes pronto auxílio; aliviadora da cinta, e de cuidado dobrado, feroz caçadora, gloriosa na guerra silvícola; veloz em seu curso, habilidosa com flechas temíveis, a que perambula pela noite, se rejubilando nos campos; a de forma valorosa, ereta, de mente generosa, ilustre Daimon, enfermeira da humanidade; imortal, terrena, ruína dos monstros caídos, esta tua abençoada donzela, nas montanhas arborizadas habita; adversária do veado, que se delicia em florestas e cães, na juventude infinda tu floresces bela, clara e brilhante. Ó rainha universal, augusta, divina , de formas variadas, o poder Cydoniano é teu. Deusa guardiã da veneração e respeito, com mente benigna, auspiciosa vens, aos ritos místicos inclinada; dê a terra um estoque de bonitos frutos a colher, envie paz gentil e saúde, com um cabelo adorável, e para as montanhas dirija a doença e o cuidado.

*Bromia = a ruidosa, a primeira tempestade // Diktynna = senhora das redes de caça, deusa do monte Dikte, onde Zeus nasceu.

 

Hino Homérico IX - A Ártemis

Musa, eu canto a Ártemis, irmã daquele que atira longe, a virgem que se delicia em flechas, a que foi criada com Apolo. Ela abastece seus cavalos do profundo mel da cana, e rapidamente conduz sua dourada biga através do Smyrna até a vinícola Claros onde Apolo, deus do arco prateado, fica sentado esperando pela deusa que atira longe e que se delicia em flechas. E então saúdo a ti, Ártemis, em meu canto, e a todas as deusas também. A ti primeiro eu canto e contigo eu começo; e, agora que comecei contigo, cantarei outra canção.

Hino Homérico XXVII - A Ártemis

Canto a Artemis Khryselakatos (de setas douradas), Keladeine (de voz forte), Parthenon Aidoine (a virgem venerada), Elaphebolos (que caça cervos), Iokheaira (que se encanta em flechas), irmã de Apolo Khrysaor (da espada dourada). Sobre as colinas sombrias e picos com muito vento ela toma seu arco dourado, rejubilando-se na perseguição, e envia setas atrozes. Os topos das altas montanhas tremulam e a entrançada floresta ecoa temerosamente com o grito das feras: a terra treme e o mar também, onde os peixes formam cardumes. Mas a deusa com um coração corajoso se volta por todo o caminho, destruindo a raça das feras selvagens: e quando ela está satisfeita e tem o coração animado, então a Theroskopos Iokheaira (caçadora que se delicia em flechas) afrouxa seu arco flexível e vai até a grande casa de seu querido irmão Febo Apolo, à rica terra de Delfos, ali para ordenar a adorável dança das Musas e das Cárites (Graças). Lá ela pendura seu arco curvado e suas flechas, e comanda e conduz as danças, graciosamente enfeitada, enquanto todos pronunciam suas vozes celestiais, cantando como a Leto de hábeis tornozelos pariu as crianças supremas entre os imortais, tanto em pensamento quanto em ação. Saudo a ti, filha de Zeus e da Leto de ricos cabelos! E agora me lembrarei de ti e de outra canção também.

(traduções da Alexandra)

 

Hino Órfico 1 a Prothyraia, com incenso de estoraque.

Ouve-me, ó deusa multi-insigne, nume de muitos nomes,

auxiliadora dos trabalhos de parto, doce visão às puérperas;

salvadora das mulheres, só tu  que amas as crianças;  afável,

rápida parteira, presente ao lado das jovens mortais, Pórtica [Prothyraia],

detentora das chaves, acessível, que ama nutrir, gentil a todos,   (5)

tu, que reges os lares de todos e rejubila-te nas festividades,

invisível assistente das mulheres em parto, mas visível em todos os feitos;

Ilítia, libertadora de penas para as que estão em terríveis necessidades!

Só por ti chamam as puérperas, ó conforto das almas,

Pois em ti está o fim e o alívio das dores do parto,               (10)

Ártemis Ilítia † e  † insigne, Pórtica [Prothyraia]!,

Ouve-me, venturosa, dá-me a geração sendo tu auxiliadora,

e salva-me, pois és por natureza a salvadora de todas sem exceção.

(Tradução de Rafael Brunhara)

ASCLÉPIO

Hino Homérico XVI - A Asclépio

Começo a cantar para Asclépio, filho de Apolo e curador das doenças. Nos prados de Dotian da justa Coronis, a filha do Rei Flégias, te deu a luz, uma grande alegria aos homens, um alívio para as cruéis dores e aflições. E então te saúdo, deus: na minha canção eu faço uma prece a ti!

(tradução da Alexandra)

 

Peã Eritreu a Asclépio

Cantai, jovens, o peã famoso por sua perícia, filho de Leto, deus que atira longe -iê Peã!-,

Que gerou grande alegria aos mortais unindo-se em amor com Corônis na terra de Flégias-iê Peã!-, Asclépio, famosíssima divindade-iê Peã!

De quem por sua vez foram gerados Mácaon,Podalírio e Íaso-iê Peã !-, e Aigla de belos olhos e Panacéia, filhas de Epione, com a pura Higiéia de vasta fama-iê Peaã!-, Asclépio famosíssima divindade-iê Peã !-,

Eu te saúdo: Vem com indulgência à nossa cidade com o seu amplo local de dança –iê Peã!-, concede que vejamos felizes a estimada luz do sol com a pura Higiéia de vasta fama –iê Peã !-, Asclépio, famosíssima divindade –iê Peã !

(Furley-Bremer, 2001, vol.2,161s, tradução de José M.Macedo, enviada por Antonio)

 

Peã Matinal a Asclépio

Acorda, Peã Asclépio, senhor dos povos, filho de terno coração do rebento de Leto e da augusta Corônis. Sacode o sono dos teus olhos, escuta a prece dos teus devotos, que em júbilo suplicam, ó Asclépio de terno coração, pela tua força primeira: a saúde. Acorda e, com prazer, dá ouvidos a teu hino, ó Peã!

(Hino matinal a Asclépio, contido na mesma lápide (hoje em Kassel Alemanha) na qual se acha inscrito o peã a Higiéia de Arífron. Trata-se aqui de uma prece matutina - talvez a primeira do dia - na qual se roga ao deus que desperte e dê atenção ao canto dos fiéis. De Dittenberger e Kaibel IG III.1,171 (1878) - Epigrammata Graeca, 1027(1878). Tradução José.M.Macedo. Enviado por Antonio.)

ASTRON (ESTRELAS)

Hino Órfico 6 às Estrelas [Astron], com incenso de ervas aromáticas.

O sacro esplendor das Estrelas celestes eu convoco,

evocando  numes puros com sacratíssima voz.

Estrelas celestes, prole amável da Noite [Nyx] negra,

que em cíclicos turbilhões revolvem em volta dos astros,

Brilhantes, flâmeas, sempre as genetrizes de tudo, (5)

fatídicas, revelam os signos de toda a sina

e regem as sendas divinas dos homens mortais.

Perscrutando sete lúcidos planetas, errantes aéreas,

celestes e terrestres, correndo como fogo, eternas e indestrutíveis,

irradiando sempre o véu tenebral da noite,  (10)

cintilam coruscantes e são benévolas na noite!

Vinde aos eruditos lavores deste sacratíssimo rito,

concluindo vosso nobre percurso em  obras célebres.

(Tradução: Rafael Brunhara)

 

ATENA

 

Hino Homérico XI - A Atena:

À Palas Atena, guardiã da cidade, eu começo a cantar. Temida ela é, e com Ares ela ama os feitos de guerra, os saques às cidades e os gritos de batalha. É ela quem salva as pessoas quando elas saem para a guerra e retornam. Saúdo-te, deusa, e dá-nos uma boa ventura, com felicidade!

 

Hino Homérico XI - A Atena (2ª versão):

Eu te saúdo, Atena, alfa e ômega dos homens,

Da sabedoria Tu te sentas no augusto trono;

Mais que punições, às ações humanas

Tu dás glórias e bençãos - como a graça

Que brilha nas tuas asas douradas.

Longa felicidade anuncia teu destino.

Tu encontraste o bom caminho, entre os infortúnios,

Tua luz varreu as trevas, Deusa da graça.

 

Hino Homérico XXVIII - A Atena:

Eu canto a Palas Atena, a gloriosa Deusa, de olhos brilhantes,

Inventiva, de coração aberto,

Virgem pura, salvadora das cidades,

Corajosa, nascida da água. O sábio Zeus deu-lhe a luz por ele mesmo

De sua temível cabeça, adornada em armamento bélico

De ouro reluzente, e o terror tomou conta de todos os deuses assim que a fitaram.

Mas Atena surgiu rapidamente da cabeça imortal

E se pôs diante de Zeus que segura a égide,

Agitando uma lança afiada: o grande Olimpo começou a vacilar de horror

Ao poder da Deusa de olhos brilhantes,

E a terra girou em volta dos medrosos chorosos,

E o mar se moveu e se agitou com ondas escuras,

Enquanto a espuma se rompia repentinamente:

O brilhante Filho de Hipérion parou seus ligeiros cavalos por um longo instante,

Até a donzela Palas Atena despir-se da pesada armadura sobre seus ombros imortais.

E o sábio Zeus estava contente.

E então saúdo a ti, filha de Zeus que segura a égide!

Agora eu me lembrarei de ti e de outra canção também.

 

Hino Homérico XXVIII - A Atena (2ª versão):

Eu começo minha canção a Pallas Atena, ilustre deusa de olhos cinzentos penetrantes.

Astuciosa, Ela, com um coração inexorável, modesta Virgem, Protetora da cidade! A valente Tritogeneia foi despertada por Zeus, a sábia de sua própria testa aterradora, com as ferramentas de batalha em seu braço, resplandecente e dourada: Todos os imortais ficaram atordoados.

Sem demora ela saltou do crânio sempre-existente para vir diante de Zeus, mestre da égide, com a afiada lança trepidando em sua mão.

O poderoso Olimpo começou a girar insanamente pela potência dela, aquela de olhos-cizentos.

De cada direção da terra soltou-se um grito refrigerante.

Ondas, profundezas e trevas, se elevaram no agitado oceano.

O brilhante filho de Hipérion trouxe seus velozes corcéis para descansar, esperando bastante, até que a Donzela despisse seus incorruptíveis ombros da armadura divina...

Ela, Pallas Athena! A sábia do Zeus escarnecido!

É por isso que eu digo também: Salve a ti, Filha do Zeus empunhador-da-égide!

Mesmo quando canto uma canção diferente, eu sempre me lembro de ti!

Hino a Atena, de Orfeu:

A Palas, com um incenso de ervas aromáticas:

Única nascida do pai, nobre raça de Zeus, abençoada e feroz,

Que se alegra em andar pelas cavernas;

Ó Palas guerreira, cuja ilustre gentileza inefável encontramos, magnânima e célebre;

O ápice rochoso, os bosques e montanhas sombrias se regozijam;

Com as Erínias atormentas os exércitos exultantes e selvagens,

E as almas dos mortais tu inspiras.

Virgem atlética de mente terrível, abençoada e gentil,

Mãe das artes, impetuosa, compreensível,

Ira para os malvados, sabedoria para os bondosos;

Fêmea e macho, as artes da guerra são tuas, ó deusa

Sobre os gigantes de Flegran demonstraste tua ira,

Tuas maldições dirigiste e com destruição os aterrorizaste;

Espirrada da cabeça de Zeus, de esplêndido aspecto,

Expurgadora de males, rainha toda-vitoriosa.

Escuta-me, ó Deusa, quando a ti eu oro,

Com voz suplicante, tanto de noite quanto de dia,

E na minha última hora, dê-me paz e saúde,

Tempos propícios, e a prosperidade necessária;

E que todo o meu presente seja dedicado para a cura;

Ó, implorada, mãe da arte, donzela dos olhos azuis.

Hino Órfico à Palas Atena

Eu canto à Palas Atena, guardiã da cidade, a temível,

Que com Ares cuida das ações bélicas,

Dos saques às cidades e das batalhas de guerra.

Ela salva os soldados que vêm e se vão.

Seja bem-vinda, ó Deusa,

Dê-me sorte e satisfação.

(traduções da Alexandra)

 

Carmina Convivialia, Fragmento 1

Palas Tritogênia, Senhora Atena,

Corrige essa cidade e os cidadãos,

Livra-nos de dores e sedições

E mortes precoces, tu e teu pai.

(tradução Rafael Brunhara)

 

trecho de "Íon" de Eurípides (452-471)

E a ti, minha Pallas, donzela marcial, eu chamo: ó, ouça a canção! Tu, a quem o Titã da cabeça de Zeus, Prometeu, retirou; brilhante Vitória, vem, descendo do teu trono dourado acima, precipita-te, deusa, à cúpula pítia, onde Febos, do seu santuário central, dá o divino oráculo, pela donzela em delírio repetido, no sagrado tripé sentado. Ó, apressa-te, deusa, e contigo tragas a filha de Leto, virgem tu e virgem ela, irmãs do rei de Delfos; Ele, virgens, deixe vossos votos implorar, que agora esse poder oracular puro irá à linha ancestral de Erecteu declarar a bênção de um herdeiro há muito esperado!

(tradução da Alexandra a partir do inglês de Robert Potter)

 

Hino a Atena, de Proclus

 Filha de Zeus portador-da-égide, divina,

 Propícia a tuas preces votivas te inclinas,

 Da fronte do grande pai supremamente brilhante,

 Saltaste para a luz como um fogo ressoante.

 Deusa que porta o escudo, ouça, a quem desfrutar

 De uma mente valorosa e com poder de o forte domar!

 Ó, surgida de um poder sem par, com alegre mente

 Aceita este hino; gentil e benevolente!

 Por tuas mãos, os portões sagrados da sabedoria

 São amplamente abertos; e a ousada companhia

 De gigantes ctônicos, que em ímpia batalha armados

 Luta com teus parentes, por teu poder foram derrotados.

 Uma vez, por teu cuidado, como cantam poetas sagrados,

 O coração de Baco, rei rapidamente assassinado,

 Foi salvo no éter, quando, com um feroz fogo,

 Os Titãs contra sua vida conspiraram logo;

 E com incansável ira e sede por sangue coagulado,

 Suas mãos e membros em pedaços foram destroçados:

 Mas, sempre atenta à vontade de teu pai ver,

 Teu poder o preservou de a doença lhe abater,

 Até dos secretos conselhos de seu pai Zeus,

 E nascer de Semele através do fogo dos céus,

 O Grande Dioniso ao mundo apresentado

 Novamente apareceu com ânimo renovado.

 Uma vez, também, teu machado de guerra, em inigualável hora,

 Sacou de seus pescoços selvagens as cabeças fora

 De furiosas bestas, e assim ficaram as pestes destruídas

 As quais há muito deixavam a onividente Hécate aborrecida.

 Por ti o poder do grande Zeus se ergueu

 Para guarnecer os mortais com um deleite seu:

 E toda a largura da vida e a vária extensão dela dominas

 Cada parte para embelezar com tuas artes divinas:

 Revigorados, portanto, por ti, encontramos

 Um demiurgo impulso na mente que levamos.

 Torres altamente erguidas, e fortes para proteção,

 A ti, temível deidade guardiã, pertencem então,

 Como símbolos próprios da altura exaltada

 Estas séries entre os pátios de luz são clamadas.

 Terras amadas por ti são dispostas a aprender,

 E Atenas, ó Atena, é tua a reaver!

 Grande deusa, ouça! e, na minha mente escurecida

 Verta tua luz pura em ilimitada medida;

 - Tua sagrada luz, Ó toda-protetora rainha,

 Que irradia o eterno de tua face serena:

 Minha alma, enquanto vagueia pela terra, inspira

 Com o abençoado fogo de tua própria e impulsiva pira;

 E a teus relatos, místicos e divinos, dê

 Todos os poderes com sagrada luz resplandecer.

 Dê amor, sabedoria e um poder de amar de fato,

 Com incessante inclinação aos reinos do alto;

 Assim como, inconsciente do controle da base terrena,

 Gentilmente atrai a alma que o vício domina;

 Da região escura da noite, ajude-a a se retirar,

 E, mais uma vez, conquiste o palácio de seu lar:

 E, se em mim vier alguns infortúnios causticantes,

 Remova a aflição, e abençoa esse teu suplicante.

 Deusa que tudo salva, às minhas preces te inclines!

 Nem deixai essas hórridas punições serem minhas

 As quais culpadas almas no Tártaro confinam,

 Com grilhões atados a seus solos infernais,

 E presos pelas enormes portas de ferro nos umbrais.

 Ouça-me, e salva (pois o poder é todo teu aqui)

 Esta alma desejosa de pertencer somente a ti.

(tradução e rimas de Alexandra a partir do inglês de Thomas Taylor)

 

Hino ao Banho de Palas, de Calímaco

Vós, que preparais o banho de Palas, saí todas,

saí! O relinchar sagrado da cavalaria

já ouvi. Também a deusa já está disposta a vir.

Apressai-vos, então, apressai-vos, louras fi lhas de Pelasgo.

Jamais Atena banhou seus braços fortes

sem antes banir a poeira dos flancos de seus cavalos,

nem quando, carregando sua armadura toda manchada

de sangue e poeira, veio dos sem justiça, os nascidos da terra;

mas, primeiro, após desatar o pescoço dos cavalos

da atrelagem, lavou nas águas correntes do Oceano

o suor e as nódoas, e limpou toda a espuma coagulada

das bocas que corróem o freio.

Vinde, Aquéias, mas nem óleos perfumados nem alabastros

(escuto o ruído dos cubos das rodas contra os eixos)

nem óleos perfumados, vós que preparais o banho, nem alabastros

[para Palas

(pois Atena não gosta de misturas com fragrâncias)

não levareis, nem um espelho: seu rosto é sempre belo.

Mesmo quando, no Ida, o Frígio julgou a contenda,

a grande deusa não se olhou no oricalco

nem nas ondas translúcidas do Simoente;

também não o fez Hera, mas Cípris, segurando o bronze brilhante

alterou duas vezes, com freqüência, o mesmo arranjo

[do cabelo.

Já ela, após ter corrido duas vezes sessenta diaulos,

tais quais, à beira do Eurotas, as estrelas Lacedemônias,

untou-se de maneira arguta, aplicando o unguento simples

que brota de sua própria árvore.

Meninas! e o rubor subiu-lhe as faces,

tal qual a pele da rosa matinal ou da semente da romã.

Agora também, trazei somente um óleo viril,

com o qual Cástor e Héracles se ungem;

levareis também um pente todo em ouro, para que arrume

seus longos cabelos, depois de limpar as tranças luzentes.

Sai, Atena! Junto a ti há uma tropa concorde,

as jovens fi lhas dos grandes Arestoridas.

Atena! A tropa também leva o escudo de Diomedes,

como Eumedes ensinou este hábito antigo

dos Argivos, ele, o teu sacerdote favorito;

que, certa vez, sabendo da morte bem urdida

que lhe preparava o povo, fugiu, levando

tua sacra imagem, e no monte Creion se instalou,

sim, no monte Creion, postou-te, deusa, nas pedras

escarpadas, hoje chamadas Palatides.

Sai, Atena, destruidora de cidades, de elmo de ouro,

tu que te apraz com o estrondo de cavalos e escudos.

Hoje, portadoras d’água, não mergulheis; hoje, Argos,

bebei das fontes, mas não do rio;

hoje, escravas, levai os cântaros para a Fisadia

ou para a Amimone, a Danaide.

Pois, misturando em suas águas ouro e flores,

Ínaco virá dos montes de pasto fértil

conduzindo o belo banho para Atena. Mas, Pelasgo,

sê atento para que, mesmo sem querer, não vejas a rainha.

Quem ver Palas, a protetora da cidade, nua,

contemplará Argos pela última vez.

Veneranda Atena, sai tu! enquanto isso, eu, a essas jovens,

farei um relato: a história não é minha, mas de outros.

Meninas! Atena, certa vez, em Tebas, amava

uma ninfa muito mais que as outras companheiras,

a mãe de Tirésias, e dela nunca se separava:

mas, fosse até a antiga Téspias,

[..........................................]ou a Haliarto que guiasse

seus cavalos, atravessando os campos lavrados da Beócia,

ou até Coronéia, onde o seu bosque odoroso

e seus altares se encontram, à beira do rio Curálio,

sempre a deusa a fazia subir em seu carro.

Nem os gracejos das ninfas, nem os coros

vinham a ser agradáveis quando Cariclo não os conduzia.

Mas muitas lágrimas ainda a aguardavam,

embora fosse, para Atena, a companheira concorde.

Pois, certa vez, após desatarem os broches de seus peplos

à beira da fonte do cavalo, que sobre o Hélicon flui belamente,

banhavam-se; o monte detinha o silêncio do meio-dia.

Ambas se banhavam, era a hora do meio-dia,

aquele monte retinha o silêncio profundo.

Sozinho, com seus cães, Tirésias, cuja barba ainda começava

a escurecer, passeava pelo espaço sagrado.

Como tinha uma sede inefável, aproximou-se do fl uxo da fonte,

Desafortunado! sem querer, viu o que não é lícito ver.

Embora colérica, Atena disse-lhe:

“Quem, Everida, tu que jamais serás restituído dos olhos,

qual das divindades te conduziu a este caminho funesto?”

Ela falou e a noite se apoderou do olhar da criança.

Ele permaneceu estático, mudo; o pesar fixou-lhe

os joelhos e a impotência detinha sua voz.

A ninfa gritou: “Que fizestes a meu menino,

veneranda? É deste modo que vós, divindades, sois amigas?

Tu retirastes o olhar do meu fi lho. Ó fi lho insofrível,

vistes o peito e as costas de Atena,

mas não irás rever o sol. Ó infeliz de mim,

ó monte, ó Hélicon para mim inacessível,

exigistes muito em face de pouco: por ter perdido

não muitas gazelas e cabritos, tens a luz dos olhos da criança.”

Após envolver seu filho com ambos os braços,

a mãe propagava a sorte funesta dos gementes rouxinóis,

chorando em tom grave, e a deusa se apiedou da companheira.

Atena, então, disse-lhe estas palavras:

“Divina mulher, retira logo tudo o que falastes

por causa da ira. Não fui eu quem fez de teu fi lho um cego.

Não é agradável, para Atena, arrebatar o olhar de crianças.

Mas assim dizem as leis de Cronos:

quem observar um dos imortais sem que o próprio deus

concorde, paga alto por tê-lo visto.

Divina mulher, o ato, quando se cumpre, não é mais revogável:

pois assim teceram os fi os das Moiras,

desde o começo quando o deste à luz; agora acolhe,

ó Everida, o tributo devido.

Quantas vítimas a filha de Cadmo mais tarde queimará na pira!

quantas Aristeu, suplicando para ver

o único filho, o adolescente Actéon, cego!

Ele será o companheiro de corrida da grande Ártemis,

mas as corridas e as flechas no monte lançadas

em comum neste momento não o salvarão,

quando, também sem querer, vir o agradável banho

da deusa; mas, desta vez, os próprios cães

jantarão seu mestre; e a mãe, percorrendo todos os bosques,

recolherá os ossos do filho.

Ela dirá que tu és a mais feliz e afortunada

ao receber dos montes um filho cego.

Ó companheira! Não te lamentes por isso; a ele,

por teu favor, muitos outros prêmios estão, por mim,

[reservados:

farei dele um adivinho digno de ser cantado pelas gerações futuras,

de certo, muito mais notável do que os outros.

Conhecerá os pássaros, os de bom augúrio, os que voam

em vão e os que fazem presságios não favoráveis.

Muitos oráculos aos Beócios, muitos a Cadmo

irá proferir e, mais tarde, aos grandes Labdácidas.

Dar-lhe-ei um grande bastão, que conduzirá seus pés aonde lhe

[convir;

dar-lhe-ei também um termo da vida que por muito tempo

[se adia.

E será o único que, após morrer, vagará consciente

entre os mortos, honrado pelo grande Hagesilau.”

Depois que assim falou, fez um sinal com a cabeça: o que Palas aprova

é consumado, pois Zeus somente a Atena,

de todas as fi lhas, concedeu possuir todos os atributos paternos.

Vós que preparais o banho! nenhuma mãe deu à luz a deusa,

mas a cabeça de Zeus. A cabeça de Zeus não aprova

falsidades [............................................] filha.

Chega Atena, precisamente agora; recebei a deusa,

ó jovens, a quem a tarefa ocupa,

com louvor, com súplicas e com clamores!

Deleita-te, deusa, e vela por Argos de Ínaco;

deleita-te, enquanto sais e avanças outra vez

sobre teus cavalos, e guarda todos os domínios dos Dânaos!

(Calímaco Hino 5, "Callimachus,hymn and epigrams", Loeb classical Library volume 129, postado por Antonio)

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